VERGUEIRO,
Nicolau
*rev. 1930; dep. fed. RS
1930; rev. 1932; dep. fed. RS 1935-1937; const. 1946; dep. fed. RS
1946-1951.
Nicolau de Araújo Vergueiro
nasceu em Passo Fundo (RS) no dia 7 de março de 1882, filho do proprietário de
terras João de Campos Vergueiro e de Carolina de Araújo Vergueiro. Seu pai foi
líder político liberal durante o Império e, mais tarde, chefe republicano. Seu
tio Gervásio Araújo Annes, foi chefe político e presidente do Partido
Republicano Rio-Grandense (PRR) em Passo Fundo durante a República Velha
(1889-1930).
Nicolau Vergueiro fez os estudos primários com professor
particular e matriculou-se em seguida no internato do Colégio Nossa Senhora da
Conceição, em São Leopoldo (RS), dirigido por padres jesuítas. Transferindo-se
para Porto Alegre em 1896, estudou na Escola Brasileira e completou os estudos
preparatórios no colégio dirigido por Emílio Meyer. Em 1900 ingressou na
Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, pela qual se formou em
farmácia em 1903 e em medicina em 1905, após defender tese sobre anestesia
geral.
Retornou em 1906 a Passo Fundo, onde por 20 anos exerceria a
medicina na Intendência Municipal. Vinculando-se em 1908 ao PRR, tornou-se em
pouco tempo presidente do núcleo municipal da agremiação, até então liderado
por seu tio Gervásio Araújo Annes. Eleito em 1909 deputado à Assembléia
Legislativa gaúcha na legenda do PRR, aí ocuparia uma cadeira por cinco
legislaturas consecutivas.
Prefeito
de Passo Fundo de 1921 a 1924, empenhou-se em criar escolas no município e,
durante a Revolução Gaúcha de 1923, colocou-se ao lado do governo de Antônio
Augusto Borges de Medeiros. Esse movimento constituiu-se numa guerra civil que
opôs aos republicanos liderados por Borges de Medeiros, os federalistas
encabeçados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, os quais, denunciando
fraude, rebelaram-se contra a reeleição do líder republicano para o quinto
mandato como presidente do estado. Nicolau Vergueiro formou vários corpos
militares e participou de combates contra os federalistas em Passo Fundo. A
luta se estendeu de janeiro a novembro de 1923 e foi encerrada pelo Pacto de
Pedras Altas, que estipulou a manutenção de Borges no governo mas vedou nova
reeleição.
Presidente
da Assembléia Legislativa gaúcha em 1929, quando o governo estadual determinou
o fechamento de escolas no interior em virtude de dificuldades financeiras,
manteve abertas as de sua cidade, responsabilizando-se pelos pagamentos que o
Erário público não pudesse cobrir. Nesse mesmo ano criou em Passo Fundo a
Escola Normal Osvaldo Cruz.
No pleito de março de 1930, foi eleito deputado federal pelo
Rio Grande do Sul na legenda do PRR, e assumiu o mandato em maio do mesmo ano.
Em outubro seguinte, teve, no âmbito de seu estado, uma atuação destacada na
revolução que depôs o presidente Washington Luís e colocou Getúlio Vargas na
chefia do Governo Provisório.
Com a dissolução dos órgãos legislativos, teve o mandato de
deputado interrompido. Mais tarde, apoiou as correntes republicanas lideradas
por Borges de Medeiros e Raul Pilla e favoráveis aos rebeldes paulistas que, em
julho de 1932, se insurgiram contra o governo central e, em outubro seguinte,
foram derrotados pelas forças legalistas. Preso, esteve exilado na Argentina e
no Uruguai.
De
volta ao Brasil após os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte (ANC) de
1933 e da anistia política geral decretada por Vargas, elegeu-se, em outubro de
1934, deputado federal na legenda da Frente Única Gaúcha (FUG), coligação do
PRR com o Partido Libertador (PL). Empossado em maio de 1935, exerceu o mandato
até novembro de 1937, quando, com o advento do Estado Novo, os órgãos
legislativos foram mais uma vez suprimidos.
Com
a redemocratização do país em 1945, participou da fundação do Partido Social
Democrático (PSD), tornando-se membro do diretório regional gaúcho e presidente
do diretório municipal de sua cidade natal. Nessa legenda, foi eleito, em
dezembro de 1945, deputado pelo Rio Grande do Sul à ANC. Empossado em fevereiro
de 1946, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova
Carta (18/9/1946), passou a exercer o mandato ordinário. Nessa legislatura,
integrou a Comissão Permanente de Transportes e Comunicações da Câmara dos
Deputados. Disputando a reeleição em outubro de 1950 na legenda do PSD, obteve
apenas uma suplência. Concluiu o mandato em janeiro de 1951. Em 1956, fechou
sua clínica em Passo Fundo.
Colaborou em jornais de sua cidade, de Porto Alegre, São
Paulo e do Rio de Janeiro, e escreveu livros e artigos sobre medicina.
Faleceu em Passo Fundo no dia 16 de março de 1956.
Era casado com Jovita Leite Vergueiro, com quem teve dois
filhos.
FONTES: Álbum; ARQ.
GETÚLIO VARGAS; Boletim Min. Trab. (5/36); BOUTIN, L. Dic.; BRAGA, S. Quem foi
quem; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório
(1946-1967); CÂM. DEP. Relação dos dep.; Diário do Congresso Nacional;
FLEISCHER, D. Thirty; Grande encic. Delta; SPALDING, V. Construtores; TRIB.
SUP. ELEIT. Dados ( 1 e 2).