ROMA,
João
*dep. fed. PE 1951-1955, 1961-1962 e 1967-1971.
João
Inácio Ribeiro Roma nasceu em Olinda (PE) no dia 12 de março
de 1912, filho de João Carlos Ribeiro Roma e de Adélia Barreto Roma.
Durante sua infância e adolescência viveu em vários
municípios do sertão pernambucano devido às transferências de seu pai, que era
juiz. Assim, de 1919 a 1925 fez o curso primário na escola pública de Buíque
(PE) e no Colégio Diocesano de Pesqueira (PE) e, em 1926, foi para Recife,
estudando no Liceu Pernambucano até o ano seguinte. Em 1928 ingressou no
Ginásio Pernambucano, e, nesse mesmo ano, começou a trabalhar na Secretaria de
Segurança Pública, onde ingressou por pedido de seu pai a Eurico de Sousa Leão,
então chefe de polícia do estado. Trabalhou como guarda civil, investigador de polícia
e secretário da Escola de Polícia do governo durante dois anos.
Secretário
do Círculo Católico de Pernambuco e com atuação nos movimentos políticos
estudantis, participou da Revolução de 1930, inscrevendo-se num batalhão
comandado por Juraci Magalhães e Agildo Barata, que percorreu os estados de
Alagoas, Sergipe e Bahia em direção ao Rio de Janeiro. O movimento vitorioso
levou ao governo de Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti (1930-1937), a quem,
segundo seu próprio depoimento concedido ao Centro de Pesquisa e Documentação
de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), passou a se opor por motivos
emocionais gerados pela demissão de juízes, entre os quais seu pai. Em 1931
concluiu o curso do Ginásio Pernambucano e em seguida começou a trabalhar na Casa
de Detenção, dirigida por Rodolfo Aureliano. Aí exerceu as funções de guarda e
secretário, fundou e foi redator de um jornal.
No
ano seguinte entrou para a Faculdade de Direito de Recife e, ao lado de um
numeroso grupo de estudantes, posicionou-se a favor da Revolução
Constitucionalista deflagrada no mesmo ano em São Paulo. Ainda em dezembro de 1932 assinou, juntamente com Oto de Brito Guerra, Andrade
Lima Filho, José Barata de Oliveira Melo e José Carlos Dias da Silva, todos membros da Ação Universitária Católica, a Resposta ao manifesto de
outubro. Esse documento, que foi a primeira publicação integralista do
Nordeste, conduziu-o à chefia desse movimento em seu estado. Em 1934, por
ocasião da eleição dos deputados à Assembléia Constituinte de Pernambuco, foi
expulso da Ação Integralista Brasileira (AIB) por ter-se candidatado na legenda
Pelo Cristianismo Social, registrada pela Ação Comunitária Católica e por
Barreto Campelo, deixando de concorrer na legenda integralista. Obteve apenas
uma suplência e nesse mesmo ano deixou a Casa de Detenção de Recife. Logo
depois, ingressando no Ministério da Fazenda, trabalhou na Delegacia Fiscal do
Ceará e na Alfândega de Recife.
Em
1936 bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de
Recife. Com o advento do Estado Novo em novembro de 1937 e a deposição do
governador Carlos de Lima Cavalcanti, tomou posse como interventor Agamenon
Magalhães. Apoiando o novo governo, era repórter do Jornal do Comércio e
correspondente da Agência Nacional quando passou a ocupar os cargos de delegado
de polícia do 2º Distrito de Recife e da Delegacia de Investigações e Capturas,
também na capital. Permaneceu nessas funções durante as interventorias de
Agamenon Magalhães e Etelvino Lins, deixando-as em 1945, assim como os cargos
no Ministério da Fazenda.
Com
a redemocratização do país iniciada nesse ano, passou a articular a formação do
Partido Social Democrático (PSD), tornando-se em 1946 secretário da diretoria
regional do PSD em Pernambuco. Também em 1946 passou a trabalhar como tabelião
público em Recife.
