VEIGA,
Pimenta da
*dep. fed. MG
1979-1988; const. 1987-1988; dep. fed. MG 1999-2002, 2003; min. Comunic.
1999-2002.
João Pimenta da Veiga Filho
nasceu em Belo Horizonte, no dia 2 de julho de 1947, filho do jurista João
Pimenta da Veiga e da professora Edite Paraíso Pimenta da Veiga. Seu pai foi
chefe de gabinete do governador de Minas Gerais, José Francisco Bias Fortes,
entre 1956 e 1958, e deputado federal de 1959 a 1960.
Pimenta
da Veiga formou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1962. Começou a carreira
política candidatando-se a deputado federal na eleição de novembro de 1978,
pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime
militar instaurado no país em abril de 1964. Eleito, assumiu o mandato em
fevereiro do ano seguinte e exerceu as funções de coordenador da bancada
mineira do MDB na Câmara, membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) sobre agropecuária, da Comissão de Educação e Cultura e suplente da
Comissão de Agricultura e Política Rural.
Em 1979, atuou no encaminhamento dos projetos de anistia e da
reforma partidária na Câmara dos Deputados.
Com
o fim do bipartidarismo em 29/11/1979 e a conseqüente reformulação partidária,
filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), agremiação que
sucedeu o MDB. No ano seguinte foi escolhido primeiro vice-presidente do
diretório regional provisório e tornou-se membro do diretório regional de Minas
Gerais. Em 1981, assumiu, como suplente, o conselho curador da Fundação Pedroso
Horta, instituição que formulava a política do PMDB, e integrou o grupo
parlamentar que visitou os Estados Unidos a convite do American Council of
Young Political Leaders (ACYPL).
Na
Câmara, presidiu a Comissão Mista que apreciou as emendas constitucionais das
prerrogativas do Poder Legislativo. Em 1981, foi o primeiro parlamentar a
denunciar, na tribuna, o atentado a bomba praticado por militares ao Riocentro,
no dia 1º de maio. Ainda nesta legislatura foi vice-líder do partido
(1981-1982). Reeleito em novembro de 1982, participou dos trabalhos
legislativos como presidente da comissão especial encarregada de elaborar o
novo Código Civil, membro titular das comissões de Constituição e Justiça e de
Minas e Energia, e suplente da Comissão de Agricultura e Política Rural.
Integrou também a CPI sobre a Capemi. Representante da chamada “corrente
progressista” do PMDB e sem o apoio do governador mineiro Tancredo Neves, em
janeiro de 1983 Pimenta da Veiga perdeu a disputa pela liderança do partido na
Câmara para o deputado paulista Freitas Nobre por 108 votos a 84 e três em branco. No mesmo ano tornou-se membro efetivo da comissão executiva nacional do PMDB, na qual
permaneceu até 1985.
Em
25 de abril de 1984, votou a favor da emenda Dante de Oliveira, que propunha
eleição direta para presidente da República em novembro daquele ano. Diante da
rejeição da emenda — não foram obtidos os 2/3 dos votos que garantiriam sua
tramitação no Senado —, Pimenta da Veiga juntou-se, em maio, aos fundadores do
grupo Só-Diretas, cujo objetivo era manter a luta e apresentar uma nova
proposta no segundo semestre, contrapondo-se ao comparecimento ao Colégio
Eleitoral que elegeria o novo presidente. Preocupado com a organização do grupo
ligado ao candidato do regime militar, Paulo Maluf, no Congresso, Pimenta da
Veiga aproximou-se do grupo do governador Tancredo Neves, candidato das
oposições. Com a dissolução do grupo Só-Diretas, em 15 de janeiro de 1985,
decidiu comparecer ao Colégio Eleitoral e votou em Tancredo Neves, candidato vitorioso lançado pela Aliança Democrática, coligação do PMDB com a
dissidência do PDS reunida na Frente Liberal. Estava definida a sucessão do
presidente da República, general João Batista Figueiredo.
Em
fevereiro de 1985, Pimenta da Veiga venceu a disputa pela liderança do PMDB na
Câmara, derrotando o deputado pernambucano Osvaldo Lima Filho por 104 votos a
92, dois em branco e um nulo. Com a aproximação de Tancredo Neves e o seu
apoio, tornou-se também líder do governo na Câmara. Manteve-se na liderança
mesmo quando o presidente eleito ficou doente e não pôde assumir o cargo em 15
de março, sendo substituído interinamente pelo vice José Sarney. Com a morte de
Tancredo, em 21 de abril, Sarney foi efetivado na presidência.
