FERREIRA,
Nei
*
dep. fed. BA 1967-1987.
Francisco
Nei Ferreira nasceu em Salvador em 23 de julho de 1929,
filho de Rui Ferreira e de Maria do Patrocínio Andrade.
Bacharel
em 1957, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, no ano
seguinte foi nomeado presidente do Esporte Clube Vitória. Em 1961 foi nomeado
para o Conselho Nacional de Desportos (CND), no Rio de Janeiro, cargo que
ocupou até 1963.
Em outubro
de 1962, foi eleito deputado estadual na legenda do Partido Democrata Cristão
(PDC), tomando posse em fevereiro do ano seguinte.
Entre 1963
e 1964, lecionou direito administrativo na Academia da Polícia Militar do
estado e na Fundação Visconde de Cairu.
Em
1964, sobreviveu a uma tentativa de homicídio que, em sua biografia, atribuiu ao
então presidente do conglomerado dos Diários e Emissoras Associados da Bahia, o
deputado federal Odorico Tavares, contra o qual teria se pronunciado na
Assembléia Legislativa em termos pejorativos, por conta da rivalidade entre os
clubes Vitória e Bahia. Justificou a falta de apuração do crime pelas relações
estreitas de Odorico com o governador Lomanto Júnior. Nesse mesmo período foi
acusado, com o vice-presidente do Vitória, deputado Henrique Cardoso, de ter
mandado surrar o jornalista Cléo Meireles, do Diários Associados, em
conseqüência de suas denúncias a respeito da contratação ilegal de um dos
jogadores do clube. Embora todas as provas circunstanciais o incriminassem, sua
imunidade parlamentar garantiu o arquivamento do caso, sem, contudo, impedir que
ficasse conhecido, por meio de intensa campanha de imprensa e radiodifusão,
como "Al Capone da Bahia", apelido que marcou sua imagem pública nos
anos subseqüentes.
Nomeado
procurador da Caixa Econômica da Bahia em 1965, em novembro do ano seguinte foi
eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de
oposição ao regime militar instalado em abril de 1964. Após encerrar o mandato
de deputado estadual em janeiro de 1967, no mês seguinte assumiu sua cadeira na
Câmara. Em 1968, tornou-se vice-presidente da Comissão de Orçamento, cargo que
ocuparia até 1980. No mesmo ano, integrou as delegações às conferências da
União Interparlamentar em Dacar, no Senegal. Em 1969, a partir das cassações
que eliminaram os principais líderes emedebistas nos legislativos, assumiu a
liderança da ala adesista do partido, que manteve permanente conflito com a ala
autêntica.
Em
novembro de 1970 reelegeu-se deputado federal, iniciando seu segundo mandato em
fevereiro de 1971. Nesse mesmo ano, tornou-se vice-presidente da Comissão de
Segurança Nacional, cargo que ocuparia até 1973. Em março de 1974, assumiu a
vice-liderança do partido na Câmara, função que exerceria por três anos. Em
novembro de 1974, mais uma vez elegeu-se deputado federal. Em janeiro do ano
seguinte, participou de seminário realizado em Vitória da Conquista (BA) com o
objetivo de reunificar e fortalecer o MDB, tentando fazer uma autocrítica da
última campanha eleitoral. Em fevereiro de 1975, reassumiu uma cadeira na
Câmara, na qual, no mesmo ano, foi presidente da Comissão Especial da Bacia do
São Francisco.
Em
novembro de 1978, reelegeu-se deputado federal, assumindo em fevereiro do ano
seguinte. Entre 1978 e 1983, além de integrar como suplente a comissão de
Constituição e Justiça, voltou a atuar na Comissão de Segurança Nacional, a
qual presidiria em 1985. Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de
1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se à nova agremiação
governista, o Partido Democrático Social (PDS). Em 1981 foi vice-líder do
partido.
Em
novembro de 1982 foi reeleito, iniciando em fevereiro de 1983 novo mandato.
Nesse ano, aposentou-se pela Universidade Federal da Bahia (UFBa).
Posteriormente, por indicação de seu sogro, Antônio Balbino - governador da Bahia
entre 1955 e 1959 e líder do Partido Social Democrático (PSD) no estado -, e
por influência do reitor Edgar Santos, foi nomeado professor de ciências
políticas da Faculdade de Filosofia dessa instituição.
Contrário
ao restabelecimento das eleições diretas para presidente da República, opôs-se
à emenda Dante de Oliveira, que, apresentada na Câmara em 25 de abril de 1984,
não conseguiu atingir a votação necessária para ser enviada à apreciação do
Senado. Com a não aprovação da proposta, a sucessão do presidente João
Figueiredo ficou para ser decidida pelo Colégio Eleitoral, solução que vinha
sendo adotada desde a instauração do regime militar. Em agosto de 1984, a
convenção nacional do PDS aprovou a candidatura do ex-governador de São Paulo e
deputado federal Paulo Maluf, que derrotou a pré-candidatura do ministro do
Interior, Mário Andreazza. No mesmo período, a oposição reunida na Aliança
Democrática - coligação do PMDB com a dissidência do PDS batizada de Frente
Liberal - lançou o nome do ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves, tendo
como vice o senador José Sarney.
Nei Ferreira votou em Maluf no Colégio
Eleitoral, que elegeu Tancredo. Gravemente enfermo, Tancredo não chegou a
assumir a presidência, sendo internado no Hospital de Base de Brasília na
véspera da posse, marcada para 15 de março. Com isso, Sarney tornou-se o novo
presidente, sendo efetivado após a morte de Tancredo, em 21 de abril.
Fiel à
liderança de Antônio Carlos Magalhães, Nei Ferreira ingressou no Partido da
Frente Liberal (PFL), por cuja legenda candidatou-se mais uma vez a deputado
federal, em novembro de 1986. Como obteve apenas uma suplência, deixou a Câmara
em janeiro de 1987, no fim da legislatura.
Ainda em
1987, pleiteou o cargo de desembargador em Barreiras (BA), mas não conseguiu
ser nomeado. Rompeu com Antônio Carlos Magalhães, alegando ter sido prejudicado
por ele na obtenção do cargo.
Depois
que deixou a carreira política, dedicou-se à advocacia em Salvador.
Foi
assistente jurídico do Centro de Estudos Afro-Orientais da Bahia.
Casou-se
com Lisete Balbino de Carvalho Ferreira, com quem teve quatro filhos.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1967-1971, 1971-1975,
1975-1979 e 1979-1983); CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores; INF. BIOG.;
Perfil (1972 e 1980); Veja (1978); FERREIRA, Nei - Pedaços de uma
vida (1998).