RICHA,
Beto
*pref. Curitiba 2005-2008, 2008-2010; gov. PR 2011-2015, 2015-2018.
Carlos
Alberto Richa, conhecido como Beto Richa, nasceu em
Londrina (PR), no dia 29 de julho de 1965, filho de José Richa e Arlete Vilela
Richa. Seu pai foi ainda um dos principais líderes campanha pelas “Diretas Já”
em 1984 e um dos mais importantes articuladores da redemocratização do país, foi
deputado federal por dois mandatos (1963-1967, 1967-1971), prefeito de Londrina
(1973-1979), governador do Paraná (1983-1986), senador à Constituinte de
1987-1988, e um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), em outubro de 1988.
Cursou
o ensino fundamental, ainda em Londrina, na Escola Estadual Hugo Simas,
concluindo o ensino médio no Colégio Bom Jesus, em Curitiba. Em seguida, concluiu o curso de engenharia civil pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC/PR). Após formar-se exerceu a profissão de engenheiro
civil em empresas de Curitiba.
Iniciou
suas atividades políticas como candidato a vereador de Curitiba pelo PSDB nas
eleições de outubro de 1992, obtendo 1.882 votos, não logrando eleger-se para
uma cadeira na Câmara Municipal. Nas eleições de outubro de 1994 foi eleito
deputado estadual pelo PSDB com 21.271 votos. Assumindo o posto em fevereiro do
ano seguinte logo após tomar posse filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), permanecendo nessa legenda durante todo o mandato. Embora estreante no
mandato de deputado conseguiu aprovar importantes proposições durante a
legislatura tais como projeto de lei que redundou na lei estadual nº 11.255/95,
que ficou conhecida como lei Beto Richa, determinando o pagamento de
indenização pelo governo do Paraná aos ex-presos políticos que sofreram
repressão durante a ditadura militar no Brasil, e a lei nª11.562/96 que obrigou
as instituições financeiras a instalar câmeras de filmagem e sistema de
monitoramento nos caixas eletrônicos do Paraná, além de manter um vigilante
durante todo o período de funcionamento do serviço, que serviram de exemplos
para várias outras normas semelhantes aprovadas em outras unidades da
federação.
No
pleito de outubro de 1998 reelegeu-se deputado estadual pelo PTB com 44.839
votos. Nessa legislatura exerceu a vice-presidência da Comissão de Finanças e
foi membro das Comissões de Constituição e Justiça, Obras Públicas, Transporte
e Comunicações e de Direitos Humanos e da Cidadania, tendo exercido ainda uma
suplência nas Comissões de Turismo e Saúde Pública. Dentre as proposições de
sua autoria aprovadas nessa legislatura destaca-se a lei nº 12.348/98
instituindo o Fundo Estadual de Prevenção ao Uso de Drogas (Funpred).
A
partir de suas atividades parlamentares obteve maior visibilidade política o
que o levou a ser escolhido para compor a chapa nas eleições à prefeitura de
Curitiba em outubro de 2000, como candidato a vice-prefeito de Cássio
Taniguchi, do Partido da Frente Liberal (PFL), político fortemente vinculado ao
grupo de Jaime Lerner na política estadual. Disputando o pleito num contexto de
ascensão das oposições em nível nacional e estadual, Tanigushi venceu o
candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Ângelo Vanhoni, por estreita
margem de votos no segundo turno das eleições. Após a posse de Taniguchi na
prefeitura, em janeiro do ano 2001, Richa assumiu de janeiro a outubro deste ano
o cargo de secretário municipal de Obras Públicas, acumulando essa função com a
de vice-prefeito.
Em
junho de 2002 licenciou-se dos cargos que ocupava na prefeitura para concorrer
ao mandato de governador do estado pelo PSDB no pleito de outubro de 2002, obtendo
o terceiro lugar no primeiro turno das eleições com 888.837 votos (17,3% dos
votos válidos). Beto Richa não declarou apoio a nenhum dos dois candidatos no
segundo turno das eleições que terminou com a vitória de Roberto Requião, do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sobre Álvaro Dias do
Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Após
as eleições Richa assumiu a prefeitura de Curitiba interinamente por um curto
período e em abril de 2003 foi eleito presidente do diretório estadual do PSDB
no Paraná, promovendo uma reestruturação do partido no estado e buscando atrair
antigas lideranças do partido que haviam se afastado, tal como o senador Álvaro
Dias.