Na ocasião, Sarney criou um conselho político para
assessorá-lo no relacionamento com o Congresso e convidou, além de Pimenta da
Veiga, os senadores Humberto Lucena (PMDB-PB) e Fernando Henrique Cardoso
(PMDB-SP) e os deputados federais José Lourenço (PFL-BA), Carlos Chiarelli
(PFL-RS) e Fernando Lira (PMDB-PE). Porém, as divergências determinaram o fim
desse conselho.
Em 1985, integrou a delegação brasileira na posse do
presidente do Peru, Alan García. Em julho desse ano, decidiu substituir alguns
vice-líderes do PMDB na Câmara por fazerem denúncias contra o governo Sarney.
Devido a conflitos entre sua atuação como líder do governo e a defesa das
posições do PMDB na Câmara, teve sua recondução à liderança do partido
questionada por alguns parlamentares, que pensaram inclusive em acabar com o
acúmulo de lideranças. Entretanto, em março de 1986 Pimenta da Veiga foi
reconduzido à liderança do PMDB na Câmara por 143 votos favoráveis, sete em
branco, um nulo, acumulando o cargo com a liderança do governo. Comprometeu-se,
então, a manter uma postura crítica e sem alinhamento automático em relação ao
palácio do Planalto.
Ainda em 1986 atuou como observador parlamentar na
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Disputou também a convenção do PMDB para a escolha do candidato à sucessão de
Hélio Garcia (1984-1987) no governo de Minas Gerais, mas perdeu para Newton
Cardoso. Com a derrota na convenção, passou a apoiar a candidatura dissidente
de Itamar Franco, que concorreu pela legenda do Partido Liberal (PL). O
vitorioso na eleição foi Newton Cardoso.
Reelegeu-se deputado federal pela terceira vez consecutiva em
novembro de 1986, agora como constituinte, obtendo a maioria dos votos
proveniente de suas bases eleitorais na capital e no sul do estado. Com o apoio
do presidente da Assembléia Nacional Constituinte, deputado Ulisses Guimarães,
disputou o cargo de relator-geral da Comissão de Sistematização. Perdeu para o
deputado Bernardo Cabral (PMDB-AM) e integrou-se aos trabalhos da Constituinte
como membro titular da Comissão de Sistematização e suplente da Subcomissão do
Sistema Eleitoral e Partidos Políticos e da Comissão da Organização Eleitoral,
Partidária e Garantia das Instituições.
Em
março de 1988 deixou o partido por considerar que “o PMDB não vinha cumprindo,
no governo, as promessas do tempo em que era oposição”. Foi membro-fundador do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), formado por dissidentes do
PMDB. Na liderança do novo partido na Câmara dos Deputados, apresentou o
projeto que proibia a demissão imotivada de empregados.
Nas
votações mais importantes da Constituinte, manifestou-se a favor do rompimento
de relações diplomáticas com países com política de discriminação racial, do
mandado de segurança coletivo, do turno ininterrupto de seis horas, do aviso
prévio proporcional, da pluralidade sindical, da soberania popular, do voto aos
16 anos, da nacionalização do subsolo, da legalização do aborto, do limite de
12% ao ano para os juros reais, da proibição do comércio de sangue e da limitação
dos encargos para a dívida externa. Votou contra a pena de morte, a limitação
do direito de propriedade privada, a jornada semanal de 40 horas, o
presidencialismo, a estatização do sistema financeiro e o mandato de cinco anos
para o presidente José Sarney.
Ainda
em 1988 licenciou-se do mandato na Câmara para disputar a prefeitura de Belo
Horizonte na eleição de outubro, pela legenda do PSDB em coligação com o PL,
com o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Comunista Brasileiro (PCB)
e Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Contando com importantes apoios
políticos, como a família Neves e o senador Itamar Franco, elegeu-se prefeito
por uma pequena margem de votos em relação ao candidato do Partido dos
Trabalhadores (PT), Virgílio Guimarães. Foi o único candidato do PSDB a
conquistar uma prefeitura de capital. Assumiu o mandato em janeiro de 1989 e a
presidência do PSDB no sistema rotativo. Herdeiro de uma grande dívida deixada
por Sérgio Ferrara, seu antecessor na prefeitura, extinguiu diversos cargos em
comissão e demitiu cerca de mil servidores públicos. Em abril de 1990,
renunciou ao mandato na prefeitura de Belo Horizonte para candidatar-se ao
governo de Minas Gerais na eleição de outubro. Foi derrotado no primeiro turno
pelo ex-governador Hélio Garcia, candidato do Partido das Reformas Sociais
(PRS). Transferiu-se, então, para Brasília, onde trabalhou como advogado em
tribunais superiores.
