TINOCO,
Tasso
*militar; rev. 1922; rev. 1930; interv. AL 1931-1932.
Tasso de Oliveira Tinoco
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 8 de janeiro de 1897,
filho do militar Jorge Gustavo Tinoco da Silva e de Clarinda Oliveira Tinoco da
Silva.
Sentou praça em abril de 1915 ao ingressar na Escola Militar
do Realengo, no Rio de Janeiro, sendo declarado aspirante-a-oficial em abril de
1918. Promovido a segundo-tenente em dezembro desse ano, em janeiro de 1920
chegou a primeiro-tenente.
Em julho de 1922, participou no Rio de Janeiro da revolta
tenentista irrompida em protesto contra a eleição de Artur Bernardes à presidência
da República (1922-1926) e as punições impostas pelo governo de Epitácio Pessoa
(1918-1922) aos militares, com o fechamento do Clube Militar e a prisão do
marechal Hermes da Fonseca. A revolta, debelada no mesmo dia, envolveu, no Rio
de Janeiro, o forte de Copacabana, a Escola Militar e efetivos da Vila Militar
e, em Mato Grosso, o contingente do Exército local. Por sua participação no
episódio, Tasso Tinoco foi preso e afastado do serviço militar sem comissão.
Somente em 1928 foi absolvido por sentença do juiz Olímpio de Sá e Albuquerque,
que considerou improcedente e não comprovada sua participação no levante.
Tomou
parte ativa na Revolução de 1930 e, logo após a vitória do movimento, foi
promovido em novembro a capitão. Em outubro do ano seguinte foi nomeado
interventor federal em Alagoas em substituição ao tenente-coronel Luís de
França Albuquerque, tendo permanecido no cargo até outubro de 1932, quando seu
antecessor voltou a ocupar essa interventoria.
No
ano seguinte cursou a Escola de Artilharia, sendo promovido a major em dezembro
de 1933. Em 1934 foi subcomandante do 5º Grupo de Artilharia de Dorso, em
Curitiba, e, de 1935 a 1936, cursou a Escola de Estado-Maior do Exército, sendo
promovido a tenente-coronel em maio do ano seguinte. Até 1940 comandou o 6º
Grupo de Artilharia de Dorso, em Quitaúna (SP), sendo transferido no final desse
ano para o Estado-Maior do Exército (EME), no Rio de Janeiro, onde chefiou a 1ª
Subseção.
Entre 1941 e 1943 exerceu a função de adido militar à
embaixada do Brasil em Buenos Aires. Em abril deste último ano foi promovido a
coronel, tendo exercido o comando da guarnição de Santos (SP) e a chefia do
estado-maior da 2ª Região Militar (2ª RM), com sede em São Paulo, até 1944.
Voltou em seguida ao EME, onde chefiou a 4ª Seção até 1948, tendo sido
promovido a general-de-brigada em março desse ano. Removido para o Rio Grande
do Sul, respondeu pelo comando da Artilharia Divisionária da 3ª RM, sediada em
Cruz Alta, até 1949. De volta ao Rio de Janeiro, cursou a Escola Superior de
Guerra (ESG), aí exercendo a chefia do departamento de estudos de junho a
dezembro de 1951. Promovido a general-de-divisão em junho de 1953, permaneceu
na ESG até o final desse ano como assistente do comandante, general Juarez
Távora.
Em 1954 foi transferido para Mato Grosso, onde comandou a 9ª
RM, com sede em Cuiabá, retornando no ano seguinte a São Paulo para assumir o
comando da 2ª Divisão de Infantaria (2ª DI). Nesse posto, combateu o Movimento
do 11 de Novembro de 1955, encabeçado pelo general Henrique Teixeira Lott,
ministro da Guerra demissionário e Odílio Denis, comandante da Zona
Militar Leste, com sede no Rio de Janeiro. O movimento depôs o presidente da
República em exercício, Carlos Luz, acusado de manter ligações com a “corrente
golpista” que planejava impedir a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart,
eleitos respectivamente para a presidência e a vice-presidência da República no
pleito de outubro de 1955. Após as primeiras movimentações militares de suas
forças, Lott, por intermédio de terceiros, pediu a algumas autoridades
eclesiásticas que transmitissem o pensamento dos chefes militares a Jânio
Quadros, então governador de São Paulo.
Carlos
Luz e alguns de seus ministros e correligionários embarcaram no cruzador
Tamandaré e dirigiram-se para Santos, onde pretendiam, com o apoio de Tasso
Tinoco, estabelecer um governo de resistência. Contrariando as instruções do
ministro da Guerra, bem como as do general Olímpio Falconière, partidário do
movimento e comandante da Zona Militar Centro, sediada em São Paulo, Tasso
Tinoco e o major-brigadeiro Ivo Borges, comandante da IV Zona Aérea (IV ZA),
deixaram o Rio de Janeiro e rumaram para São Paulo. Além disso, os dois
militares divulgaram nota à imprensa na qual afirmavam que continuariam a “receber
ordens do presidente Carlos Luz e de seus ministros militares”. Intitulando-se
comandante da guarnição de Santos, Tasso Tinoco expediu, na manhã do dia 11 de
novembro, sucessivas ordens à “grande unidade”, colocando-a inicialmente de
prontidão e, em seguida, orientando o deslocamento de algumas tropas para a
base aérea de Cumbica e de outras para a zona de seu quartel-general.
O plano de reação ao movimento desencadeado por Lott contou
com uma série de estratagemas. Um demorado contato telefônico do brigadeiro
Eduardo Gomes, na sede da 2ª DI, em Caçapava (SP), com o general
Falconière, visava retardar o seu regresso a São Paulo de modo a possibilitar a
Tasso Tinoco, que também se encontrava no Rio de Janeiro às primeiras horas do
dia 11, chegar primeiro à capital paulista. Ainda dentro desse plano, a
Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo ficou encarregada de
divulgar notícias falsas, como as da prisão de Falconière e da emissão de um
comunicado do governo do estado ao povo paulista.
Com
o comparecimento de Jânio Quadros ao quartel-general da 2ª DI na manhã do dia
11 para se entender com Tasso Tinoco e Ivo Borges, a tensão política aumentou
em São Paulo, mas, nesse mesmo dia, as manifestações de resistência foram ali
sufocadas pela pronta ação de Falconière, que marchou sobre a capital à frente
das tropas acantonadas em Caçapava e Lorena (SP). Reconhecendo a inutilidade da
manobra, Carlos Luz determinou que o Tamandaré retornasse ao Rio de Janeiro,
onde aportou no dia 13. Nereu Ramos, vice-presidente do Senado, que fora
empossado no lugar de Carlos Luz, permaneceu à frente do governo até 31 de
janeiro de 1956, quando Kubitschek e Goulart tomaram posse.
A partir desses acontecimentos até 1958, Tasso Tinoco ficou
sem comando na condição de adido à Secretaria Geral do Ministério da Guerra. Em
abril do ano seguinte foi promovido a general-de-exército, passando para a
reserva no posto de marechal.
Faleceu no dia 21 de abril de 1970.
Foi casado com Benedita Jorge Correia Tinoco, com quem teve um
filho.
FONTES: ARQ. MIN.
EXÉRC; CAFÉ FILHO, J. Sindicato; CORTÉS, C. Homens; COSTA, M. Cronologia;
FRAGOSO, A. Escola; Globo (22/4/75); GUIMARÃES, H. Deputados; KLEIN, L.
Cronologia; Rev. Arq. Públ. AL.; SILVA, H. 1922; SILVA, H. 1945; TÁVORA, J.
Vida; Visão (8/12/75).