ROLLEMBERG,
José
*gov. SE 1947-1951; sen. SE
1964-1971; gov. SE 1975-1979.
José Rollemberg Leite nasceu
em Riachuelo (SE) no dia 19 de setembro de 1912, filho de Sílvio César Leite e
de Lourença Rollemberg Leite. Seu pai era médico. Seu tio Augusto César Leite
foi constituinte em 1934 e senador de 1935 a 1937 e outro irmão de seu pai, Júlio César Leite, foi senador de 1951 a 1959 e de 1963 a 1971. Seu irmão Francisco Leite Neto foi secretário-geral de Sergipe durante a gestão do
interventor federal Augusto Maynard Gomes (1942-1945) e senador de 1963 a 1964. Outros membros destacados da família Rollemberg foram Arnaldo Rollemberg Garcez,
governador do estado de 1951 a 1955 e deputado federal de 1958 a 1971, Carlos Valdemar Acióli Rollemberg, deputado por Sergipe de 1947 a 1951, Armando Leite Rollemberg, deputado federal de 1955 a 1963 e ministro do Tribunal Federal de Recursos (TFR), João Machado Rolemberg Mendonça, deputado federal de 1963 a 1969, e Francisco Guimarães Rollemberg, deputado federal por Sergipe a partir de 1971.
Fez seus estudos primários no Colégio Salesiano Nossa Senhora
Auxiliadora em Aracaju e no Colégio Jesuíta Padre Antônio Vieira em Salvador. Neste último fez também os estudos secundários. Transferindo-se para Minas Gerais,
formou-se em 1935 engenheiro civil e de minas pela Escola de Minas e Metalurgia
de Ouro Preto.
Voltando
ao seu estado, passou a se dedicar ao magistério, lecionando de 1937 a 1941 física e matemática nos colégios Tobias Barreto, Salesiano e Nossa Senhora de Lourdes. Em
1941, durante a interventoria de Mílton Pereira de Azevedo (1941-1942), foi
nomeado diretor do Departamento de Educação de Sergipe. Exerceu essas funções
até 1942, já na gestão do interventor federal Augusto Maynard Gomes, e, em
1943, passou a dirigir o Departamento de Obras Públicas, que deixou em 1945.
Incentivado pelo seu irmão Francisco Leite Neto, filiado ao
Partido Social Democrático (PSD), e pelo seu tio Júlio César Leite, orientador
do Partido Republicano (PR) no seu estado, concorreu às eleições de janeiro de
1947 ao governo de Sergipe, apoiado por uma coligação desses dois partidos,
derrotando o candidato da União Democrática Nacional (UDN), Luís Garcia, e o da
Esquerda Democrática, o jornalista Orlando Ribeiro Dantas. Nesse pleito, com o
apoio das forças políticas lideradas por Maynard Gomes, obteve 40.827 votos
contra 25.793 do candidato udenista.
No governo de Sergipe
Empossado no governo de Sergipe em março de 1947, em
substituição ao interventor federal Joaquim Sabino Ribeiro, procurou manter uma
posição de independência em relação aos dois partidos que o elegeram, sendo
pressionado ora por um ora por outro. Realizou diversas obras, conseguindo do
governo federal, através do Congresso Nacional, recursos para as obras do
aprendizado agrícola, para o Instituto de Química, para a instalação de postos
agropecuários e para a ampliação dos hospitais dos municípios de Capela, Maroim
e Japaratuba. Melhorou os serviços do Hospital Colônia, destinado ao tratamento
de doenças mentais. Com o intuito de solucionar os problemas referentes aos
serviços de água e esgoto da capital, passou a direção destes, mediante
contrato, à empresa Saturnino de Brito.
No
âmbito administrativo, preocupou-se em fixar a divisão administrativa e
judiciária, sancionando uma lei que organizava os municípios e oferecia
vantagens aos que quisessem implantar indústrias, instalando fábricas de
exploração de fibras de coco. Estimulou a criação de escolas de nível superior
no estado, como, por exemplo, a Faculdade de Ciências Econômicas e a Escola Superior
de Química de Sergipe, ambas criadas em novembro de 1948. Doou um imóvel à
recém-fundada Faculdade de Direito, tornando possível a sua instalação e
funcionamento, e mandou construir um moderno edifício para o Colégio Estadual
de Sergipe. Voltando-se para o ensino rural, promoveu a construção de 218
escolas rurais, duas escolas normais rurais em Itabaiana e Lagarto e sete
grupos escolares rurais, e concluiu a construção de grupos escolares nos
municípios de Arauá, Propriá e Simão Dias, os quais, por não terem sido
edificados com solidez, algum tempo depois desmoronaram, causando prejuízos e
novas despesas. Discursando na Assembléia Legislativa em março de 1949,
declarou que “educação ampla, sem restrições, era o programa a que seu governo
se entregaria acima de qualquer outro, se não fosse premido por questões
financeiras e por soluções imediatas que o constrangiam a uma limitação de
propósito”.