Em
1991 foi eleito vice-presidente do PSDB. Em maio de 1994 assumiu a presidência
nacional do PSDB, engajando-se como coordenador político na campanha do senador
Fernando Henrique Cardoso a presidente da República. Um dos primeiros
dirigentes do PSDB a apoiar a aliança com o PFL, justificou-a “pelos evidentes
benefícios eleitorais e pela necessidade do estabelecimento de base política
para sustentação do governo”. O acordo firmado com o PFL desagradou a seção
baiana do PSDB, adversária dos pefelistas. Jutaí Júnior, que entregara o cargo
de ministro do Bem-Estar Social ao presidente Itamar Franco para disputar pela
legenda tucana o executivo baiano, e Valdir Pires, candidato do partido ao
Senado, insatisfeitos com a composição, declararam apoio ao candidato à
presidência da República pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva. Pimenta da Veiga
advertiu-os publicamente, rechaçou a insubordinação e prometeu aplicar-lhes as
punições previstas nos estatutos do partido.
Em junho, Lula aventou a possibilidade de convidar o PSDB
para integrar um governo de coalizão, caso fosse eleito. Fernando Henrique
recebeu a idéia com simpatia, mas Pimenta da Veiga apressou-se em anunciar a
inviabilidade do acordo. Chamou Lula de “candidato da inflação” e afirmou que o
programa petista era “destrutivo”. A poucos dias da eleição presidencial,
Pimenta da Veiga criticou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusando-o de
agir precipitadamente ao intimar Fernando Henrique Cardoso a depor num
inquérito aberto para investigar eventuais usos da máquina pública em benefício
da candidatura tucana. O tribunal decidira pela convocação após a imprensa ter
divulgado um ofício no qual o ministro da Administração, Alexis Stepanenko,
sugeria ao presidente Itamar Franco o comparecimento a uma inauguração de obra em Sergipe. A visita, avaliou Stepanenko, poderia ajudar o desempenho eleitoral de Fernando
Henrique. O episódio levou Pimenta da Veiga a negar qualquer apoio oficial ao
candidato e declarou que os ocupantes de cargos públicos interessados em
manifestar preferência por Fernando Henrique deveriam fazê-lo “em caráter
pessoal”.
Com a vitória, ainda no primeiro turno, do candidato do PSDB,
Pimenta da Veiga foi convidado a assumir um ministério. Preferiu, contudo,
continuar na articulação política junto ao Congresso Nacional e nas negociações
sobre indicações para cargos de primeiro escalão no governo, na expectativa de
que Fernando Henrique criaria um conselho político semelhante ao que auxiliara
José Sarney, no qual teria assento reservado.
Os
resultados do segundo turno das eleições estaduais foram amplamente favoráveis
ao PSDB, que elegeu os governadores de São Paulo, Mário Covas; de Minas Gerais,
Eduardo Azeredo; e do Rio de Janeiro, Marcelo Alencar. Fernando Henrique
delegou a Pimenta da Veiga a tarefa de iniciar negociações para formar um bloco
parlamentar “institucional e sólido” de apoio ao futuro governo. Pimenta
priorizou os contatos com lideranças do PMDB — que conquistara nas urnas a
maior bancada do Congresso —, assegurando que a legenda teria espaço no
ministério, caso os entendimentos chegassem a bom termo. Por fim, declarou que
apenas o PT não seria convidado a integrar o bloco. Ao partido, caberia
“liderar a oposição, salutar em qualquer democracia”.
Logo
ao tomar posse na presidência da República, em janeiro de 1995, Fernando
Henrique concretizou a idéia de constituir um conselho político, integrado,
entre outros, por Pimenta da Veiga. Uma vez mais o conselho não foi à frente. O
presidente considerou-o distante da base parlamentar e incapaz de conquistar os
votos dos deputados e senadores, dissolvendo-o meses após a formação.
