FIORI,
Romeu
*const. 1946; dep. fed. SP 1946-1955.
Romeu José Fiori nasceu em São Simão (SP) no dia 24 de maio de 1912, filho de Domingos Fiori e de Laurinda Ursolini
Fiori.
Cursou o primário no Grupo Escolar Simão da Silva em sua
cidade natal, de 1919 a 1923, transferindo-se depois para a capital paulista
onde, entre 1924 e 1928, fez os estudos secundários no Ginásio do Estado.
Formou-se depois contador pela Escola de Comércio Carlos Carvalho, ingressando em 1931 na Escola Politécnica de São Paulo.
Em
1934 exerceu a função de vogal na Junta de Conciliação e Julgamento de São
Paulo. Fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores em
Indústrias de Massas Alimentícias de São Paulo, em 1934 foi eleito deputado
federal classista, não tendo porém tomado posse por ter menos de 25 anos de
idade. Em 1937 completou seu curso de engenharia e ainda nesse ano foi eleito
membro do conselho fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI), sediado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em um
congresso do qual participaram delegados dos sindicatos industriais de todo o
país. Em 1942 foi reeleito membro do conselho para o quadriênio 1942-1946 e
nessa época tornou-se também membro da Comissão Federal de Preços da
Coordenação da Mobilização Econômica em São Paulo. Essa coordenação foi um órgão criado pelo Decreto-Lei nº 4.750, de 28 de setembro
de 1942, com o objetivo principal de mobilizar a economia do país em função da
situação de emergência provocada pela guerra.
Com
a desagregação do Estado Novo e o início do processo de redemocratização do
país, participou em 1945 da criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
tendo sido eleito membro de sua comissão executiva nacional, no cargo de
tesoureiro-geral. Anos depois declararia, em matéria publicada no Jornal do
Brasil de 27 de março de 1980, que o PTB só pôde ser criado em 1945 porque
foram aproveitadas as assinaturas de milhares de eleitores em documentos de
fundação do Partido Social Democrático (PSD), pois, de acordo com a legislação
da época, um partido para ser legalizado necessitaria um mínimo de dez mil
assinaturas de eleitores distribuídas em cinco estados. Ainda segundo seu
depoimento, foi o próprio secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Edmundo Barreto Pinto, quem, diante das dificuldades do PTB em atender
às exigências legais, prontificou-se a fornecer as assinaturas do PSD, com a
condição de que seu nome fosse incluído na chapa petebista de candidatos a
deputado. O acordo foi estabelecido e o PTB pôde então obter seu registro.
Fiori justificou haver guardado segredo acerca desse fato pela necessidade de
evitar as críticas da União Democrática Nacional (UDN), tradicional adversária
do PTB.
Ainda
segundo Fiori, o PTB surgiu a partir da nova realidade criada pelo final da
Segunda Guerra Mundial, reunindo líderes trabalhistas, em sua maioria
portuários, que fundaram a Associação de Trabalhadores em março de 1945. Essa
associação foi criada sem o conhecimento prévio do presidente da República — Getúlio
Vargas, que só foi consultado a partir da segunda reunião através de seu
ministro do Trabalho, Alexandre Marcondes Filho, a pedido do secretário do
ministério, José Segadas Viana, que aderira à associação. Vargas deu sinal
verde ao projeto e o PTB foi criado no dia 25 de março de 1945. O nome do
partido teria sido dado pelo próprio Fiori, inspirado pela sigla do Partido
Trabalhista inglês, tendo sua proposta derrotado as siglas Partido Trabalhista
Nacional e Partido Trabalhista do Brasil.
No
pleito de dezembro de 1945 para a formação da Assembléia Nacional Constituinte,
a chapa do PTB em princípio seria composta somente por trabalhadores mas, com a
inclusão forçada de Barreto Pinto, para não levantar suspeitas, acabaram
incluídos também os nomes de José Segadas Viana e Gurgel Amaral Valente,
advogados trabalhistas. Nessa ocasião Fiori elegeu-se deputado por São Paulo na
legenda do PTB. Assumindo sua cadeira em fevereiro de 1946, participou dos
trabalhos constituintes e, depois, da promulgação da nova Carta (18/9/1946),
passou a exercer o mandato ordinário, participando das comissões de Legislação
Social, de Constituição e Justiça e de Redação da Câmara. Reeleito em outubro
de 1950 ainda na legenda do PTB, em março de 1953 foi escolhido em assembléia-geral
presidente da Eqüitativa dos Estados Unidos do Brasil, companhia de seguros do
governo federal administrada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Durante a sua gestão foi criada a Carteira de Seguros dos Bancos Elementares.
Com o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1950-1954) no dia 24 de agosto de
1954 e a posse do vice-presidente João Café Filho, foi nomeado para o
Ministério do Trabalho Napoleão de Alencastro Guimarães, que designou um
diretor fiscal para a Eqüitativa. Essa nomeação representou na verdade uma
intervenção no órgão.
No pleito de outubro de 1954, Romeu Fiori alcançou uma
suplência de deputado federal por São Paulo na legenda do PTB. Deixando a
Câmara em janeiro de 1955, ao final de seu segundo mandato, não voltou à
casa nessa legislatura. Em agosto de 1955 renunciou à presidência da Eqüitativa
e ainda nesse ano deixou a executiva nacional do PTB. Novamente candidato a
deputado federal por São Paulo na legenda do PTB em outubro de 1958, mais uma
vez alcançou apenas uma suplência, não chegando a exercer o mandato na
legislatura de 1959 a 1963.
Formou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de
Direito do Rio de Janeiro e em economia pela Faculdade de Ciências Econômicas e
Sociais de São Paulo.
Diretor-tesoureiro
das Usinas Nacionais em 1980, foi convidado pelo senador Ernâni Amaral Peixoto
e pelo deputado Léo Simões, dirigentes do PDS no estado do Rio de Janeiro, para
coordenar o departamento trabalhista da seção fluminense do partido. Não chegou
porém a assumir essas tarefas por haver falecido na cidade do Rio de Janeiro no
dia 18 de novembro de 1980.
Publicou
diversos artigos sobre assuntos políticos, econômicos e ligados à previdência
social.
FONTES: AUDRÁ, A. Bancada;
CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS,
A. Parlamentares; Diário do Congresso Nacional; Eleitos; Grande encic.
Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; Jornal do Brasil (27/3 e
19/11/80); LEITE, A. História; LEITE, A. Páginas; SILVA, G. Constituinte.