No
pleito de outubro de 2004 elegeu-se prefeito Curitiba com um total de 494.440
votos, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Ângelo Vanhoni,
no segundo turno das eleições. Tomou posse na prefeitura em 1º de janeiro do
ano seguinte e em sua gestão procurou recrutar uma equipe de governo de perfil
mais técnico dando ênfase especial à construção de obras em infra-estrutura
municipal, construindo cerca de 4.000 novas obras na cidade e investindo
maciçamente no ensino fundamental, o que lhe valeu o premio de Amigo da
Criança, concedido pela UNESCO em 2006. Entre as obras realizadas durante sua
gestão destaca-se a “Linha Verde”, atingindo cerca de 10 bairros e 287 mil
pessoas, com investimento de cerca 121,1 milhões de reais. Em 2005, firmou a
Declaração das Cidades Verdes, das Nações Unidas, incluindo Curitiba no s grupo
das chamadas “60 Cidades Verdes do Mundo”. Em março de 2006 o Município sediou
a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade e Biosegurança.
Uma
importante inovação administrativa implementada em seu primeiro mandato foram
as audiências públicas municipais, onde Beto Richa se reunia com a comunidade
nos bairros, preferencialmente nos finais de semana, como o objetivo de ouvir
as demandas da população e discutir as políticas de governo. Ao longo de sua
gestão foram realizadas pela prefeitura de Curitiba mais de 200 audiências
públicas, a maioria delas contando com sua presença nos bairros, o que o levou
a obter grande apoio da população e a aumentar seu prestígio em áreas antes sob
influência política dos partidos de oposição, especialmente do PT, seu
concorrente mais próximo nas disputas eleitorais na cidade.
No
pleito de outubro de 2006 para o governo do estado, Richa teve diversos atritos
políticos com o governador do estado, Roberto Requião, ao declarar seu voto
para o candidato Osmar Dias (PDT) no segundo turno das eleições para o governo
do estado. Apuradas as urnas no segundo turno, realizado no final de outubro do
mesmo ano, Requião venceu a eleição por estreita margem de votos, perfazendo um
total de 2.668.611 votos (50,1% dos votos válidos) contra 2.658.132 (49,9%)
dados ao seu adversário. A partir de então Requião passou a dificultar o
repasse de verbas e execução de obras da cidade de Curitiba com vistas a
colocar obstáculos a uma eventual candidatura de Beto Richa à sua sucessão no
governo do estado.
Em
2007 Beto Richa recebeu o título de “Melhor Prefeito do Brasil” nas avaliações
do Instituto Brasmarket e também pelo Instituto DataFolha, expressando os
resultados de quatro pesquisas de opinião realizadas nas principais capitais
brasileiras, avaliação que se repetiria pelos dois anos subseqüentes. No ano
seguinte foi eleito vice-presidente para a Região Sul da Frente Nacional de
Prefeitos.
Nas
eleições de outubro de 2008 foi reeleito prefeito de Curitiba ainda no primeiro
turno das eleições com a expressiva votação de 778.514 votos (77,27% dos votos
válidos), derrotando mais uma vez um candidato do PT, dessa vez a ex-diretora
de Itaipu Gleisi Hoffman que obteve a segunda colocação com 183.027 votos (18,17%
dos votos válidos).
Em
junho de 2009, em meio ao seu segundo mandato, foram veiculados pela imprensa,
em nível nacional, diversos vídeos onde supostos correligionários de Beto Richa
compravam apoio político de vereadores durante a campanha eleitoral do ano
anterior. Os vídeos foram transmitidos por um programa dominical de uma grande
emissora rede nacional e tiveram grande impacto na opinião pública e na
política paranaense. Na ocasião, Richa defendeu-se afirmando ser uma situação
forjada por adversários políticos interessados em diminuir a sua popularidade e
atingir sua candidatura ao governo do estado. Nesse mesmo período, Beto Richa
começou a aparecer ainda como líder em várias pesquisas de intenção de voto
para o pleito de governador do Paraná, a ser realizado em outubro de 2010. A partir de então, lançou-se pré-candidato ao governo do estado pelo PSDB passando a percorrer regularmente
o interior do estado para sondar suas possibilidades eleitorais e efetuar
contatos políticos com lideranças políticas e potenciais apoiadores de sua
candidatura. Foi confirmado como pré-candidato, em Fevereiro de 2010, pelo diretório estadual do partido, tendo renunciado ao cargo de prefeito de Curitiba no mês seguinte.