Em março de 1995, durante reunião do diretório nacional do
PSDB convocada para escolher os novos ocupantes de quatro cargos da executiva
nacional, Pimenta da Veiga renunciou à presidência do partido, porque o
ministro das Comunicações, Sérgio Mota, foi mantido no cargo de secretário-geral,
do qual estava licenciado. A permanência de Mota impossibilitava a indicação
para substituí-lo do deputado Saulo Queirós (PSDB-MS), do grupo político de
Pimenta da Veiga.
Embora
tendo retornado ao exercício da advocacia, Pimenta da Veiga continuou envolvido
nas disputas políticas, lutando para preservar os espaços conquistados pelo
PSDB no governo. Em setembro de 1996, o presidente Fernando Henrique, empenhado
em consolidar uma base parlamentar que lhe garantisse a aprovação da emenda da
reeleição, decidiu aproximar-se discretamente do ex-governador de Minas Newton
Cardoso (1987-1991), apoiando-o na disputa pela prefeitura de Contagem (MG) e
acenando-lhe com postos no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).
Pimenta da Veiga, adversário de Cardoso, considerou o gesto um “desaforo” ao
PSDB mineiro — a legenda lançara o deputado federal Ademir Lucas candidato a
prefeito de Contagem —, ao governador Eduardo Azeredo e a ele próprio. Ainda em
setembro, ao reunir-se com o presidente no palácio da Alvorada, encontro a que
compareceu acompanhado do líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), Pimenta da
Veiga sugeriu-lhe manter-se distante das negociações para aprovar a reeleição.
A estratégia inicial, ponderou, deveria ser mostrar aos parlamentares os
benefícios que a continuidade administrativa poderia proporcionar.
O
reordenamento do quadro político provocado pelas eleições municipais de outubro
de 1996 obrigou Fernando Henrique Cardoso a alterar a composição do ministério.
O presidente considerou a possibilidade de nomear Pimenta da Veiga ministro da
Justiça. O titular, Nélson Jobim, ocuparia uma cadeira no Supremo Tribunal
Federal (STF). No entanto, a reivindicação peemedebista de que a pasta deveria
permanecer sob controle do partido levou-o a mudar de idéia, indicando para o
cargo Íris Resende.
O
esforço do palácio do Planalto em remover o obstáculo constitucional à
reeleição obteve êxito: a Câmara dos Deputados aprovou, em 28 de janeiro de
1997, emenda proposta pelo deputado Mendonça Filho (PFL-PE) autorizando
prefeitos, governadores e presidente da República a disputar um mandato
consecutivo.
Em
maio de 1997, Fernando Henrique voltou a chocar-se com os tucanos mineiros.
Após avistar-se em Nova Iorque com Itamar Franco — que estava à frente da
embaixada brasileira na Organização dos Estados Americanos (OEA) —, o
presidente afirmou que o considerava um candidato natural ao Executivo mineiro.
Corria nos bastidores a versão de que o palácio do Planalto estaria
incentivando o ex-presidente, indeciso quanto ao rumo a seguir nas eleições de
outubro de 1998, a lançar-se candidato ao governo estadual. Caso Itamar
desistisse de pleitear a presidência, imaginavam os articuladores da
iniciativa, Fernando Henrique não teria que enfrentar um adversário que poderia
tomar-lhe a paternidade do Plano Real. Ante o novo descontentamento das
lideranças do PSDB mineiro, sobretudo do governador Eduardo Azeredo, disposto a
candidatar-se à reeleição, Pimenta adotou uma postura prudente, recomendando
calma aos correligionários.
Em outubro de 1998, Pimenta da Veiga elegeu-se deputado
federal pela legenda do PSDB mineiro. Porém, antes de ocupar sua cadeira, foi
nomeado ministro das Comunicações, sendo também incumbido por Fernando Henrique
da articulação política do governo. Afastou-se do ministério em 1º de fevereiro
apenas para tomar posse do mandato, voltando em seguida ao exercício do cargo
ministerial. Sua vaga na Câmara foi ocupada por José Bonifácio de Andrada,
também do PSDB.
