MATA,
Alfredo Augusto da
*const. 1934; sen. AM 1935-1937.
Alfredo Augusto da Mata
nasceu em Salvador no dia 18 de março de 1870, filho do major Joaquim Francisco
da Mata e de Leopoldina Carolina da Mata.
Estudou nos colégios São José e Carneiro Ribeiro, em sua
cidade natal. Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em dezembro de 1893,
especializou-se em medicina tropical, profilática e dermatológica.
Médico do Lóide Brasileiro de abril a outubro de 1894,
fixou-se depois em Manaus. Durante o governo de Antônio Clemente Bittencourt
(1908-1910) foi designado diretor do Departamento de Saúde Pública do Estado do
Amazonas. Ao lado de João de Miranda Leão e de Wolferitan Thomas, empenhou-se
no combate aos mosquitos que infestavam Manaus, obtendo êxito ao fim de cerca
de três meses de trabalho. Esse desempenho foi elogiado pelo sanitarista
Osvaldo Cruz, chegado à capital amazonense para organizar a campanha contra a
febre palustre que atacava a equipe responsável pela construção da estrada de
ferro Madeira-Mamoré. Ainda em 1908 participou do Congresso de Assistência
Pública durante a Exposição Nacional realizada no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal.
Deputado estadual de 1916 a 1922, quando renunciou ao
mandato, presidiu a Assembléia Legislativa amazonense de 1919 a 1922, sendo
nomeado em 1921 inspetor federal do Serviço Sanitário Rural. Coube-lhe também a
direção do Serviço de Profilaxia da Lepra e Doenças Venéreas no Amazonas,
função que exerceu até 1930.
Após a Revolução de 1930, filiou-se ao Partido Socialista do
Amazonas (PSA), organizado para concorrer às eleições para a Assembléia
Nacional Constituinte. O PSA associou-se à União Cívica Amazonense, sessão da
União Nacional, coligação organizada pelas forças tenentistas nos meses de
março e abril de 1933 com o objetivo de reunir partidos estaduais numa
agremiação nacional. Logo após as eleições de maio de 1933, entretanto, essa
coligação se desarticularia.
Na
legenda da União Cívica Amazonense, Alfredo da Mata foi um dos quatro
candidatos eleitos no estado. Empossado em novembro de 1933, participou dos
trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (16/7/1934) e a
eleição do presidente da República, teve o mandato prorrogado até maio de 1935.
Ainda nesse ano, foi eleito senador pela Assembléia Constituinte do Amazonas,
exercendo o mandato até novembro de 1937, quando, com o advento do Estado Novo
(1937-1945), foram suprimidos todos os órgãos legislativos do país. Não voltou
a exercer cargos legislativos.
Professor
da cadeira de higiene e enfermatologia dos cursos de farmácia e agronomia da
Universidade do Pará, foi também tenente-coronel-cirurgião da Guarda Nacional,
encarregado do Laboratório e Análises, médico do Asilo de Misericórdia, diretor
do Serviço de Higiene da Municipalidade de Manaus, do Serviço de Higiene do
Estado do Amazonas e do Instituto Pasteur de Manaus. Detectou no Amazonas um
novo díptero hematófago do gênero Rhodinus, tendo descoberto ainda a doença das
seringueiras denominada “polilha” e seu agente causador, o microleóptero
Platipus mattai, que recebeu o seu nome em homenagem prestada pelo
entomologista argentino Juan Brethes.
Representou o Amazonas no Congresso Brasileiro de Medicina e
Cirurgia realizado em São Paulo, do qual foi vice-presidente honorário,
participando também do IV Congresso Médico Latino-Americano, do I Congresso
Sul-Americano de Dermatologia e Vifiligrafia e dos VI e VII congressos
brasileiros de Medicina, Cirurgia e Dermatologia.
Foi membro-fundador da Sociedade de Medicina e Farmácia e da
Sociedade de Medicina e Cirurgia do Amazonas, da Sociedade Amazonense de
Agricultura e do Círculo dos Auxiliares da Imprensa. Pertenceu à Academia
Nacional de Medicina, à Academia Nacional de Ciências, ao Instituto Histórico e
Geográfico do Amazonas, do qual foi vice-presidente, e à Academia Amazonense de
Letras. Foi, ainda, sócio da Academia Nacional de Medicina do México, da
Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais, de Cuba, da Sociedade de
Médicos de Ciudad Bolívar, na Venezuela, da Academia de Medicina de Porto Rico,
da Academia de Medicina de Medellín, na Colômbia, da Academia de Medicina do
Peru, da Sociedade Científica de Santiago, no Chile, da Sociedade de Medicina
de Guaiaquil, no Equador, do Instituto Médico da Bolívia, do Círculo Médico de
Córdoba, na Argentina, da Sociedade de Patologia Exótica, de Paris, da Academia
Internacional de Geografia Botânica, da França, da Academia Italiana de
Ciências Físico-Químicas, da Sociedade de Medicina e Higiene Tropical, de
Paris, da Academia de Higiene da Catalunha, na Espanha, e da Real Academia
Hispano-Americana de Ciências e Artes de Cádiz, também na Espanha.
Faleceu em Manaus no dia 3 de março de 1954.
Foi casado com Zulmira Martins de Meneses, com quem teve um
filho, e, em segundas núpcias, com Maria Madalena Mavignier Oliveira da Mata,
com quem teve quatro filhos.
Colaborador
das revistas Brasil Médico e Amazonas Médico, publicou, além de mais de duas
centenas de artigos em diversas outras revistas nacionais e estrangeiras,
Geografia e topografia médica de Manaus (1916); Flora médica brasiliense; ABC
da profilaxia do impaludismo; Tricocéfalos e tricocefalose; Parasitose
agrícola: larvas que inutilizaram o guaraná; Esterigmatitis tropicalis: fungo
patogênico para o homem; Entomologia agrícola; Os inimigos das seringueiras;
Larvas de lepidópteros prejudiciais ao ananás, ao manacá e à figueira; O cancro
no milho; O Brasil central, viagens e explorações; Insetos úteis e prejudiciais
à lavoura; Patologia amazonense e Leishmanioses.
FONTES:
ASSEMB. NAC. CONST. 1934. Anais (1); BITTENCOURT, A. Dic.; Boletim Min. Trab. (5/36);
CÂM. DEP. Deputados; Diário do Congresso Nacional; GODINHO, V. Constituintes;
Grande encic. Delta; Jornal do Comércio, Rio (6/3/54); SENADO. Anais (1935);
VELHO SOBRINHO, J. Dic.