OSÓRIO,
Ataliba
*militar; interv. BA 1930.
Ataliba Jacinto Osório nasceu
no Rio Grande do Sul no dia 21 de outubro de 1873, filho de João Jacinto
Osório.
Ingressou
na carreira militar em maio de 1890, sentando praça como voluntário no 2º
Esquadrão do 12º Regimento de Cavalaria (12º RC). Promovido a cabo no mês
seguinte, em julho alcançou o posto de furriel e, em novembro, o de
segundo-sargento. Em janeiro de 1891 seguiu para Porto Alegre, onde pretendia
matricular-se na Escola Militar. Apresentou-se ao Comando de Armas em
fevereiro, tornando-se adido ao 30º Batalhão de Infantaria (30º BI), mas nesse
mesmo mês foi mandado de volta ao 12º RC. Promovido a primeiro-sargento em
novembro de 1891, em janeiro do ano seguinte voltou a Porto Alegre para
ingressar na Escola Militar, apresentando-se ao comando do 6º Distrito Militar.
No mês seguinte deixou novamente a capital gaúcha e reuniu-se ao Corpo de
Transportes, participando de manobras militares junto ao rio Santa Maria.
Apresentando-se mais uma vez ao 12º RC, ainda em abril de 1892 foi rebaixado de
posto a seu pedido. Em outubro seguiu com seu regimento para Santana do
Livramento (RS), onde ficou aquartelado, e em novembro foi novamente promovido
a segundo-sargento.
Obtendo
nova licença para matricular-se na Escola Militar, voltou a Porto Alegre em
janeiro de 1893 e, apresentando-se ao quartel-general dessa capital, foi
designado para o 13º BI. Com a eclosão da Revolução Federalista em fevereiro
desse ano, seguiu com sua unidade para São Gabriel (RS), sob o comando do
general João Batista da Silva Teles, para combater os federalistas que se
opunham ao governo estadual de Júlio de Castilhos e ao governo federal de
Floriano Peixoto. Ainda em março de 1893 retornou à capital do estado,
matriculando-se finalmente no primeiro ano do curso preparatório para oficiais.
Em outubro, porém, com o prolongamento do conflito — que se transformou em uma
guerra civil envolvendo os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná — e a suspensão dos trabalhos escolares pelo então ministro da Guerra,
marechal Antônio Enéias Gustavo Galvão (1893-1894), teve de apresentar-se ao
13º BI. Passando a servir na 4ª Bateria do 3º Batalhão de Artilharia na cidade
de Rio Grande (RS), em agosto de 1894 foi transferido para o 1º Regimento de
Artilharia de Campanha, no Arsenal de Guerra, em Porto Alegre. Em novembro deste último ano foi comissionado no posto de alferes e no mês
seguinte transferiu-se para o 26º BI em Caxias (RS). Nas proximidades dessa
cidade participou do combate às forças federalistas dos irmãos Batista e
Demétrio Ramos entre janeiro e abril de 1895, e, nesse mesmo mês, retornou à
Escola Militar de Porto Alegre, matriculando-se no segundo ano do curso
preparatório. A Revolução Federalista estendeu-se ainda até agosto de 1895,
resultando na derrota dos federalistas.
Em
janeiro de 1897 foi excluído da 2ª Companhia de Alunos e desligado da Escola
Militar, passando a servir no 25º BI em Porto Alegre. Ainda em março de 1897 embarcou com sua unidade no vapor Itaipava com
destino ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal, de onde seguiu para a Bahia
a bordo do cruzador Andrada, a fim de integrar nova expedição militar de
combate à Guerra de Canudos, iniciada no sertão baiano em novembro do ano
anterior. Para combater essa rebelião popular de cunho messiânico, liderada por
Antônio Conselheiro, o governo federal enviou diversas expedições militares que
foram sucessivamente derrotadas. Em junho de 1897, Ataliba Osório participou
dos combates vitoriosos nas cidades baianas de Angicos e Pitombas, mas no mês
seguinte foi ferido em Canudos. Internado no hospital instalado no Arsenal de
Guerra, em Salvador, recebeu alta em setembro, retornando a seu estado em
licença para tratamento de saúde. Voltou ao serviço em fevereiro de 1898, já
após a derrota de Canudos, e em maio matriculou-se mais uma vez na Escola
Militar de Porto Alegre. Com a transferência da sede dessa escola para Rio
Pardo (RS), seguiu para essa cidade em setembro de 1898, concluindo o curso em
janeiro de 1900. Em março desse ano transferiu-se para o Rio de Janeiro a fim
de prosseguir seus estudos na Escola Militar da Praia Vermelha, na qual
ingressou em abril.
Promovido
a alferes na arma de infantaria em fevereiro de 1903, no mês seguinte foi
classificado no 11º BI, também sediado no Rio de Janeiro. Em março de 1904
concluiu o curso geral na Escola Militar e em maio foi designado para servir em
Florianópolis, no 3º Batalhão de Artilharia de Posição (3º BAP). Promovido a
segundo-tenente em janeiro de 1906, em abril seguinte tornou-se inspetor geral
e de tiro ao alvo do 3º BAP. Deixou essas funções ainda no mesmo mês por ter
sido nomeado professor da escola regimental, cargo que desempenhou até
fevereiro de 1907 e novamente a partir de agosto desse ano. Entre novembro de
1907 e maio de 1908 exerceu por diversas vezes os comandos das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª
companhias do 3º BAP. Em junho de 1908 foi designado para servir no 13º BI, mas
no mês seguinte foi transferido para o 11º BI, onde comandou diversas
companhias. Ainda em outubro de 1908 foi promovido a primeiro-tenente e, em
março do ano seguinte, com a extinção do 11º BI, passou a servir no 8º
Regimento de Infantaria (8º RI). Adido ao 10º RC de agosto a dezembro de 1909,
nesse mês passou a servir no 11º RI, onde ocupou os comandos das 1ª e 2ª
companhias do 32º Batalhão. Em fevereiro de 1910 foi transferido para o 7º RI
e, em setembro desse ano, foi nomeado secretário da Junta de Alistamento de
Santa Maria (RS).