No Ministério das Comunicações
De janeiro de 1999 a abril de 2002, na condição de ministro
das Comunicações, Pimenta da Veiga liderou a consolidação do modelo de
estrutura dos setores de telecomunicações em geral, radiodifusão, televisão,
telefonia e postal definido durante o primeiro governo de Fernando Henrique
Cardoso (1995-1998). O modelo combinava a desestatização dos serviços mediante
outorgas a empresas privadas, inclusive estrangeiras, cujas atividades seriam
fiscalizadas e controladas por autarquias federais independentes, as “agências
nacionais”.
Pimenta da Veiga, segundo ele próprio, pautou sua gestão pelo
binômio universalização dos serviços com qualidade e baixo preço. De início,
lançou o programa Telecomunidade, voltado para a universalização da telefonia e
inclusão digital, que atingiu a meta de disponibilizar telefones residenciais
em todas as localidades com mais de 300 habitantes e telefones públicos nos
povoados com mais de 50 moradores, incluindo aldeias indígenas. O acesso à
internet pela população mais pobre foi ampliado pelos quiosques eletrônicos
instalados em postos dos correios e em unidades militares situadas em áreas
remotas. No entanto, o programa mais abrangente do ministério, de
“Implementação das Metas para a Universalização do Serviço de Telecomunicações em Escolas Públicas de Ensino Médio e Profissionalizante”, prevendo a implantação de 290 mil
terminais em 13 mil escolas brasileiras, não pôde ser executado devido à ação
da Justiça Federal que desautorizou o uso de recursos da principal fonte
provedora do programa, o Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (FUST). O fato desencadeou controvérsia judicial e política
que se estendeu até o ano 2007.
Na área da telefonia, foram feitas as licitações para
“empresas-espelho”, na telefonia fixa, e das “bandas B, C e D”, na móvel. O
número de linhas telefônicas no país saltou de cerca de 20 milhões de telefones
fixos, em 1998, para cerca de 41 milhões, em 2001, além de 25 milhões de
telefones celulares, com forte tendência de crescimento.
Em relação ao segmento de radiodifusão e televisão, Pimenta
da Veiga herdou um sistema que parte da imprensa denominava “coronelismo
eletrônico”, no qual as concessões federais eram tratadas como instrumento de
barganha política, beneficiando senadores e deputados federais. Durante o
primeiro governo de Fernando Henrique, na falta da aprovação de uma lei geral
de radiodifusão, alguns decretos foram baixados, dentre eles, o de submeter a
outorga de concessões para rádio e televisão comerciais a licitações públicas,
ao mesmo tempo em que reservava ao presidente da república a prerrogativa de
autorizar a criação de novas emissoras de rádio comunitárias e de televisões
educativas., o que deu margem a acusações de persistência do “coronelismo”.
Respondendo às criticas, o ministro afirmou que o percentual de outorgas
concedidas a parlamentares durante sua gestão foi pequeno, no universo de mais
de mil solicitações atendidas.
No setor postal, em 2001, foi atingida a meta de instalar
postos dos correios em todos os municípios brasileiros e foram criados
quiosques de acesso à internet e o serviço de “banco postal”, priorizando
cidades que não contavam com serviços bancários. O ministro não obteve êxito na
aprovação do projeto da “Lei Postal”, prevendo a criação da Agência Nacional de
Postagem, que sofreu forte resistência da parte das empresas privadas
prestadoras de serviços postais temerosas do aumento do poder centralizador e
de concorrência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT). Nesse
episódio, o ministro exonerou o presidente da EBCT, Egydio Bianchi que, anos
depois, em 2005, na CPI dos Correios, fez acusações a Pimenta da Veiga que
foram consideradas inconsistentes no relatório final das investigações.
Em setembro de 2001, em meio à crise diplomática provocada
pela decisão do governo canadense de proibir a importação de carne brasileira,
parte da imprensa internacional repercutiu declarações do ministro ameaçando
suspender a compra de equipamentos de telecomunicações produzidos por empresas
daquele país. No mesmo ano, representando o governo brasileiro, apresentou aos
ministros da União Européia o programa federal de governo eletrônico destacando
sistemas da Receita Federal - imposto de renda on line - e da Justiça
Eleitoral – urna eletrônica. Em abril de 2002 deixou o ministério para
coordenar a campanha de José Serra, candidato do PSDB à presidência da
república na eleição para sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
Pimenta da Veiga reassumiu o mandato de deputado federal,
lugar por ele privilegiado para desenvolver a estratégia de campanha de
restaurar a aliança de partidos aliados a Fernando Henrique Cardoso e que fora
rompida a partir do lançamento, pelo PFL, de candidata própria, a governadora
do Maranhão, Roseane Sarney, cuja disputa com José Serra atingira níveis de
hostilidade mútua. A aliança foi refeita de forma precária, baseada no
entendimento do ex-ministro com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen.
