ASFORA,
Raimundo
*dep. fed. PB 1983-1987.
Raimundo Asfora nasceu
em Fortaleza no dia 26 de novembro de 1930, filho de Elias Hissa Asfora e de
Orminda Iasbeck Asfora.
Advogado, procurador da Fazenda e professor, bacharelou-se em
ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Recife da
Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe).
Transferindo-se
para a Paraíba, ingressou na vida política elegendo-se vereador em Campina Grande no pleito de outubro de 1954. Assumiu sua cadeira na Câmara Municipal em
janeiro do ano seguinte e exerceu o mandato por toda a legislatura. No pleito
de outubro de 1958, elegeu-se deputado estadual na legenda do Partido
Socialista Brasileiro (PSB). Concluindo seu mandato de vereador, assumiu sua
cadeira na Assembléia Legislativa estadual em janeiro de 1959. Em fevereiro de
1961, Asfora foi nomeado secretário-geral do Ministério das Minas e Energia na
gestão de João Agripino, durante o governo Jânio Quadros (1961). Sua cadeira na
Assembléia Legislativa paraibana foi ocupada pelo suplente Agassiz Almeida.
Permaneceu nessa função até o desfecho final da crise provocada pela renúncia
de Jânio em agosto desse ano. Transferindo-se para o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB), no pleito de outubro de 1962 concorreu à reeleição,
conseguindo apenas uma suplência. Permaneceu no Legislativo paraibano até
janeiro do ano seguinte, quando findou a legislatura.
Afastado
da política por algum tempo, ocupou diferentes cargos na administração pública
da Paraíba, tendo sido procurador da Fazenda do estado, secretário da Prefeitura
Municipal de Campina Grande, além de advogado da Companhia Vale do Rio Doce e
assessor parlamentar do Ministério das Minas e Energia.
Com
a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a
conseqüente instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora
Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instaurado no país pelo
movimento político-militar de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart
(1961-1964). Voltou a concorrer a cargo eletivo no pleito de novembro de 1974,
quando, nessa legenda, conseguiu apenas uma suplência de deputado federal. Dois
anos depois, no pleito de novembro de 1976, foi eleito vice-prefeito de Campina
Grande, na chapa encabeçada por Enivaldo Ribeiro. Empossado em janeiro de 1977,
exerceria esse cargo até janeiro de 1983.
Com
a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reformulação
partidária, filiou-se, no ano seguinte, ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB). No pleito de novembro de 1982, elegeu-se nesta legenda
deputado federal pela Paraíba. Assumiu seu mandato na Câmara dos Deputados em
fevereiro do ano seguinte, tornou-se membro titular da Comissão de Constituição
e Justiça e suplente da Comissão de Educação e Cultura.
No início de 1983, o deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT)
apresentou na Câmara projeto de emenda constitucional que restabelecia eleições
diretas para a presidência da República já no ano seguinte. Encampado pelas
oposições, esse projeto proporcionou o desencadeamento de uma campanha nacional
que ficou conhecida como Diretas Já. Na sessão da Câmara dos Deputados de 25 de
abril de 1984, apesar do voto favorável do deputado Raimundo Asfora, a emenda,
por falta de 22 votos, não atingiu o quórum que permitiria o envio para apreciação
do Senado.
Com esse resultado, o próximo presidente da República seria
mesmo eleito por via indireta. Para concorrer com os candidatos da situação
Paulo Maluf e Flávio Marcílio, os partidos de oposição, com exceção do Partido
dos Trabalhadores (PT), liderados pelo PMDB, juntamente com a Frente Liberal,
dissidência do Partido Democrático Social (PDS), reunidos na Aliança
Democrática, lançaram Tancredo Neves, então governador de Minas Gerais, e José
Sarney, senador pelo Maranhão, candidatos, respectivamente, à presidência e à
vice-presidência da República. No pleito indireto, via Colégio Eleitoral, de 15
de janeiro de 1985, Raimundo Asfora votou em Tancredo Neves, que derrotou Paulo Maluf. Porém, a doença do presidente eleito na véspera de
sua posse permitiu ao vice José Sarney assumir o governo, em caráter interino,
no dia 15 de março desse ano e ser efetivado no mês seguinte, após a morte do
titular.
No pleito de novembro do ano seguinte, Asfora foi eleito
vice-governador da Paraíba na chapa do PMDB encabeçada pelo deputado Tarcísio
Buriti. Permaneceu na Câmara dos Deputados até janeiro de 1987, quando se
encerrou seu mandato ao final da legislatura. Deveria assumir o cargo de
vice-governador em 15 de março desse ano, mas, no dia 6 desse mesmo mês, foi
encontrado morto com um tiro na cabeça em sua residência na Granja Uirapuru, em Campina Grande. Em fevereiro de 1988, legistas da Universidade de Campinas asseguraram, em
laudo, que Raimundo Asfora fora assassinado.
Foi
casado com Zélia Gaudêncio Asfora, com quem teve três filhos, um dos quais,
Gilbran Asfora, foi deputado estadual na Paraíba de 1991 a 1999. Três membros da família de sua esposa também se destacaram na política: José Gaudêncio
Correia de Queirós foi senador pela Paraíba em 1930, constituinte em 1946,
deputado federal de 1946 a 1949 e de 1951 a 1953; Álvaro Gaudêncio Filho foi deputado federal de 1971 a 1987 e Álvaro Gaudêncio Neto também foi deputado
federal de 1995 a 1999. De seu segundo casamento com Gilvanete Vidal de
Negreiros Asfora teve quatro filhos.
A seu respeito foi publicado em 2000 Raimundo Asfora,
volume 11 da Série Histórica Paraíba — Nomes do Século —, iniciativa da Editora
União, do governo da Paraíba.
Alan
Carneiro
FONTES: CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1983-1987); Estado de S. Paulo (7 e
9/3/87); Folha de S. Paulo (7/3/87, 2/2/88); Globo (26/4/84,
16/1/85, 7/3/87); INF. FAM. GILBRAN ASFORA; Jornal do Brasil (7/3/87);
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (4, 6 e 11).