FIÚZA,
Iedo
*cand. pres. Rep. 1945.
Iedo Fiúza nasceu em Porto Alegre no dia 15 de setembro de 1894, filho de Adolfo Fiúza e de Maria Luísa Daudt
Fiúza. Era primo de João Daudt d’Oliveira, que foi presidente da Associação
Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) de 1942 a 1951, e da Confederação Nacional do Comércio (CNC) de 1946 a 1947.
Fez
seus estudos no Colégio dos Jesuítas de Porto Alegre, diplomando-se mais tarde
pela Faculdade de Engenharia de Porto Alegre. Na mesma cidade estabeleceu seus
primeiros contatos pessoais com Getúlio Vargas, os quais seriam aprofundados
mais tarde. Depois de formado, trabalhou em empresas privadas de engenharia,
percorrendo diversos estados do país para a realização de obras.
Estabelecendo-se no Rio de Janeiro em 1924, devido à insatisfação com a rotina
de trabalho em obras de pouca importância em cidades do interior, passou a
trabalhar em uma firma norte-americana de engenharia, na qual permaneceu até
1930.
Após
a Revolução de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas à chefia do Governo Provisório,
foi nomeado prefeito municipal de Petrópolis (RJ). Durante sua administração
teria sofrido, em dezembro de 1934, cinco meses após a promulgação da Carta
Constitucional, segundo depoimento de sua filha, Madalena Sampaio Fiúza, ameaça
de demissão de seu cargo. Sua exoneração, desejada pelo então interventor no
estado do Rio de Janeiro, Ari Parreiras (1931-1935), não se teria concretizado
devido à realização de uma manifestação popular em favor de sua permanência.
Nesse mesmo ano, assumiu a diretoria geral do Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem (DNER), passando a acumular dois cargos. Reconstitucionalizado o
país com a promulgação da Carta Constitucional de 16 de julho de 1934,
realizaram-se, no ano seguinte, por voto direto, eleições municipais no Rio de
Janeiro, e Iedo Fiúza elegeu-se para a prefeitura de Petrópolis, permanecendo,
assim, no cargo que vinha ocupando. Durante o exercício desse mandato teve
aprofundadas suas relações pessoais com o então presidente Getúlio Vargas, que
passava longas temporadas em Petrópolis.
Em 1937, abandonando o cargo de prefeito de Petrópolis, optou
pela permanência na diretoria do DNER, a qual ocupou durante os oito anos de
vigência do Estado Novo. Enquanto diretor do DNER, presidiu a Comissão do Plano
Rodoviário Nacional.
Em decorrência do processo de redemocratização iniciado no
país a partir de 1945, foi legalizado, em maio desse ano, o Partido Comunista
Brasileiro (PCB), então chamado Partido Comunista do Brasil. Nesse mesmo ano,
Iedo Fiúza, amigo do militante comunista Carlos Costa Leite, foi procurado pelo
PCB, que, não concordando com as candidaturas militares — do general Eurico
Dutra e do brigadeiro Eduardo Gomes — para a presidência da República nas
eleições fixadas para dezembro de 1945, havia decidido lançar um candidato
próprio. Mesmo não sendo adepto do comunismo, Iedo Fiúza, que se definia como
“um técnico envolvido com seus problemas profissionais que em determinado
momento se envolveu em atividade política, mas não possuía ligações partidárias”,
concordou em candidatar-se à presidência da República na legenda do PCB que, na
época, defendia a tese da união nacional, através da qual, conforme apregoava,
se chegaria a uma verdadeira democracia. Durante a campanha foi asperamente
combatido pelo jornalista Carlos Lacerda, que chegou a lançar um opúsculo
denominado O rato Fiúza. Condenando, em sua campanha, as
candidaturas militares e defendendo as liberdades democráticas e uma maior
distribuição de renda, foi derrotado, no pleito de dezembro de 1945, pelo
candidato indicado pela coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD)
e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), general Eurico Dutra. Tendo contado
com pouco tempo de campanha — aproximadamente 20 dias — conseguiu cerca de 570
mil votos, correspondentes a 10% do eleitorado de então.
Após as eleições, voltou às atividades profissionais, sendo
nomeado para o Departamento Nacional de Estradas de Ferro, no Rio de Janeiro,
onde realizou estudos sobre sistemas de transportes. Em 1947, tendo em vista as
eleições municipais a serem então realizadas, candidatou-se novamente à
prefeitura de Petrópolis na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas
não conseguiu eleger-se.
Com a volta de Getúlio Vargas à presidência da República
através das eleições de outubro de 1950, foi designado para o setor das águas
novas no Departamento de Águas, com o objetivo de elaborar um plano para
abastecer o Distrito Federal a curto prazo. Defendendo a criação de poços
artesianos como solução provisória para o problema, teria sido, igualmente,
segundo depoimento de sua filha, muito combatido. Com a morte de Getúlio Vargas
em agosto de 1954, foi colocado à disposição do DNER, sem nunca ter sido
convocado para qualquer atividade.
Faleceu no dia 12 de fevereiro de 1975.
Era casado com Maria Teresa Sampaio, com quem teve dois
filhos.
FONTES: CONSULT.
MAGALHÃES, B.; CURRIC. BIOG.; DULLES, J. Getúlio; Grande encic. Delta; LEITE,
A. História.