HAUER, Lício
*dep.
fed. DF 1959-1960; dep. fed. GB 1960-1963.
Lício da Silva Hauer nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 9 de dezembro de 1919, filho
de Júlio César Hauer, médico e jornalista, secretário da Procuradoria Geral da
República por mais de dez anos nas décadas de 1940 e 1950, e de Ester Silva
Hauer.
Empregado dos Correios desde 1939, em junho de 1943 foi
nomeado, por concurso, funcionário do Tribunal de Contas da União (TCU) em Mato Grosso. Tornou-se delegado do TCU no estado, desempenhando o cargo até 1945. Transferido
para Santa Catarina neste ano e para o Espírito Santo em 1947, voltou a morar
no Rio de Janeiro em 1949, ainda ocupando o mesmo cargo.
Em 1951 bacharelou-se em direito pela Faculdade de Direito do
Rio de Janeiro, curso que havia iniciado em Santa Catarina e prosseguido no Espírito Santo.
Presidiu, em setembro de 1952, o I Congresso Nacional de
Servidores Públicos, quando foi fundada a União Nacional dos Servidores
Públicos do Brasil, da qual foi escolhido presidente. Em abril de 1958 fundou a
Confederação dos Servidores Públicos do Brasil e assumiu sua presidência.
Em
outubro do mesmo ano, elegeu-se deputado federal na legenda do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) pelo então Distrito Federal. Dos três candidatos da
cidade do Rio que receberam o apoio eleitoral do Partido Comunista Brasileiro —
então Partido Comunista do Brasil (PCB) —, apenas Lício Hauer, com cerca de 16
mil votos, conseguiu eleger-se.
Para
assumir o mandato, em fevereiro de 1959, licenciou-se do cargo de delegado do
TCU e afastou-se da presidência da União Nacional dos Servidores Públicos do
Brasil e da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil. Com a transferência
da capital para Brasília, em abril de 1960, passou a representar na Câmara dos Deputados
o estado da Guanabara. Em julho de 1961, Lício Hauer teve aprovado na Câmara o
projeto de sua autoria que estabelecia a jornada de trabalho de 33 horas
semanais para as repartições públicas federais. O projeto, contudo, foi
rejeitado no Senado.
Vinculado à Frente Parlamentar Nacionalista, participou das
campanhas promovidas por essa coligação suprapartidária, que reunia
trabalhistas, socialistas e nacionalistas. Em outubro de 1962 candidatou-se à
reeleição na legenda da Aliança Socialista Trabalhista, coligação do PTB com o
Partido Socialista Brasileiro (PSB). No entanto, obteve apenas uma suplência, e
deixou a Câmara ao final do mandato, em janeiro de 1963.
Após a vitória do movimento político-militar de 31 de março
de 1964 que depôs o presidente João Goulart, teve seus direitos políticos
suspensos por dez anos no dia 10 de junho, com base no Ato Institucional nº 1
(9/4/1964). Partiu então para a Iugoslávia com um grupo de exilados que incluía
Almino Afonso, deputado federal e ministro do Trabalho de João Goulart em 1963,
o jornalista Rubem Paiva e o deputado Luís Fernando Bocaiúva Cunha. Mudando-se
depois para o Chile, durante o governo do presidente Eduardo Frei, Hauer
participou da Corporación de la Reforma Agraria, juntamente com outros brasileiros, como Almino Afonso e o deputado federal Plínio de Arruda Sampaio. Com o
golpe militar no Chile, em setembro de 1973, teve que abandonar o país, indo
para a Suécia.
Após
15 anos de exílio, Lício Hauer retornou ao Brasil em meados de 1979, pouco
antes de aprovada a Lei da Anistia (22/8/1979). No ano seguinte, trabalhou como
assessor do deputado federal Alberto Goldman, do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB). Nesta legenda, candidatou-se à Câmara de Vereadores
do Rio de Janeiro em novembro de 1982, mas não foi eleito.
De 1983 a 1985 presidiu a assessoria da Comissão de Justiça
da Câmara de Vereadores. Entre 1985 e 1986, quando o prefeito do Rio era
Roberto Saturnino Braga, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi chefe de
gabinete do secretário de Desenvolvimento Social da Prefeitura, Maurício Azedo.
Afastado da política desde então, passou a viver da
aposentadoria pelo tempo de serviço público, determinada pelo governo na época
da sua cassação.
Foi casado com Iolanda Storni Hauer, com quem teve seis
filhos, e mais tarde com Hélia Maciel Hauer, com quem teve quatro filhos.
FONTES: ARQ. DEP. PESQ.
JORNAL DO BRASIL; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1946-1967); CÂM. DEP. Relação; CHILCOTE, R.
Brazilian; COUTINHO, A. Brasil; Estado de S. Paulo
(5/9/62); INF. BIOG.; NÉRI, S. 16; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (4 e
6); VÍTOR, M. Cinco.