BRAGA,
Márcio
*dep. fed. RJ 1983-1991.
Márcio Baroukel de Sousa Braga nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 14 de
maio de 1936, filho de Antônio de Sousa Braga e de Jacira Ester Baroukel Tomé.
Casado com Maria Lúcia Gomes de Lemos, sobrinha do presidente
da República, Juscelino Kubitschek (1956-1961), em 1957 Braga foi nomeado
titular do 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro. Ainda no mesmo ano ingressou
no curso de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que
concluiu em 1961. Quatro anos mais tarde, também por indicação de Juscelino,
deu seus primeiros passos na vida política, tornando-se secretário-geral do
Partido Social Democrático (PSD) no Rio de Janeiro e coordenador da campanha
vitoriosa de Francisco Negrão de Lima ao governo do estado da Guanabara, eleito
em outubro daquele ano.
Tornou-se
conhecido do grande público em 1977, quando foi eleito presidente do Clube de
Regatas do Flamengo para um mandato de quatro anos. Sob seu comando, o time
carioca conquistou títulos inéditos em sua história: campeão brasileiro,
campeão da Taça Libertadores da América e campeão mundial de clubes.
Em novembro de 1982, graças ao prestígio obtido durante a
presidência do Flamengo, elegeu-se deputado federal na legenda do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Empossado em fevereiro seguinte,
tornou-se membro titular da Comissão de Educação e Cultura e presidente da
Comissão de Esporte e Turismo da Câmara, permanecendo até 1984.
Coordenador
nacional do PMDB na campanha das diretas, em 25 de abril de 1984 votou a favor
da emenda Dante de Oliveira, que previa o restabelecimento de eleições diretas
para presidente da República em novembro daquele ano. Como a emenda não obteve
a votação necessária para ser encaminhada ao Senado Federal, decidiu apoiar, no
Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, reunido para escolher o novo presidente
do país, a chapa oposicionista Tancredo Neves-José Sarney, lançada pela Aliança
Democrática, coligação do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social
(PDS) reunida na Frente Liberal. Eleito com uma esmagadora votação sobre o
candidato do PDS, Paulo Maluf, Tancredo, no entanto, não chegou a assumir a
presidência. Gravemente enfermo, veio a falecer em 21 de abril de 1985, sendo
substituído no cargo por Sarney, que vinha exercendo a função interinamente
desde o dia 15 de março.
Em 1986, Márcio Braga assumiu a vice-presidência da Comissão
de Esporte e Turismo da Câmara e em novembro do mesmo ano elegeu-se deputado
federal constituinte na legenda do PMDB. Na Assembléia Nacional Constituinte,
integrou como titular a Subcomissão de Tributos, Participação e Distribuição
das Receitas, da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças, e foi
suplente da Comissão de Sistematização.
Voltou à presidência do Flamengo no biênio 1987-1989,
disposto a reverter o momento de crise que o time carioca enfrentava. Em agosto
de 1988, foi derrotado pelo suplente de senador José Colagrossi, na prévia que
indicou o candidato do PMDB à sucessão do prefeito do Rio de Janeiro, Roberto
Saturnino Braga. Realizada em novembro seguinte, a eleição teria como vencedor
o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Marcelo Alencar.
Nas principais votações da Constituinte, Braga votou a favor
do rompimento de relações diplomáticas com países de orientação racista, do
turno ininterrupto de seis horas, do aviso prévio proporcional, da soberania
popular, da instituição do voto facultativo aos 16 anos, da nacionalização do
subsolo, da proibição do comércio de sangue, da limitação dos encargos para a
dívida externa, da adoção do sistema parlamentarista e da anistia aos micro e
pequenos empresários. Votou contra a pena de morte, a limitação do direito de
propriedade privada, a remuneração 50% superior para o trabalho extra, a
jornada semanal de 40 horas, a manutenção do sistema presidencialista, a
estatização do sistema financeiro, o mandato de cinco anos para José Sarney e a
legalização do jogo do bicho. Com a promulgação da nova Constituição em 5 de
outubro de 1988, continuou no exercício de seu mandato regular como deputado
federal.
Em fevereiro de 1990, juntamente com outros deputados e
membros do PMDB, filiou-se ao PDT. Concorreu à reeleição em outubro desse mesmo
ano, mas não obteve êxito. Deixou com isso a Câmara em janeiro de 1991, ao
final de seu mandato.
Pela
terceira vez presidente do Flamengo no período 1991-1993, ocupou a Secretaria
de Esportes e Lazer do Estado do Rio de Janeiro durante o segundo governo
Leonel Brizola (1991-1994), tendo nessa ocasião acumulado a pasta com a
presidência da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro
(Suderj).
Em 1992 durante o governo de Itamar Franco (1992-1994), Braga
tornou-se titular da Secretaria Nacional de Desportos, órgão do Ministério da
Educação.
Em março de 1994, teve seu nome citado numa lista de pessoas
que supostamente teriam recebido dinheiro proveniente do jogo do bicho,
atividade ilegal no país. Descoberta pelo procurador-geral de Justiça Antônio
Carlos Biscaia após uma diligência ao escritório do bicheiro Castor de Andrade,
a lista incluía, além de políticos, vários membros do Poder Judiciário e nomes da
alta cúpula da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O caso teve como resultado a
condenação de dezenas de pessoas, entre elas o próprio Castor de Andrade, mas
não incriminou nenhum político.
Em agosto seguinte, deixou a Secretaria Nacional de
Desportos, após um acidente de moto que o impossibilitou de continuar exercendo
a função. Afastado de qualquer atividade durante seis meses, retomou
posteriormente o ofício de tabelião.
Em dezembro de 1998, foi novamente candidato à presidência do
Flamengo, mas acabou derrotado pelo candidato Edmundo Santos Silva. Tentou o
cargo novamente, em 2003, e, desta vez, saiu vencedor. Assumiu no ano seguinte.
Dois anos depois, alcançou a reeleição na presidência do clube.
Márcio
Braga teve três filhas com Maria Lúcia Gomes de Lemos. Mais tarde, uniu-se a
Noelza Guimarães, com quem teve mais uma filha.
Publicou Das Diretas Já a Sarney (1986).
Luís
Otávio de Sousa/Sandra Cordeiro
FONTES: ASSEMB.
NAC. CONST. Repertório (1987); COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova;
Estado de S. Paulo (23/9/87, 22/4/97); Folha de S. Paulo (9/8/88,
30/10/92); Globo (26/4/84, 16/1/85, 25/4/87, 2/2, 14 e 31/7/88, 20/2/90,
17/2/93, 7/4/94); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (8/4/86, 30/3/87, 6/6/89,
23/5/96); sítio oficial do C.R. Flamengo (www.flamengo.com.br/site_clube/clube/clube_diretoria.html).