No período de 1948 a 1950 foi secretário de Segurança Pública
de seu estado no governo de Alexandre Barbosa Lima Sobrinho. No pleito de
outubro deste último ano elegeu-se deputado federal por Pernambuco na legenda
do PSD, tendo como seus principais núcleos eleitorais Águas Belas, Buíque, Exu
e Panelas, municípios onde seu pai havia trabalhado. Assumiu sua cadeira na
Câmara dos Deputados em fevereiro do ano seguinte. Em 1952 apoiou a candidatura
de Etelvino Lins, seu companheiro de partido, ao cargo de governador de
Pernambuco, vago com a morte de Agamenon Magalhães. No ano seguinte representou
o Brasil na Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, na Suíça. Em sua
atuação parlamentar integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
encarregada de apurar a intervenção do governo na imprensa, que atendeu à denúncia
de Carlos Lacerda, então diretor do jornal Tribuna da Imprensa, da
existência de um plano do governo para desviar verbas para jornais que
apoiassem a política governamental. A conclusão dessa CPI, da qual foi relator,
determinou o arquivamento do inquérito por insuficiência de provas. Nessa
legislatura foi ainda membro das comissões de Educação e de Economia da Câmara.
No
pleito de outubro de 1954 candidatou-se ao Senado por Pernambuco na legenda do
PSD, sendo derrotado por Jarbas Maranhão, seu companheiro de partido. Deixando
a Câmara em janeiro do ano seguinte, assumiu a diretoria do Banco do Nordeste
do Brasil. Em 1957 fez um curso de especialização em crédito agrícola e
extensão rural nos Estados Unidos. No pleito de outubro de 1958 elegeu-se segundo
suplente de deputado federal por seu estado na legenda da Frente Democrática
Pernambucana, coligação formada pelo PSD, o Partido Rural Trabalhista (PRT), o
Partido Social Trabalhista (PST), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido
Libertador (PL). Em 1961 foi demitido pelo presidente da República Jânio
Quadros da diretoria do Banco do Nordeste do Brasil. Como suplente, assumiu uma
cadeira na Câmara em dezembro desse mesmo ano, aí permanecendo até março de
1962.
Após
o movimento político-militar de março de 1964, deixou o cargo de secretário
regional do PSD, em Pernambuco, passando a exercer as funções de secretário dos
Negócios do Interior e Justiça do governo do estado na gestão de Paulo Guerra
(1964-1967). Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2
(27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança
Renovadora Nacional (Arena), de orientação governista. Em 1966 deixou a
Secretaria de Negócios do Interior e Justiça, elegendo-se, no pleito de
novembro desse mesmo ano, deputado federal por Pernambuco na legenda da Arena.
Ainda em 1966 tornou-se secretário-geral do diretório nacional de seu partido,
assumindo sua cadeira na Câmara em fevereiro do ano seguinte. Contrário ao Ato
Institucional nº 5 (AI-5), decretado no dia 13 de dezembro de 1968, renunciou
ao cargo de secretário-geral da Arena. Em janeiro de 1971 deixou
definitivamente a Câmara dos Deputados. Em 1980 encerrou sua carreira como
tabelião público em Recife.
Foi tambem diretor do Arquivo Público de Pernambuco e
provedor da Santa Casa de Misericórdia.
Faleceu em Recife no dia 2 de julho de 1991.
Era casado com Clarice Arcoverde de Freitas Roma, com quem
teve dois filhos.
Publicou Ato de posse (1966), além de discursos e
relatórios sobre assuntos administrativos e políticos.
FONTES: ARQ. DEPTO.
EST. EUA; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros.
Repertório (1967-1971); CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS, A. Parlamentares;
ENTREV. BIOG.; INF. João Roma Neto; MACEDO, N. Aspectos; SILVA, H. 1935;
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (2, 3, 4 e 8).