Seu governo sofreu oposição do Partido Comunista Brasileiro,
então chamado Partido Comunista do Brasil (PCB). O cancelamento do registro do
PCB em maio de 1947, pouco depois de Rollemberg assumir o governo do estado, e
a ameaça de cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas repercutiram na
Assembléia Legislativa sergipana, dando início a uma crise que culminou com a
realização de um comício em Aracaju em dezembro ainda de 1947 para protestar
contra esses atos do governo do general Eurico Gaspar Dutra. Não tendo sido
autorizado pelo Departamento de Segurança Pública do estado, esse comício foi
dissolvido pelas forças policiais, acarretando a morte de um dos participantes.
Logo depois o Diário Oficial de Sergipe divulgou uma nota isentando de
qualquer responsabilidade a polícia e culpando os próprios comunistas pelo
desfecho do comício.
Terminando o seu governo em janeiro de 1951, transmitiu-o ao
presidente do Tribunal de Justiça, desembargador João Dantas Martins dos Reis,
em virtude de o governador eleito Arnaldo Rollemberg Garcez, pertencente à sua
família, e o vice-governador Edézio Vieira de Melo não terem ainda recebido os
seus diplomas.
Ainda
em 1951, assumiu a direção do Departamento Regional do Serviço Nacional da
Indústria (Senai), da qual se afastou no ano seguinte para dirigir o Instituto
de Mineração e Metalurgia da Escola de Minas de Ouro Preto. Deixando esse cargo
em 1961, assumiu novamente a direção do Senai por mais um biênio.
Em
outubro de 1962 elegeu-se suplente de seu irmão, que obteve o mandato de
senador por Sergipe, na legenda da coligação do PSD com o Partido Republicano
Trabalhista (PRT). Com a morte de Francisco Leite Neto, assumiu em dezembro de
1964 uma cadeira no Senado.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional
nº 2 (AI-2), editado em 27 de outubro de 1965 pelo governo do presidente
Humberto Castelo Branco (1964-1967), e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de
apoio ao governo, tornando-se mais tarde presidente da diretoria regional desse
partido em seu estado. Nesse período, participou ativamente da política
sergipana, articulando o processo sucessório nesse estado. Deixou o Senado em
janeiro de 1971, quando encerrou seu mandato.
De volta ao governo
Em
maio de 1974 reuniu-se com o senador Petrônio Portela, então coordenador da
Arena para a sucessão nos governos estaduais, para a escolha dos três nomes de
uma lista de 11 políticos cogitados para a sucessão governamental em seu
estado. Essa lista tinha sido elaborada pelos senadores Lourival Batista,
Augusto Franco e Leandro Maciel. Logo depois, no entanto, Rollemberg foi
indicado pelo presidente da República, general Ernesto Geisel (1974-1979), para
suceder ao governador Paulo Barreto de Meneses (1971-1975), tendo como
companheiro de chapa Antônio Ribeiro Sotelo.
Eleito
em outubro de 1974, pela Assembléia Legislativa, governador de Sergipe,
afirmou, na cerimônia de posse, no dia 15 de março do ano seguinte, que contava
com o apoio popular ao seu governo e que iria dar especial relevo à educação e
à saúde, implantando gradativamente em seu estado a Lei nº 5.692, de agosto de
1971, do então ministro da Educação, Jarbas Passarinho. Essa lei de reforma do
ensino buscava o equilíbrio entre a tecnologia e a cultura humanística, dando
prioridade à profissionalização a fim de promover a integração do estudante nas
atividades econômicas do país.
Em março de 1979 Rollemberg passou o governo a Augusto do
Prado Franco, candidato da Arena ao governo de Sergipe, eleito indiretamente em
setembro do ano anterior.
Ao longo de sua vida, foi ainda professor catedrático do Colégio
Estadual de Sergipe e professor de matemática da Faculdade Católica de
Filosofia, onde mais tarde ministrou aulas de administração escolar. Ensinou
também física industrial e economia das indústrias na Escola de Química de
Sergipe, administração de obras sociais na Escola de Serviço Social do mesmo
estado, estatística geral no Instituto de Matemática da Universidade Federal de
Sergipe e estrutura e funcionamento do ensino de 1º e 2º graus e princípios e
métodos de administração escolar na Faculdade de Educação da mesma
universidade.
Foi ainda membro do conselho de administração da Escola
Técnica Federal de Sergipe, do Conselho Rodoviário de Sergipe e do Conselho de
Educação do mesmo estado.
Faleceu no dia 24 de outubro de 1996.
Era casado com Maria de Lurdes Silveira Leite, com quem teve
dois filhos.
Publicou A natureza da luz (tese de concurso, 1948), Agroindústria
no Nordeste (1965), Impressões de viagem (Japão e México —
aspectos econômicos e educacionais) (1967), Plano Badajos — irrigação e
colonização de áreas secas (1967), Xisto pirobetuminoso (1968), O
Brasil e a energia nuclear (1968) e Siderurgia no Brasil (1970).
FONTES: ARQ. PÚBL.
EST. SE; GUARANÁ, M. Dic.; IPC. Relação de ex-parlamentares
(1992-1998); NÉRI, S. 16; SENADO. Relação; WYNNE, J. História.