PAZ,
Manuel Venâncio Campos da
*rev. 1935.
Manuel Venâncio Campos da Paz descendia de uma família de médicos republicanos e
proprietários de imóveis.
Médico, em outubro de 1934 integrou no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, um grupo que começou a estudar a formação de uma frente
política de oposição ao presidente Getúlio Vargas que defendesse um programa
nacionalista e antifascista. Esse grupo, inicialmente composto por Roberto
Sisson, Aparício Torelli, Francisco Mangabeira, Carlos Lacerda, Francisco
Chicovate e Benjamim Soares Cabello, recebeu mais tarde a adesão de Francisco
Moésia Rolim, Carlos Amoreti Osório, Nemo Canabarro Lucas, Luís Marques Barreto
Viana, Trifino Correia, Herculino Cascardo, Carlos Costa Leite e outros.
Participou
em março de 1935 da fundação da Aliança Nacional Libertadora (ANL) —
organização que reunia, além do grupo já citado, formulador da proposta,
Henrique Oest, Abguar Bastos, Ivan Pedro Martins e Henrique Silveira —, sendo
designado para integrar o seu diretório nacional. Participavam também da ANL
membros do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil
(PCB), do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e dos diversos partidos
socialdemocráticos estaduais, além de sindicatos de trabalhadores. Em julho
desse ano a organização foi fechada por decreto do presidente Getúlio Vargas,
passando a atuar na clandestinidade. No mês seguinte, Campos da Paz participou,
juntamente com Francisco Mangabeira, Maurício de Lacerda, Abguar Bastos,
Roberto Sisson e outros, da fundação da Aliança Popular por Pão, Terra e
Liberdade, que visava substituir a ANL.
No mês de novembro de 1935, setores da ANL sob a direção do
PCB deflagaram um levante armado, rapidamente sufocado pelas forças
governamentais. A partir desse momento foi desencadeada uma onda de repressão
sobre os aliancistas, bem como sobre os demais setores da oposição, que
resultaria, dois anos mais tarde, no golpe que implantou o Estado Novo. Na
ocasião, a Aliança Popular por Pão, Terra e Liberdade foi dissolvida e quase
todos os seus membros presos.
Manuel
Campos da Paz foi preso sob acusação de ter participado do movimento
insurrecional de novembro e de haver fundado a ANL sob as ordens do PCB. Em seu
depoimento, durante o inquérito instaurado pela Polícia do Distrito Federal,
negou qualquer participação na preparação do movimento de novembro. Contra ele,
porém, foi apresentada como prova uma carta do aliancista Honório de Freitas
Guimarães a Luís Carlos Prestes, dirigente do PCB, em que aquele fazia
referências à atuação conspiratória de Campos da Paz. Em fevereiro de 1936 o
Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido de habeas-corpus em seu favor.
No mês seguinte, Campos da Paz foi exonerado do cargo de inspetor sanitário do
Departamento de Saúde Pública, sob a acusação de exercer atividades
subversivas. Julgado em maio de 1937, junto com outros líderes da ANL, foi
condenado a seis meses de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional. Em
setembro de 1937 sua condenação seria confirmada pelo Supremo Tribunal Militar,
atual Superior Tribunal Militar (STM).
Após o fim do Estado Novo (1937-1945) e o retorno do PCB à
legalidade, elegeu-se em janeiro de 1947 vereador no Distrito Federal,
tornando-se vice-presidente da Câmara de Vereadores.
Faleceu em 1947, em pleno exercício do mandato.
FONTES: CARNEIRO,
G. História; LEVINE, R. Vargas; MACEDO, R. Efemérides; PORTO, E. Insurreição;
SILVA, H. 1935; SILVA, H. 1937; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1).