Foi
promovido a capitão em julho de 1911 e designado então para o comando da 3ª
Companhia do 25º Batalhão do 9º RI, na cidade de Rio Pardo. Em março de 1914
embarcou com seu regimento para reforçar a coluna expedicionária que operava em Santa Catarina na Guerra do Contestado, rebelião popular de cunho messiânico ocorrida na
região fronteiriça de Santa Catarina com o Paraná, cuja posse era reivindicada
por ambos os estados. Em março do ano seguinte, durante a reorganização do
Exército, serviu no estado-maior do regimento e, ainda nesse mês, passou para o
1º Batalhão, onde comandou a 1ª Companhia. Assistente da brigada gaúcha entre
maio e outubro de 1915, em fevereiro do ano seguinte retornou ao comando da 1ª
Companhia e em agosto tornou-se instrutor da arma de infantaria na Escola
Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Em julho de 1917 passou a servir na 1ª
Companhia do 40º Batalhão do 14º RI e, em dezembro, foi transferido para a 2ª
Companhia do 23º Batalhão do 8º RI. Com a organização do corpo de alunos da
Escola Militar, em maio de 1918 foi designado para o comando da Companhia de
Infantaria, que deixou no mês seguinte. Ainda em junho foi promovido a major,
tendo sido classificado em seguida no 22º Batalhão do 8º RI, que passou a
comandar em outubro. Em dezembro de 1918 foi novamente transferido, dessa vez
para o 20º Batalhão do 7º RI, que comandou até janeiro do ano seguinte. Em
fevereiro foi designado para o 15º Batalhão do 5º RI e passou a exercer em
comissão o cargo de tenente-coronel-chefe da contadoria da Brigada Policial do
Distrito Federal. Tornando-se comandante da Brigada Policial em agosto de 1919,
ainda nesse mês foi exonerado dessas funções a seu pedido.
Em
fevereiro de 1920 passou a comandar o 1º Batalhão do 2º RI, tendo sido também
fiscal e comandante do regimento. Transferido para o 3º Batalhão do 9º RI em
julho de 1922, foi comandante do regimento de setembro desse ano a janeiro de
1923. Em março foi promovido a tenente-coronel e em julho deixou o 9º RI para
assumir o comando do 6º BC, em Itapemirim (GO). Em julho de 1925 seguiu para a
cidade de Goiás, então capital do estado, onde assumiu o comando da praça
durante a passagem da Coluna Prestes. A coluna, liderada por Luís Carlos
Prestes e Miguel Costa e formada em abril de 1925 da junção dos grupamentos que
se haviam sublevado no ano anterior em São Paulo e no Rio Grande do Sul, percorreu o interior do país através de 13 estados, combatendo as tropas legalistas
até internar-se em 1927 na Bolívia. Ainda em julho de 1925, Ataliba Osório foi
promovido a coronel e, em agosto, com a extinção do destacamento das forças que
operavam em Goiás, reassumiu o comando do 6º BC, onde permaneceu até setembro.
Em seguida foi mais uma vez designado para o 9º RI, cujo comando ocupou de
março de 1926 a novembro de 1927, quando foi transferido para o quadro
suplementar.
Comandou
a 6ª Região Militar (6ª RM), sediada em Salvador, de fevereiro de 1928 a janeiro de 1929, quando seguiu para o Distrito Federal a fim de matricular-se na Escola de
Estado-Maior. Retornou à 6ª RM em fevereiro de 1929 e, com a eclosão da
Revolução de 1930, seguiu para o interior da Bahia, onde comandou o destacamento
de forças do Exército e da polícia no combate aos revoltosos. No dia 24 de
outubro, com a vitória do movimento em âmbito nacional pela deposição do
presidente Washington Luís, foi autorizado a parlamentar com as forças
revolucionárias e, no dia seguinte, retornou a Salvador assumindo o governo do
estado em substituição a Custódio dos Reis Príncipe Júnior. Em seguida foi
investido no posto de general-de-brigada pelo comandante das Forças
Revolucionárias do Norte, Juarez Távora, e no dia 29 deixou o comando da 6ª RM.
Governou o estado até o dia 1º de novembro, quando foi substituído pelo
interventor Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral. Ainda nesse mês reassumiu o
comando da 6ª RM e renunciou ao posto de general comissionado. Transferido
para Recife, comandou a 7ª RM, sediada nessa cidade, de janeiro a junho de
1931, quando foi exonerado do cargo. Em dezembro de 1932 passou para a reserva.
Era casado com Ercília da Fonseca.
FONTES: ARQ. MIN.
EXÉRC.; Encic. Mirador; MELO, A. Cartilha; POPPINO, R. Federal.