BOTELHO,
Anísio
*militar; comte. IV ZA 1963; min. Aer. 1963-1964.
Anísio Botelho nasceu
em Cuiabá no dia 31 de dezembro de 1908, filho de Aniceto Pinto Botelho e de
Leodomila Lima de Almeida Botelho.
Sentou praça em abril de 1926 ao ingressar na Escola Militar
do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, tendo pertencido à
quarta turma de cadetes que, em novembro de 1930, foram declarados
aspirantes-a-oficiais da arma de aviação.
Promovido a segundo-tenente em junho do ano seguinte, chegou
a primeiro-tenente em junho de 1933 e a capitão em junho de 1934. Com a criação
do Ministério da Aeronáutica em janeiro de 1941, passou a integrar a Força
Aérea Brasileira (FAB) no posto de capitão aviador, sendo promovido a
major-aviador em dezembro do mesmo ano. De março do ano seguinte a outubro de
1944 comandou a Base Aérea de São Paulo (Campo de Marte), alcançando nesse
ínterim o posto de tenente-coronel aviador em fevereiro de 1944. De outubro
desse ano a abril de 1945 exerceu o comando do 2º Regimento de Aviação, no
Campo de Marte, assumindo em fevereiro do ano seguinte o comando do 1º Grupo de
Patrulha, sediado em Belém, que ocupou até março de 1947.
Promovido
a coronel-aviador em setembro de 1950, foi nomeado comandante da Escola de
Especialistas de Guaratinguetá (SP), sendo o primeiro a ocupar este posto. Em
1953, chefiou a Comissão de Compras, em Washington (EUA). Foi chefe de gabinete
do ministro da Aeronáutica, major-brigadeiro Vasco Alves Seco, de 1955 a 1956. Tornou-se brigadeiro-do-ar em julho do ano seguinte, sendo designado comandante do
Comando de Transporte Aéreo (Comta), cargo que deixou em janeiro de 1961.
Promovido a major-brigadeiro no ano seguinte, em 1963 assumiu o comando da IV
Zona Aérea (IV ZA), com sede em São Paulo, pela qual respondeu até junho do
mesmo ano.
Ao
constituir o segundo ministério da fase presidencialista de seu governo, o
presidente João Goulart (1961-1964) nomeou Anísio Botelho, em junho de 1963,
ministro da Aeronáutica em substituição ao brigadeiro Reinaldo Joaquim Ribeiro
de Carvalho Filho. Botelho teve problemas na organização do gabinete diante da
situação de confronto existente na força aérea. Em setembro de 1963,
desencadeou-se, em Brasília, o movimento chamado de Revolta dos Sargentos, com
participação de elementos da Marinha e da Aeronáutica, e logo dominado.
Em
outubro do mesmo ano, a imprensa divulgou trechos de uma entrevista do
governador da Guanabara, Carlos Lacerda, a um jornal norte-americano na qual
afirmava que o governo de Goulart poderia cair antes do fim do ano, estando os
militares preocupados diante das alternativas de que seria “melhor tutelá-lo,
colocá-lo sob controle até o término de seu mandato ou destituí-lo agora
mesmo”. Os ministros militares — brigadeiro Anísio Botelho, da Aeronáutica,
general Jair Dantas Ribeiro, da Guerra, e almirante Sílvio Mota, da Marinha —
consideraram a entrevista injuriosa às forças armadas e, em nota conjunta,
taxaram a atitude de Lacerda de ato impatriótico, passando a exigir a
decretação do estado de sítio e a punição do governador. Diante disso, Goulart
encaminhou mensagem ao Congresso solicitando que a medida fosse adotada em todo
o território nacional. A reduzida receptividade a essa providência, porém,
levou-o a retirar o pedido.
No dia 31 de março de 1964, um movimento político-militar
depôs Goulart, empossando na chefia da nação uma junta militar autodenominada
Comando Supremo da Revolução, constituída pelo general Artur da Costa e Silva,
o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e o almirante Augusto
Rademaker, sendo o exercício formal da presidência confiado a Pascoal Ranieri
Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados. Anísio Botelho permaneceu à
frente do Ministério da Aeronáutica até o dia 4 de abril do mesmo ano, quando
foi substituído pelo brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo.
No dia 13 do mesmo mês passou para a reserva e, no dia
seguinte, teve seus direitos políticos suspensos pelo prazo de dez anos por
decisão do Comando Supremo da Revolução, com base no Ato Institucional nº 1
(AI-1), que, editado no dia 9 de abril de 1964 pela junta militar que
substituiu Goulart, constituiu o primeiro elemento formalizador das
transformações políticas introduzidas pelo movimento de 31 de março. O AI-1
permitiu punições extralegais de adversários do novo regime — cassações,
demissões, expulsões —, determinando ainda a eleição indireta do presidente da
República e transferindo para o Executivo importantes atribuições do
Legislativo.
Durante sua carreira militar fez, ainda, os cursos de
aperfeiçoamento de oficiais da Aeronáutica, de estado-maior e superior de
comando dessa força.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 7 de março de 1986.
Era casado com Sotair Fernandes Botelho, com quem teve dois
filhos.
FONTES: Diário
Oficial (14/4/64); Encic. Mirador; Grande encic. Delta; MIN.
AER. Almanaque (1963); SOUSA, J. Ministros; VÍTOR, M. Cinco;
WANDERLEY, N. História.