Uma semana antes do pleito, ainda em Setembro, sua coligação, composta por 14 partidos, solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) que proibisse a divulgação de pesquisas de intenção de voto realizadas por três institutos. O pedido, aceito pelo TRE-PR, tinha como justificativa falhas metodológicas nas pesquisas, mas foi criticado pelos demais candidatos, que alegaram se tratar de uma estratégia política para que não fossem divulgados resultados desfavoráveis a Beto Richa. Alvo de polêmica, a proibição da divulgação recebeu críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e também da Associação Nacional de Jornais, que tratou do caso como uma censura.
Nas eleições realizadas em 3 de Outubro de 2010, entretanto, Richa recebeu mais de 3 milhões de votos, equivalentes a 52,43% dos votos válidos, suficientes para o eleger governador ainda no primeiro turno, enquanto o candidato Osmar Dias, do PDT, obteve 45,63% dos votos.
Foi, então, empossado Governador do Paraná em Janeiro de 2011. Em seu discurso de posse, entre outros pontos, destacou que a educação seria a maior prioridade de sua gestão, ressaltando a importância de investir em educação integral nas áreas mais pobres. Citou ainda que a gestão em saúde seria melhorada através do aumento de investimentos e do cumprimento de metas e resultados. E destacou a potencialidade do estado como produtor agrícola, assinalando a relevância dos pequenos agricultores, assim como a necessidade de apoiá-los permanentemente.
Nas eleições gerais de 2014 foi reeleito, novamente em primeiro turno – desta vez com 3.301.322 votos, equivalentes a 55,57% dos votos válidos – tendo aberto ampla vantagem em relação aos seus principais adversários: Roberto Requião, do PMDB, que obteve 1.634.316 votos, correspondentes a 27,56% da votação; além de Gleisi Hoffmann, do PT, que foi votada por 881.857 eleitores e ficou com a terceira colocação com 14,87%, dos votos válidos.
Beto Richa assumiu seu segundo mandato como governador do Paraná em janeiro de 2015. Durante a cerimônia de posse, fez um balanço de sua gestão desde 2011, valorizando o fato de ter visitado todos os 399 municípios paranaenses, independente do partido do prefeito que os administrava. Além disso, destacou o fortalecimento da industrialização do estado, assim como as políticas de assistência social e os investimentos em saúde e educação, que deveriam continuar prioritários em seu segundo mandato, paralelamente aos investimentos em segurança pública, habitação e desenvolvimento urbano.
No final de abril de 2015, após conturbada votação na Assembléia Legislativa, o governo paranaense sancionou mudanças nas diretrizes do Paraná Previdência, regime próprio da Previdência Social do funcionalismo público paranaense, justificando a necessidade de um ajuste financeiro que gerasse economia à administração estadual, vitimada, segundo o governo, por problemas de caixa. Argumentando que seriam prejudicados pelas novas regras aprovadas, servidores foram às ruas, tendo sua manifestação sido fortemente reprimida por policiais, em um confronto que deixou mais de 200 pessoas feridas. Nessa ocasião, que veio a ser alcunhada nos noticiários e redes sociais por massacre do Centro Cívico, a atuação do governador e do Secretário de Segurança do Paraná estiveram em destaque na imprensa nacional, com ampla repercussão negativa. Em janeiro de 2017, durante a posse do presidente do Tribunal de Contas do Paraná, o governador ressaltou a necessidade de austeridade, transparência e controle nos gastos públicos, afirmando e justificando que o ajuste fiscal realizado no Paraná teria inclusive obtido destaque para o estado em um cenário de crise das demais unidades federativas no âmbito nacional.
Em março de 2018, desincompatibilizou-se do cargo de governador para concorrer nas eleições daquele ano. Foi sucedido, assim, pela vice-governadora Cida Borghetti, do Partido Progressista (PP), que concluiria o mandato vigente. Para as eleições, Beto Richa lançou-se candidato ao Senado Federal, em coligação denominada Paraná Decide, composta por seis partidos além do PSDB e do PP.
