LINHARES, Aurélio
*militar; rev.
1924; rev. 1930; comte. IV DN 1955; comte. V DN
1958.
Aurélio Linhares nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 8 de setembro de 1896, filho
de Manuel do Nascimento Alves Linhares, engenheiro, e de Maria José de Araújo e
Silva Linhares, professora.
Ingressou,
em maio do 1914, na Escola Naval do Rio de Janeiro. Participou da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) engajado na divisão Naval em Operação de Guerra. Foi
promovido a segundo-tenente em fevereiro de 1917 e a primeiro-tenente em
novembro de 1921. Em 1923 cursou a Escola de Submarinos.
Servia no estado do Amazonas quando, em julho de 1924,
irrompeu a revolta tenentista contra o presidente Artur Bernardes. O movimento
foi deflagrado inicialmente em São Paulo, onde os rebeldes, comandados pelo
general lsidoro Dias Lopes, ocupariam a capital por três semanas, abandonando-a
em seguida para deslocar-se no sentido do interior. Em Sergipe, a tentativa de
solidariedade aos paulistas foi rapidamente dominada. No Amazonas, um grupo
rebelde, do qual Aurélio Linhares fazia parte, sob a liderança dos tenentes
Alfredo Ribeiro Júnior e Joaquim Cardoso Magalhães Barata, depôs o governador
Turiano Meira no dia 23 de julho.
Constituiu-se,
a seguir, uma junta governativa, presidida pelo tenente Ribeiro Júnior. Alguns
dias depois, contudo, tropas federais comandadas pelo general João de Deus Mena
Barreto depuseram a junta revolucionária, a despeito do grande apoio popular de
que desfrutava. Assumiu então a chefia do estado, na condição de governador
militar, o coronel Raimundo Barbosa, e os rebeldes foram enviados presos para
Belém. Aurélio Linhares permaneceu detido durante 32 meses, embora estivesse
condenado a apenas um ano de prisão.
Participou também do movimento revolucionário de outubro de
1930 e, após a vitória da revolução, foi beneficiado pela anistia decretada
pelo Governo Provisório e promovido a capitão-tenente, tendo a medida valor
retroativo a fevereiro de 1926. Ainda no período pós-revolucionário, participou
da Comissão Revisora dos Inquéritos Administrativos, organizada por Juarez Távora,
então ministro da Viação e Obras Públicas, e presidiu a Comissão de Inquéritos
Militares do Ministério da Marinha. Em 1934 realizou viagem de estudos aos
Estados Unidos.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), comandou
comboios e navios brasileiros. Com a desagregação do Estado Novo (1937-1945),
participou da formação dos novos partidos políticos. Apoiou a tese do monopólio
estatal do petróleo em conferência proferida no Clube de Engenharia do Rio de
Janeiro, quando da intensa discussão acerca da exploração petrolífera que
resultou na criação da Petrobras durante o segundo governo de Getúlio Vargas
(1951-1954).
No
posto de contra-almirante, foi designado, em janeiro de 1955, durante o governo
de João Caio Filho, comandante do IV Distrito Naval (DN), sediado em Belém, em
substituição ao contra-almirante Paulo Mário da Cunha Rodrigues. Exercia essa
função em 11 de novembro de 1955, quando foi deflagrado um movimento
político-militar liderado pelo general Henrique Teixeira Lott, ministro da
Guerra demissionário, e organizado, segundo seus promotores, para barrar uma
conspiração em curso no governo e assegurar a posse do presidente eleito
Juscelino Kubitschek. O movimento provocou o impedimento dos presidentes João
Café Filho, licenciado, e Carlos Luz, em exercício, empossando na chefia da
nação Nereu Ramos, vice-presidente do Senado. Contrário ao movimento, Aurélio
Linhares foi exonerado do comando do IV DN em 14 de novembro do mesmo ano,
sendo substituído pelo contra-almirante Ari dos Santos Rangel.
Durante
o governo de Juscelino Kubitschek. assumiu, em janeiro de 1958, o comando do V
DN, sediado em Florianópolis, substituindo o contra-almirante Alberto Jorge
Carvalhal. Exerceu essa função até julho do mesmo ano, quando foi substituído
por Antônio Carlos Raja Gabaglia.
Participou ativamente da campanha de Jânio Quadros à
presidência da República em 1960, tendo presidido a “arregimentação janista”,
em favor dessa candidatura. Em 1961 opôs-se à adoção do parlamentarismo no
país, solução conciliatória encontrada pelo Congresso para encerrar a crise
gerada pelo veto dos ministros militares à posse do vice-presidente João
Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros (25/8/1961).
Aurélio Linhares foi ainda administrador do porto de Ilhéus
(BA) de agosto de 1968 a maio de 1975.
Participou de vários congressos, conferências e comissões no
Brasil e no exterior, tendo sido adido naval no Paraguai. Ocupou também o posto
de capitão dos portos de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
Casou-se com Mary de Figueiredo.
Além de artigos e conferências publicou Fantasia (1925),
São Carmo, Salada de letras, Histórias infantis, Epístolas optativas,
Judite e outras peças teatrais.
FONTES: CORRESP. SER. DOC.
GER. MAR.; ENTREV. BIOG.; RIBEIRO FILHO, J. Dic.; SOUSA, J. Teatro; VELHO
SOBRINHO, J. Dic.