FERREIRA,
Rogê
*pres. UNE 1949-1950; dep. fed. SP 1955-1959, 1960 e
1963-1964.
José Antônio Afonseca Rogê Ferreira nasceu na cidade de São Paulo no dia 10 de janeiro de 1922,
filho de Antônio Rogê Ferreira e de Maria do Carmo Afonseca Rogê Ferreira.
Fez
seus estudos primários e secundários no Instituto Caetano de Campos, no Colégio
Arquidiocesano de São Paulo, no Ginásio Osvaldo Cruz e no Liceu Eduardo Prado,
todos na sua cidade natal. Estudou ainda, como interno, no Ginásio São Joaquim,
em Lorena (SP). Matriculou-se no curso pré-jurídico do colégio universitário
anexo à Faculdade de Direito de São Paulo, na qual em seguida ingressou.
Tornou-se presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto de sua faculdade, e
durante sua gestão (1947-1948) lançou o Manifesto à nação, primeiro documento
universitário de apoio à campanha nacionalista em relação ao monopólio estatal
do petróleo. Em 1948 bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais, iniciando,
no ano seguinte, seu curso de economia na Faculdade de Ciências Econômicas da
Fundação Álvares Penteado.
Ainda em 1949, foi eleito presidente da União Estadual dos
Estudantes (UEE) de São Paulo e, poucos meses depois, durante o XIII Congresso
Nacional dos Estudantes, realizado na Bahia, elegeu-se presidente da União
Nacional dos Estudantes (UNE), sucedendo a Roberto Gusmão. Demitiu-se contudo
do cargo antes de concluir seu mandato. Depois de sua gestão na UNE a esquerda
perdeu por alguns anos o comando da entidade, que passou ao grupo articulado
por Paulo Egídio Martins, que viria a ser o governador de São Paulo de 1975 a 1979. De 1949 a 1950, Rogê Ferreira foi ainda presidente de honra do Centro de Estudos e
Defesa do Petróleo e da Economia Nacional, órgão criado em abril de 1948 e que
promoveu a campanha pelo monopólio estatal do petróleo junto à opinião pública.
Iniciou sua carreira política elegendo-se em outubro de 1950
suplente de deputado estadual em São Paulo na legenda do Partido Socialista
Brasileiro (PSB). Convocado a assumir uma cadeira na Assembléia Legislativa,
foi membro das comissões de Finanças e de Constituição e Justiça. Ainda nesse
período, conseguiu do Legislativo paulista a aprovação de projeto de lei
elevando 66 cidades à categoria de municípios.
Em
outubro de 1954 elegeu-se deputado federal por São Paulo na legenda do PSB,
assumindo seu mandato na Câmara dos Deputados em fevereiro do ano seguinte.
Nessa legislatura foi líder de seu partido. Em outubro de 1958, concorrendo à
reeleição na legenda da Aliança Popular Nacionalista, formada pelo seu partido
e o Partido Trabalhista Nacional (PTN), obteve apenas uma suplência. Deixando a
Câmara ao final da legislatura, em janeiro de 1959, voltou a ocupar uma cadeira
naquela casa de fevereiro a abril de 1960.
Em
outubro de 1962 elegeu-se novamente deputado federal, na legenda da coligação
entre o PSB e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), assumindo seu mandato em
fevereiro do ano seguinte. Em abril de 1964, logo após o movimento
político-militar de 31 de março desse ano que depôs o presidente da República,
João Goulart (1961-1964), teve seu mandato cassado pelo Ato Institucional nº 1,
editado no dia 9 daquele mês pela junta militar que assumiu o poder. Afastou-se
em seguida da vida pública, passando a exercer a advocacia e a fazer oposição
ao governo na seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Durante sua atuação parlamentar, integrou a Frente
Parlamentar Nacionalista, formada em 1956 por deputados do PTB, PSB, Partido
Social Democrático (PSD) e União Democrática Nacional (UDN), e que tinha por
finalidade viabilizar uma plataforma nacionalista que consistia sobretudo na
condenação da intervenção do capitalismo estrangeiro na economia brasileira e
da remessa de lucros para o exterior. Foi ainda autor da emenda constitucional
que instituiu a obrigatoriedade de a União destinar aos municípios 10% do
imposto de consumo arrecadado e 40% do imposto territorial rural. Fez aprovar
também as leis que garantiam a estabilidade no emprego das mulheres gestantes e
dos que estivessem exercendo cargos eletivos em sindicatos.
Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a
conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático
Trabalhista (PDT), em cuja legenda concorreu ao governo de São Paulo nas
eleições de novembro de 1982. Derrotado no pleito pelo candidato do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), André Franco Montoro, e sendo o último
colocado entre os cinco candidatos que postulavam o cargo, passou a exercer a
presidência do diretório regional do seu partido em São Paulo.
Em julho de 1985, desligou-se do PDT e ingressou no recriado
PSB, que havia sido extinto pelo regime militar, tornando-se presidente do
Diretório Regional de São Paulo e vice-presidente nacional. Cogitado para ser
candidato a vice-prefeito na chapa de Eduardo Matarazzo Suplicy, do Partido dos
Trabalhadores (PT), para a prefeitura de São Paulo, o PSB acabou lançando sua
candidatura à prefeitura. Em novembro de 1985, desistiu de concorrer ao pleito
para apoiar Fernando Henrique Cardoso, candidato do PMDB, que, no entanto, foi
derrotado pelo candidato da aliança entre o PTB e o Partido da Frente Liberal
(PFL), o ex-presidente Jânio Quadros.
No
ano seguinte, Rogê Ferreira candidatou-se a uma vaga na Câmara, pela legenda do
PSB, e, embora tenha tido uma boa votação, com mais de 72 mil votos, não foi
eleito devido ao baixo quociente eleitoral obtido por seu partido.
Ao longo de sua vida foi ainda funcionário do Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) em São Paulo, oficial-de-gabinete do secretário de Agricultura desse estado e primeiro
presidente da Associação dos Previdenciários, além de presidente do Conselho
Nacional de Desportos (CND).
Publicou Largo de São Francisco e sua tradição
(contos), Discursos de política acadêmica e Uma vida numa geração
(romance), além de artigos na imprensa.
Faleceu em São Paulo no dia 29 de junho de 1991.
Era casado com Helena Maria Rogê Ferreira, com quem teve três
filhos.
Alan
Carneiro/Marcelo Costaatualização
FONTES: ARQ. DEP.
PESQ. JORNAL DO BRASIL; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados
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