As disputas à época vigentes vinham sendo objeto de contestação legal em função da participação do candidato Beto Richa em inaugurações e eventos promovidos pela governadora Cida Borghetti, enquadrados como propagando irregular. A questão legal que ocasionou problemas à candidatura de Beto Richa, entretanto, foi outro. O ex-governador veio a ser preso a um mês das eleições, a princípio em caráter temporário, então investigado por fraudes em licitações de obras públicas.
O objeto das investigações promovidas pelo Ministério Público do Paraná foram supostas irregularidades no Projeto Patrulha no Campo, cujo propósito era a recuperação e a abertura de estradas rurais no interior do estado. Entre os investigados, além de Richa, constavam familiares e secretários do ex-governador, suspeitos de beneficiar empreiteiras em contratos indevidos. No mesmo período, mas em relação a outras empreiteiras, a gestão de Richa também vinha sendo alvo de investigações no âmbito da Operação Lava Jato, que já tinha inclusive expedido mandados de busca e apreensão em propriedades de familiares do candidato tucano. Em defesa, afirmou desconhecer a razão das ordens judiciais, criticou o recurso das prisões temporárias como mecanismos de coerção e, diante da falta de acesso à investigação, atribuiu o momento em que as operações ocorreram à corrida eleitoral.
Foi solto poucos dias depois, quando ainda era apontado pelas pesquisas como segundo candidato com mais intenções de voto. Não obstante a repercussão negativa ocasionada pela prisão, a ausência de posicionamento explícito de Beto Richa nas eleições para governador chegou a ser mobilizado pela sua sucessora Cida Borghetti como justificativa para retirar o nome do ex-governador da coligação que contava com PP e PSDB naquelas eleições estaduais, o que não foi consumado. Nas urnas, o postulante a senador recebeu 377 mil votos e acabou ultrapassado na corrida eleitoral por outros cinco candidatos, em pleito que elegeu Professor Oriovisto, pelo Podemos, e Flavio Arns, pela Rede Sustentabilidade, respectivamente, com 2,9 e 2,3 milhões de votos. Também para o executivo estadual, Cida Borghetti não logrou êxito, e o eleito foi Ratinho Junior, pelo Partido Social Democrático (PSD).
Pelas investigações que prosseguiram, tanto em decorrência das várias fases da Operação Lava Jato, quanto das denúncias oferecidas pelo Ministério Público Estadual, em 2019 Beto Richa voltou a ser réu por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação, e veio a ser preso outras duas vezes.
Casou-se com Fernanda Bernardi Vieira Richa, com quem teve três filhos. Pertencente a tradicional família de empresários paranaenses, Fernanda Richa foi presidente da Fundação Social de Curitiba (FAS) durante os dois mandatos de Beto Richa e é filha de Tomaz Edison de Andrade, empresário, banqueiro e irmão de José Eduardo de Andrade Vieira, proprietário do banco Bamerindus, que foi um dos maiores bancos brasileiros até ter sua intervenção decretada pelo Banco Central em março de 2007.
FONTES: CÂM. DEP.; Portal Carta Capital. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/. Acesso em 07/01/2017; Portal G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/>. Acesso em 28/02/2014, 07/01/2015 e 21/05/2019; Portal do Governo do Estado do Paraná. Disponível em: http://www.cidadao.pr.gov.br. Acesso em 28/02/2014; Portal Isto É. Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoe>. Acesso em: 14/10/2009; Portal do jornal Folha de Londrina. Disponível em: <http://www.bonde.com.br/folhadelondrina>. Acesso em 14/10/2009; Portal do jornal Folha de São Paulo. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.br>. Acesso em 12/10/2009 e 21/05/2019; Portal do jornal Gazeta do Povo <http://www.gazetadopovo.com.br/>. Acesso em 08/01/2017; Portal Paraná Online. Disponível em: <http://www.parana-online.com.br/>. Acesso em 12/10/2009; Portal Pessoal de Beto Richa. Disponível em: <http://www.betoricha.com.br/>. Acesso em 12/10/2009; Portal do PSDB. Disponível em < http://www.psdb.org.br/>. Acesso em 08/01/2017; Portal do Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <www.tse.jus.br/?>. Acesso em 28/02/2014; Portal Veja. Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em 14/10/2009. Portal da Agência de Notícias do Paraná. Disponível em: <http://www.aen.pr.gov.br/>. Acesso em 22/05/2019.