SILVA,
José Raimundo
*dep. fed. MG 1959-1963.
José Raimundo Soares da Silva nasceu em Belo Horizonte no dia 4 de março de 1914, filho do
comerciário João Cândido da Silva e da professora rural Elisa Soares da Silva.
Fez o curso de humanidades no Colégio Santo Antônio, em São
João del Rei (MG), e ingressou a seguir na Faculdade de Medicina da
Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde iniciou sua vida política
elegendo-se presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Em agosto de
1937, foi eleito presidente do primeiro Conselho Nacional de Estudantes,
instalado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Cumpriu mandato até
dezembro de 1938, quando o órgão foi transformado na União Nacional dos
Estudantes (UNE). Ainda acadêmico, foi assistente de Juscelino Kubitschek,
futuro presidente da República (1956-1961), no Hospital Militar do bairro de
Santa Efigênia, em Belo Horizonte.
Em
fevereiro de 1939, ainda durante o Estado Novo (1937-1945), foi nomeado pelo
interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares, prefeito de
Itapecerica (MG). Durante sua administração, ampliou os serviços médicos e de
assistência social, reformou a Santa Casa, dando-lhe um pavilhão cirúrgico, e
promoveu um congresso municipal de professores rurais de repercussão nacional.
Em 1941, participou do I Congresso Mineiro de Municípios, realizado em Belo
Horizonte, onde reivindicou uma maior participação dos municípios na renda
tributária nacional. Deixando a prefeitura de Itapecerica em 1942, foi nomeado,
em setembro, prefeito de Itabirito (MG), onde criou novas redes de escolas,
lactários, creches e postos assistenciais, concedeu bolsas de estudos às
crianças carentes, e promoveu a sindicalização em massa dos trabalhadores. Sob
sua inspiração, foram criados os sindicatos dos tecelões, dos metalúrgicos, dos
agricultores e dos sapateiros do município. Em 1945, deixou a prefeitura de
Itabirito.
Com o fim do Estado Novo (29/10/1945) e a redemocratização do
país, foi eleito prefeito de Itabirito, em 1947, na legenda do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), tornando-se o primeiro prefeito trabalhista de
Minas Gerais. No pleito de outubro de 1950, elegeu-se deputado estadual em Minas
Gerais, na legenda do PTB. Iniciando o mandato em fevereiro do ano seguinte,
apoiou as medidas legislativas para a execução do binômio “energia e
transporte”, do então governador mineiro Juscelino Kubitschek, do Partido
Social Democrático (PSD). Foi também autor da Lei da Previdência dos Médicos de
Minas Gerais. Reeleito em outubro de 1954, ainda na legenda do PTB, no ano
seguinte propôs à Assembléia Legislativa uma moção exigindo a renúncia do
presidente da República, João Café Filho (1954-1955), sob a alegação de que o
mesmo havia abdicado de suas prerrogativas de magistrado supremo da nação ao
afirmar que não se responsabilizaria pelo que acontecesse ao país com o
lançamento da candidatura de Juscelino à presidência da República no pleito de
outubro de 1955. Posteriormente, a pedido do próprio Juscelino, que temia
maiores complicações políticas, transformou a moção — cuja aprovação já estava
assegurada — em violento discurso no plenário da Assembléia.
Foi grande colaborador da campanha política que elegeu
Juscelino presidente da República em outubro de 1955, tendo defendido a
inclusão de João Goulart, do PTB, na chapa, como vice-presidente. Em março de
1956, foi nomeado por Juscelino presidente do Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Industriários (IAPI), onde instituiu o sistema de condomínio para o
funcionamento de hospitais. Associou os serviços de diversos institutos de
previdência social e construiu o conjunto-sanatório Júlia Kubitschek em Belo
Horizonte. Promoveu a construção de diversos blocos residenciais pioneiros em
Brasília, e instalou também o Hospital Juscelino Kubitschek, o primeiro
estabelecimento de emergência da nascente capital federal. Durante o ano de
1957, promoveu o Fórum Político do PTB, em Belo Horizonte, e, em outubro de 1958,
elegeu-se deputado federal por Minas Gerais, na legenda desse partido. Assumiu
o mandato em fevereiro de 1959 e, nesse ano, ingressou na Faculdade de Direito
Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Líder do PTB na Câmara Federal em 1960 e em
1961, encerrou seu mandato em janeiro de 1963.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional
nº 2 (AI-2), editado em 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de
oposição ao governo, em cuja legenda elegeu-se deputado estadual em Minas, em
novembro de 1966. Empossado em fevereiro de 1967, buscou a reeleição em
novembro de 1970 e obteve apenas uma suplência, encerrando seu mandato em
janeiro de 1971.
Pertenceu à Associação Médica de Minas Gerais.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 23 de agosto de 1976.
Foi casado com Zeni Sousa Silva, com quem teve quatro filhos.
FONTES: CÂM. DEP.
Anais (1961-1); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CÂM. DEP.
Relação nominal dos senhores; CAMPOS, Q. Fichário; CONSULT. RAMOS, P.;
COUTINHO, A. Brasil; Estado de S. Paulo (24/8/76); POERNER, A. Poder; Rev. Arq.
Públ. Mineiro (12/76); TRIB. SUP. ELEIT. Dados (2, 3, 4, 8 e 9); VAITSMAN, M.
Sangue.