O resultado da votação em outubro de 2002 levou José Serra a disputar o segundo
turno com Luís Inácio Lula da Silva, candidato da aliança partidária liderada
pelo PT e a mudar a estratégia da campanha no sentido de alertar os eleitores
para crise econômica, política e social que poderia ocorrer com eventual
vitória do oponente. Discordando da nova estratégia, Pimenta da Veiga deixou a
função de coordenador.
Em dezembro de 2002, pouco antes de concluir o mandato
parlamentar, apresentou projeto de criação de novos estados na região Amazônica
e despediu-se da vida parlamentar, que iniciara em 1978, com um discurso em que
destacou seu propósito de sair da vida pública em busca de melhor qualidade de
vida e de liberdade profissional para si e para seus filhos.
Desde 2003, sem abdicar da direção do PSDB, concentrou suas
atividades no escritório de advocacia, em Brasília, e na criação de gado
zebuíno de corte na fazenda situada em Porangatu, estado de Goiás participando
com destaque da ExpoZebu, de Uberaba, no Triângulo Mineiro, considerada uma das
mais importantes feiras do mundo.
Em 2005, no mesmo período em que eclodiu o escândalo do
mensalão – suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base aliada
do governo Luís Inácio da Silva - surgiu também a denúncia de que o mesmo
esquema fora usado por políticos tucanos. A revista Veja, publicada em
julho desse ano, arrolou Pimenta da Veiga entre os políticos mineiros que
constariam da agenda de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretaria do publicitário
Marcos Valério, acusado de ser o pagador do esquema. A acusação foi
desqualificada no decorrer das investigações.
Em abril de 2007 aceitou o convite de José Carlos Arruda, do
PFL, governador do Distrito Federal, para estruturar e presidir o Conselho
Consultivo do Governo do Distrito Federal, função que marcou seu retorno à vida
pública.
No ano de 2009 promoveu encontros de lideres políticos e da
sociedade civil identificados com o PSDB com o governador de Minas Gerais,
Aécio Neves e o de São Paulo, José Serra, postulantes a candidato do partido na
eleição presidencial de 2010.
Casou-se
com Elisabete Pederneiras Pimenta da Veiga, com quem teve três filhos.
Separado, voltou a casar-se com Ana Paola Frade que lhe deu mais dois filhos.
Publicou
O capricho da história e os discursos parlamentares, País do
Riocentro e Brasilidade.
Marcelo
Costa/Rogério Barros/Sinclair Cechine
FONTES:
ASSEMB. LEGISL. MG. Dicionário biográfico; ASSEMB. NAC. CONST. Repertório
(1987-1988); COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova; Correio Brasiliense
(19/1/87); Estado de S. Paulo (18/12/85, 22/2/86, 3/4/87, 25/3, 10/9 e
1/10/88, 18/11/94, 1e 15/1, 10, 12 e 15/3/95 e 9/9/96); Folha de S. Paulo
(9/1/83, 1/1, 5/3, 27/9 e 12/10/86, 19/1/87, 24/3, 21/7, 10/9 e 18/11/88,
2/4/90, 25/6/94, 11 e 15/3/95 e 17/6/96); Globo (4 e 30/1/83, 26/4/84, 2
e 16/1, 5/7 e 8/12/85, 5/3/86, 1/10 e 4/12/88, 13/7/90, 14/6, 10/8, 6, 7 e 17/9
e 11/10/94, 10, 11, 14 e 15/3/95, 28/5 e 10/7/97); IstoÉ/Senhor
(30/11/88); Jornal do Brasil (30 e 31/1/83, 28/2 e 31/7/85, 21/2, 5/3 e
31/7/86, 20/1/87, 20/12/88, 10/1/89, 8 e 17/5, 25/6, 4/10, 17 e 18/11/94, 10,
11 e 15/3/95, 10/9/96 e 24/6/97); TRIB. REG. ELEIT. MG. Relação (1998).;
www.oglobo.com.br;
www.congressoemfoco.ig.com.br;
www.observatoriodaimprensa.com.br;
www.mc.gov.br;
declaração de Pimenta da Veiga em 21/7/2009.