LEME,
Luís Pinheiro Pais
*pres. UNE 1940-1942.
Luís Pinheiro Pais Leme,
na qualidade de presidente do diretório acadêmico da Faculdade de Direito do
Rio de Janeiro, participou do IV Congresso da União Nacional dos Estudantes
(UNE), realizado em julho de 1940, sendo eleito nessa ocasião presidente da
entidade em substituição a Trajano Pupo Neto. Entre seus companheiros de chapa
incluíam-se Ulisses Guimarães, então presidente do Grêmio XI de Agosto da
Faculdade de Direito de São Paulo e, mais tarde, ministro da Indústria e
Comércio (1961-1962), deputado federal (1951-1961 e a partir de 1962) e
presidente do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), e Hélio de Almeida, presidente do diretório
acadêmico da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, depois ministro da Viação e
Obras Públicas (1962-1963).
Durante sua gestão a UNE se fortaleceu, consolidando-se no
quadro político nacional. Favoráveis à quebra da neutralidade do Brasil em
relação à Segunda Guerra Mundial, entre 1940 e 1942 os estudantes
intensificaram o movimento em prol do rompimento das relações diplomáticas com
os países do Eixo. Embora dividido, o governo ditatorial de Getúlio Vargas
acabou por adotar essa medida em janeiro de 1942, o que acarretou o aguçamento
dos conflitos internos e o fortalecimento da posição aos setores favoráveis ao
envio de tropas para a Europa. A força dessa posição veio a crescer ainda mais
depois dos primeiros afundamentos de navios brasileiros por submarinos alemães.
Pais Leme participou ativamente do movimento anti-eixo, sendo
um dos organizadores da grande passeata em favor da declaração de guerra,
realizada no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 4 de julho de 1942, com
o apoio de Osvaldo Aranha — ministro das Relações Exteriores — e de Ernâni
Amaral Peixoto — interventor no estado do Rio de Janeiro. O chefe de polícia do
Distrito Federal, Filinto Müller, tentou proibir a manifestação, provocando uma
grave crise dentro do governo, só resolvida com o seu afastamento e de algumas
outras autoridades civis.
No início de agosto de 1942, a UNE solicitou formalmente a
Vargas a cessão do prédio nº 132 na praia do Flamengo, no Rio, para a
instalação de sua sede. Ali havia funcionado um clube da colônia alemã, a
Sociedade Germânica, fechado depois do rompimento das relações diplomáticas
entre o Brasil e a Alemanha. A petição recebeu despacho favorável, mas a
concessão foi dificultada pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema. Diante
disso, em 18 de agosto — 13 dias antes da declaração de guerra ao Eixo —, o
edifício foi ocupado e transformado no “quartel-general contra os
quinta-colunas brasileiros”. Um mês depois, no V Congresso da UNE, realizado em
14 de setembro de 1942, Pais Leme transmitiu a presidência da entidade a seu
sucessor, Hélio de Almeida.
Oito anos mais tarde, no pleito de outubro de 1950, foi
eleito vereador no Distrito Federal na legenda da União Democrática Nacional
(UDN), assumindo o mandato em fevereiro de 1951. Foi reeleito em outubro de
1954, concorrendo então na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Nesse mesmo pleito elegeu-se também suplente do senador petebista Aguinaldo
Caiado de Castro.
Em outubro de 1958 foi eleito suplente de deputado federal
pelo Distrito Federal, com o apoio da Aliança Democrática Nacionalista,
coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD), o Partido Socialista
Brasileiro (PSB), o Partido Republicano (PR), o Partido Libertador (PL) e o
Partido Trabalhista Nacional (PTN). Deixando sua cadeira na Câmara dos
Vereadores do Distrito Federal em janeiro de 1959, não chegou a assumir o
mandato na Câmara dos Deputados.
Em sua carreira de advogado, foi procurador do estado do Rio
de Janeiro.
Faleceu em Uberlândia (MG) no dia 25 de agosto de 1982.
Foi casado com Neda Paiva Pais Leme, com quem teve dois
filhos.
FONTES: CARONE, E.
Estado; Jornal do Brasil (29/8/82); NÉRI, S. 16; POERNER, A. Poder; TRIB. SUP.
ELEIT. Dados (2, 3 e 4).