LEME,
Rui
*pres. Bco. Central 1967.
Rui Aguiar da Silva Leme
nasceu na cidade de São Paulo no dia 7 de maio de 1925, filho de José
Hildebrando da Silva Leme e de Sílvia Aguiar da Silva Leme.
Fez
seus primeiros estudos e o curso secundário no Ginásio Bandeirantes, na cidade
de São Paulo, formando-se em engenharia civil pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (USP), em 1948. Engenheiro da Sociedade Comercial
Construtora (1949-1951), tornou-se professor de economia política, estatística
aplicada e organização administrativa da Escola Politécnica da USP, atividade
que exerceria ao longo de 31 anos, tendo sido, inclusive, o responsável pela
criação do curso de engenharia de produção. Aprovado em concurso para
livre-docência em 1951, e para catedrático, em 1957, dirigiu a Faculdade de
Ciências Econômicas e Administrativas da USP (1958-1960), onde criou o
Departamento de Administração e implantou cursos de pós-graduação.
No mesmo período, e sendo presidente da República Juscelino
Kubitschek (1956-1961), participou da Secretaria Especial de Previdência do
Trabalho e presidiu a Comissão de Salário Mínimo do Estado de São Paulo, ambas
subordinadas ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. De 1959 a 1962, durante a gestão do governador Carlos Alberto Carvalho Pinto, chefiou o departamento de
estudos econômicos do Banco do Estado de São Paulo (Banespa) e integrou o grupo
de planejamento do governo de São Paulo, tendo sido responsável pela instalação
dos fundos de expansão agropecuária, de expansão das indústrias de base e de
financiamento das indústrias de bens de produção — todos criados pelo primeiro
plano de ação. Em 1964 assumiu a vice-presidência da Fiação Brasileira de
Rayon, Fibra S.A., cargo que manteve por 16 anos.
Professor
catedrático da Faculdade de Economia e Administração da USP (1965), viajou a
Montevidéu a convite da Organização dos Estados Americanos (OEA), para
ministrar curso de controles da produção.
Entre 1965 e 1966 colaborou na elaboração de projetos para os
setores industrial e regional do Plano Decenal do governo do presidente da República,
general Humberto Castelo Branco, e integrou o Conselho Consultivo de
Planejamento e o Conselho Nacional de Economia. Em 1966, na gestão de Roberto
Abreu Sodré no governo de São Paulo, dirigiu a carteira de expansão econômica
do Banespa. Membro do conselho de administração da Indústrias Villares e da
Aços Villares (1966-1967), presidiu a Fundação Carlos Alberto Vanzolini (1967).
Em março de 1967, sendo presidente da República o general
Artur da Costa e Silva, assumiu a presidência do Banco Central, sucedendo a
Dênio Nogueira. Responsável pela criação do repasse de empréstimos estrangeiros
via bancos nacionais; pela obrigação das sociedades de crédito, financiamento e
investimento de se concentrarem no crédito ao consumidor; pela obrigação da
rede de bancos em destinar 10% do valor total de seus depósitos a operações de
crédito rural; e pela regulamentação da abertura de agências bancárias — em
função do cargo tornou-se membro do Conselho Monetário Nacional, do Conselho
Nacional de Política Salarial, além de governador suplente do Brasil no Fundo
Monetário Internacional (FMI), e governador adjunto do Brasil no Banco Mundial
e no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Participou de vários congressos e encontros, destacando-se a
VIII Reunião Anual de governadores do BID, em Washington; a VI Reunião dos
governadores de bancos centrais das Américas e da América Latina, em Montreal;
a I Reunião da Associação Nacional de Bancos de Investimentos e
Desenvolvimento, na cidade do Rio de Janeiro; a reunião de presidentes de
bancos centrais da América Latina, em Lima; o VI Congresso Nacional de Bancos,
no Recife. Organizou e participou da reunião anual conjunta do FMI e do BIRD,
realizada no Rio de Janeiro.
Durante um encontro com banqueiros paulistas queixou-se da
falta de diálogo entre o governo e o setor. Tal fato, que suscitara o desagrado
dos dirigentes do sistema financeiro nacional, somado às suas declarações numa
entrevista à televisão, levaram o presidente Costa e Silva a demiti-lo em
setembro de 1967, e a nomear para substituí-lo o economista Ernâni Galveias.
Presidente da Companhia de Crédito e Financiamento e
Investimento e coordenador do conselho técnico da Associação Nacional de
Planejamento Econômico e Social (1968-1969); diretor da Hidroservice Engenharia
de Projetos (1970-1971); diretor superintendente de empresas do grupo Cícero
Prado (1971-1973); diretor do Instituto de Administração da Faculdade de
Economia e Administração da USP (1973-1975); presidente da Fundação Carlos
Alberto Vanzolini (1976-1983); assessor da CAPES e do CNPq para assuntos na
área de engenharia de produção (1976-1985); presidente do conselho da Fundação
para o Vestibular (1986); integrante do conselho superior da Fundação de Amparo
à Pesquisa de São Paulo (1988) — Rui Leme exerceu ainda os cargos de pró-reitor
e presidente da Câmara de Graduação e da Comissão de Cooperação Internacional.
Faleceu na cidade de São Paulo no dia 22 de dezembro de 1997.
Casou-se com Maria Alice Vanzolini da Silva Leme, com quem
teve cinco filhos.
Publicou
Teoria matemática da localização de indústrias (1957), Consideração
sobre a concentração do sistema bancário brasileiro (1961), Administração
salarial (1962), Contribuição à teoria da localização industrial
(1964), Controle de produção (1967), O FMI e o sistema monetário
nacional — cooperação internacional no Brasil e no continente (1967), Banco
Central, um quarto poder? (1968), Capacidade ociosa procura emprego
(1969), Diagnósticos dos problemas brasileiros via confrontos internacionais
(1973), Os grandes problemas de produção (1978), História da
engenharia de produção no Brasil (1983), Previsão e análise tecnológica
do Proálcool (1984), Onde produzir — aplicação da teoria da localização
no Brasil (1985).
FONTES: AMORIM, M. Fichário de pesquisa; BANCO
CENTRAL. Correspondência; CURRIC. BIOG.; Grande encic. Delta; Jornal
do Brasil (15/8/79).