NEVES,
Otávio Valga
*militar; junta gov. SC 1930.
Otávio Valga Neves nasceu
em Desterro (SC), atual Florianópolis, no dia 10 de outubro de 1874, filho de
Israel Xavier Neves e Luísa Cândida Valga.
Sentou
praça em fevereiro de 1893 no 25º Batalhão de Engenharia. Promovido a cabo em
setembro de 1894 e a segundo-sargento no mês seguinte, ainda nesse ano
participou com seu batalhão da repressão à Revolução Federalista, guerra civil
que conflagrou o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná entre fevereiro de
1893 e agosto de 1895. Os insurretos opunham-se ao governo estadual de Júlio de
Castilhos no Rio Grande do Sul e ao governo federal de Floriano Peixoto
(1891-1894), que apoiava o Executivo gaúcho.
Promovido
a alferes em fevereiro de 1895, a partir de fevereiro do ano seguinte fez o
curso da Escola de Tiro no Rio de Janeiro, no Distrito Federal, que concluiu em
janeiro de 1897. Ainda em 1896 serviu no 5º Regimento de Artilharia, na Bahia,
participando das campanhas militares contra a Guerra de Canudos, na Bahia, onde
ocorria uma rebelião popular de cunho messiânico liderada por Antônio
Conselheiro e iniciada no sertão baiano a partir de novembro desse ano. O
governo enviou sucessivas expedições militares para debelar o movimento, até
esmagá-lo afinal em outubro de 1897.
De volta ao Rio de Janeiro em novembro de 1897, foi promovido
a primeiro-tenente nesse mesmo mês, passando a servir no 37º Batalhão de
Infantaria (37º BI) e em seguida no 1º Batalhão de Engenharia. De 1901 a 1902 comandou a guarnição da fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, retornando depois ao
37º BI, aí permanecendo até dezembro de 1906, quando foi promovido a capitão e
designado para servir no 21º BI. Em 1907 retornou ao 37º BI, de onde saiu dois
anos depois para servir no 55º Batalhão de Caçadores (55º BC). Em março de 1910
foi transferido para o Ministério da Marinha, ao qual ficou subordinado até
março de 1913, retornando em seguida ao 55º BC. Foi promovido a major em
janeiro de 1914 e passou a servir no 57º BC, tendo sido ainda, de abril a junho,
juiz de um conselho de guerra. Nesse mesmo ano serviu no 54º BC, do qual foi
comandante, tendo participado da proteção à cidade de Lajes (SC) durante a
Guerra do Contestado, rebelião popular de cunho messiânico ocorrida na região
fronteiriça do Paraná com Santa Catarina, cuja posse era disputada pelos dois
estados. Após o envio de sucessivas expedições militares, o governo conseguiu
esmagá-la definitivamente em 1916.
Ainda
em 1916 assumiu o comando da guarnição de Cuiabá, tendo participado de combates
durante o conflito que se estabeleceu entre o governador eleito, general
Caetano de Albuquerque (1915-1917), e a maioria dos deputados da Assembléia
Legislativa de Mato Grosso, que buscavam depô-lo pelas armas. Os deputados
situacionistas se haviam revoltado contra a aliança feita pelo governador com a
minoria da Assembléia, o que levara ao afastamento de elementos, ligados à
maioria, de seus postos na administração pública.
De volta a Santa Catarina em 1917, assumiu o comando do 54º
BC e da guarnição de Florianópolis. Promovido a tenente-coronel em fevereiro do
ano seguinte, exerceu o comando do 5º Regimento de Infantaria (5º RI), sediado
em Lorena (SP). Em 1920 tornou-se membro efetivo do estado-maior e comandante
do 13º BC, sediado em Joinville (SC), e em setembro desse mesmo ano recebeu a
patente de coronel. Em abril de 1922 foi nomeado presidente da banca
examinadora dos candidatos à matrícula na Escola de Sargentos de Infantaria.
Embarcou com o 13º BC em 1924 para o norte do país, onde
assumiu o comando do grupamento formado por seu batalhão, o 9º Regimento de
Artilharia Montada (9º RAM) e o Batalhão Policial do Espírito Santo, para
combater as forças revolucionárias que se haviam rebelado em julho contra o
governo do presidente Artur Bernardes (1922-1926). No Norte, a revolta foi
rapidamente debelada, o que não ocorreu no sul do país, onde, depois de terem
ocupado a cidade de São Paulo por três semanas, os rebeldes, comandados por
Isidoro Dias Lopes, passaram a resistir no interior. Em agosto seguinte o
grupamento foi dissolvido e Otávio Valga Neves deixou o comando do 13º BC para
integrar-se à 2ª Região Militar (2ª RM), com sede em São Paulo. Em novembro do mesmo ano foi transferido para Florianópolis, exercendo o comando
da guarnição da cidade, e depois para Curitiba, onde foi comandante da 5ª RM e
da 5ª Divisão de Infantaria (5ª DI).
Em
1925 combateu, no interior de Santa Catarina, as tropas da Coluna Prestes,
movimento rebelde formado em abril de 1925 pela junção dos grupamentos que se
haviam sublevado no ano anterior em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Liderada por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, a coluna percorreu o interior do
país, através de 13 estados, dando combate às tropas do governo até 1927,
quando internou-se na Bolívia e no Paraguai.
Em
novembro de 1926 Otávio Valga Neves deixou o comando da 5ª RM, sendo nomeado
comandante do 9º BI. Voltou ainda a exercer, em caráter interino, o comando da
9ª RM, sediada em Cuiabá, sendo reformado em janeiro de 1929 na patente de
general-de-divisão.
Com a Revolução de 1930, que depôs o presidente da República
Washington Luís (1926-1930), foi um dos membros, juntamente com o general Jorge
de Acastro Campos e o capitão-de-mar-e-guerra Henrique Melquíades Cavalcanti,
da junta revolucionária que governou Santa Catarina de 24 de outubro a 24 de
novembro de 1930, quando, já empossado o Governo Provisório, o governo estadual
foi transmitido ao novo interventor federal, general Ptolomeu de Assis Brasil.
Faleceu em Florianópolis, no dia 13 de outubro de 1944.
Era casado com Eugênia Martins Neves, com quem teve filhos.
FONTES: ARQ. MIN.
EXÉRC.; ASSEMB. LEGISL. SC. Dicionário político; CABRAL, O. Breve;
Grande encic. Delta; POPPINO, R. Federal.