LUPION,
Moisés
*gov. PR 1947-1951; sen. PR
1955-1956; gov. PR 1956-1961; dep. fed. PR 1963-1964.
Moisés Lupion de Troya nasceu
em Jaguariaíva (PR) no dia 25 de março de 1908, filho de João Lupion de Troya,
natural da Espanha, e de Carolina Wille Lupion.
Realizou
os primeiros estudos em sua cidade natal e cursou o secundário no Colégio
Duílio Calderari e no Ginásio Paranaense, situados em Curitiba. Formou-se em contabilidade na Escola Álvares Penteado, na cidade de São Paulo,
transferindo-se em seguida para Piraí do Sul (PR), onde passou a dedicar-se à
indústria e comércio de madeira e à agricultura.
Com o fim do Estado Novo e a redemocratização do país,
aderiu, em 1946, ao Partido Social Democrático (PSD) e foi escolhido presidente
da seção paranaense dessa agremiação, cargo que exerceu até 1950. Em janeiro de
1947, foi eleito governador do Paraná. O início de sua administração foi
marcado pelo agravamento da luta armada entre posseiros e grileiros, que
disputavam a posse das terras do norte do estado. Nessa época, Lupion fundou a
Clevelândia Industrial e Territorial (Citla), empresa voltada para a
colonização e a exploração madeireira que se envolveu nos anos seguintes em
graves conflitos sociais no campo paranaense.
Durante seu governo, Lupion conferiu ênfase ao
desenvolvimento do ensino secundário gratuito e à construção de centros de
saúde e de puericultura. Atuou também no sentido de ampliar os recursos
energéticos do estado, estabelecendo um plano de expansão das usinas
hidrelétricas. Terminado o seu mandato em 1951, Lupion só retornou à vida
pública em 1954, quando foi eleito senador pelo Paraná, na legenda do PSD.
Iniciou seu mandato parlamentar em fevereiro de 1955 e, pouco depois, tornou-se
mais uma vez candidato ao governo paranaense com o apoio do PSD e dos partidos
Democrata Cristão (PDC) e Trabalhista Nacional (PTN), sendo eleito em outubro
do mesmo ano.
Permaneceu
no Senado até ser empossado no governo estadual em fevereiro de 1956. Nesse
intervalo, ocorreu o movimento militar de 11 de novembro de 1955, liderado pelo
general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra até a véspera, visando
assegurar a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek. Em seguida, o
Congresso decretou o impedimento do presidente em exercício, Carlos Luz, e
empossou o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, na chefia do governo federal.
No dia 21 desse mês, Lupion votou a favor do impedimento do presidente João
Café Filho, que estava licenciado e tentou, sem êxito, reassumir o cargo.
Entre
1956 e 1960, Lupion presidiu o diretório regional do PSD. Durante sua segunda
administração estadual, agravaram-se os conflitos agrários no Paraná, pois os
lavradores se recusavam a deixar as terras em que trabalhavam, organizando a
resistência armada aos pistoleiros contratados por algumas empresas. Essa luta
resultou em sucessivos levantes em municípios da região sudoeste do estado,
como Francisco Beltrão, Pato Branco, Santo Antônio e Capanema. Na condição de
proprietário da Citla, Lupion foi envolvido diretamente nesses conflitos, sendo
acusado pela imprensa e por parlamentares oposicionistas de utilizar a Força
Pública do estado em auxílio à ação violenta das empresas imobiliárias.
Em outubro de 1957, o bloco majoritário na Assembléia
Legislativa paranaense enviou um telegrama ao presidente da República, ao
ministro da Guerra e ao secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional,
apontando a existência de uma descrença no povo em relação à interferência das
autoridades estaduais no conflito “face aos interesses pessoais do governador
na venda de terras”. A ação do governo federal, que providenciou a
regularização da posse da terra nas regiões conflagradas, contribuiu para a
diminuição dos conflitos, embora os choques se tenham repetido até 1960.
Durante os governos de Jânio Quadros e João Goulart, foram adotadas medidas
voltadas para a normalização do mercado de terras nessas áreas.
No
transcurso da sua segunda administração, Lupion realizou obras rodoviárias,
como a estrada Curitiba-Paranaguá, e ferroviárias, implantando os primeiros
trilhos da Estrada de Ferro Central do Paraná. Concluiu também com o governador
de São Paulo, Jânio Quadros, um acordo de aproveitamento da energia produzida a
partir do rio Paranapanema.
Em
1961, Lupion foi substituído no governo estadual por Ney Braga, que expediu
contra ele vários mandados de prisão, acusando-o de corrupção. O ex-governador
exilou-se então na Argentina, retornando ao Brasil em 1962, ano em que foi
eleito deputado federal pelo Paraná na legenda do PSD. Exerceu o mandato entre
junho de 1963 e abril do ano seguinte, quando, em decorrência das mesmas acusações
de corrupção, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez
anos com base no Ato Institucional nº 1 (AI-1), baixado pelo governo formado
após a deposição do presidente João Goulart. Recuperou seus direitos políticos
em 1974.
Em 1979, escreveu carta a amigos protestando contra a sua
inclusão entre os beneficiados pela anistia então concedida pelo presidente
João Batista Figueiredo, alegando ter sido absolvido pela Justiça em todos os
processos a que fora submetido.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1991.
Era casado em primeiras núpcias com Hermínia Rolim Lupion,
com quem teve três filhos. Em segundas núpcias foi casado com Vilma Lupion, com
quem teve um filho. Um dos seus netos, Abelardo Lupion, foi deputado federal
pelo Paraná em 1992 e 1994-1995, reelegendo-se em outubro de 1994.
Renato Lemos
FONTES: ARQ. DEP.
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