HASSELMANN,
Arnoldo
*militar; mov. integralista; rev. 1938.
Arnoldo Hasselmann Fairbairn nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 30 de
julho de 1909, filho de Eduardo Fairbairn e Júlia Hasselmann da Silva.
Tendo
cursado a Escola Naval, tornou-se oficial de Marinha. Na década de 1930
filiou-se à Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento de caráter fascista liderado
por Plínio Salgado.
Em novembro de 1937, logo em seguida à implantação do Estado
Novo, a Câmara dos Quarenta, órgão da AIB, reuniu-se com a expressiva presença
de cerca de trezentos oficiais da Marinha, sob a presidência de Plínio Salgado.
Na ocasião, o líder integralista anunciou que a AIB entrara em entendimentos
com membros do governo, entre os quais o presidente Getúlio Vargas e o ministro
da Guerra Eurico Dutra, visando a preservação da organização durante o Estado
Novo. Tais entendimentos não chegaram porém a bom termo, uma vez que, em
dezembro desse ano, a AIB foi oficialmente dissolvida por Vargas, juntamente
com todas as demais organizações políticas do país.
Hasselmann, então tenente da Marinha, participou da
conspiração para derrubar Vargas, promovida no início de 1938 pelos
integralistas com o apoio de oposicionistas liberais. Dentro das missões
atribuídas à Marinha, coube-lhe comandar a tomada do prédio do Ministério da
Marinha, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. No dia 10 de maio,
dirigiu-se ao quartel-general integralista, localizado na avenida Niemeyer, a
fim de receber as últimas ordens para o levante marcado para o dia seguinte. As
armas de que seus homens se serviam, em grande parte usadas, foram adquiridas
em Niterói com recursos pessoais de Carlos Bozano, então diretor da Casa da
Moeda, e de José Antônio Flores da Cunha, ex-governador gaúcho.
Hasselmann
supunha já haver sido instalada uma junta governativa, conforme anunciara
precipitadamente numa estação radiofônica dos rebeldes. Essa junta estaria
constituída pelo general João Cândido Castro Júnior, Belmiro Valverde e o
almirante Raul Tavares. Na ausência do comandante Fernando Cochrane, chefe do
levante na Marinha, Hasselmann reuniu 30 homens e deu início à missão, dominando
uma a uma as sentinelas da guarda, já reforçada. Em seguida penetrou sozinho no
pátio interno do ministério, onde se localizava o alojamento da guarda,
ordenando ao sargento-comandante que a reunisse. Um dos integrantes da guarda
disparou então em sua direção, atingindo-o na espinha, o que levou o sargento
Valdemar Cavalcanti a assumir o comando da operação. No entanto, a rebelião foi
rapidamente dominada e, ao amanhecer, Hasselmann, gravemente ferido, foi levado
preso a um hospital. O principal episódio do levante foi o assalto ao palácio
Guanabara, residência do presidente da República, onde, apesar da precária
resistência legalista, os revolucionários foram contidos em poucas horas.
Julgado em junho de 1938 pelo Tribunal de Segurança Nacional,
juntamente com outros oficiais, em outubro do mesmo ano Hasselmann foi
condenado a dez anos de prisão. Após cumprir a pena no presídio de Fernando de
Noronha, reiniciou sua carreira militar.
Já no posto de almirante, participou do movimento
político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart. O
movimento eclodiu com o deslocamento das tropas comandadas pelo general Olímpio
Mourão Filho, sediadas em Juiz de Fora (MG), em direção ao Rio de Janeiro. O
governador carioca Carlos Lacerda, um dos principais articuladores civis do
movimento, entrincheirou-se no palácio Guanabara, sede do Executivo estadual,
procurando organizar a defesa contra um anunciado ataque dirigido pelo
almirante Cândido Aragão, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, fiel a
Goulart. A defesa do palácio foi garantida por um batalhão da Polícia Militar e
por grupos de voluntários civis. No entanto, o ataque ao palácio não foi
efetivado uma vez que Aragão foi imobilizado na ilha das Cobras por um núcleo
de resistência da Marinha, chefiado por Hasselmann.
Foi reformado em 1970, como diretor-geral da Intendência da
Marinha.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 11 de fevereiro de 1992.
Era
casado com Regina Maria de Morais Rego Fairbairn — prima-irmã do general
Gustavo Morais Rego, chefe do Gabinete Militar da Presidência da República
entre 1978 e 1979 —, com quem teve três filhos.
FONTES: BASBAUM, L.
História (3); CARNEIRO, G. História; CARONE, E. Estado;
INF. Regina Fairbairn; Jornal do Brasil (1/11/76, 13/2/92); SILVA, H. 1938;
SILVA, H. 1964.