TORRES,
Ari
*pres. BNDE 1952-1953.
Ari Frederico Torres nasceu em Porto Alegre no dia 1º de outubro de 1900, filho de Cristiano Torres e de Isabel Magalhães
Torres.
Iniciou os estudos secundários em sua cidade natal, no
Ginásio Júlio de Castilhos, em 1913. No ano seguinte, transferiu-se para São
Paulo, onde completou seus estudos no Colégio Anglo-Brasileiro em 1917,
conquistando o Prêmio Cesário Mota (medalha de ouro), conferido ao aluno de
maior aproveitamento.
Em 1923 formou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica
da atual Universidade de São Paulo (USP), obtendo o primeiro lugar entre todos
os diplomados daquele ano. Como prêmio, recebeu da escola uma viagem de estudos
à Europa, para onde embarcou em março de 1925. Visitou os laboratórios de
pesquisas técnicas da França, Alemanha, Áustria, Itália, Bélgica e Suíça. Em
Zurique, na Suíça, trabalhou como assistente no Laboratório Federal de Ensaio
de Materiais. De volta ao Brasil em 1926, apresentou ao Conselho da Escola
Politécnica de São Paulo minucioso relatório de seus trabalhos realizados na
Europa, sendo nomeado, em abril daquele ano, diretor do Gabinete de Resistência
e Ensaios daquela instituição. Em setembro de 1927, em comissão do governo
paulista, viajou novamente à Europa para aquisição de nova aparelhagem para o
Laboratório de Ensaio de Materiais (LEM) da Politécnica. Aproveitando a estada
na França, freqüentou o curso de metalurgia e metalografia microscópia com o
professor León Guillet, em Paris, trabalhando como estagiário em seus
laboratórios.
Regressando
dessa segunda viagem de estudos em 1928, tornou-se diretor do LEM,
transformando-o de laboratório de ensino em um centro de pesquisas
tecnológicas. No início de 1930, licenciou-se do cargo por dez meses e seguiu
para Porto Alegre, como sócio da firma C. Torres & Cia., a maior
exportadora de fumo de folha do Sul do Brasil. Em janeiro de 1931, reassumiu o
cargo de diretor do LEM, onde permaneceu até meados de março do ano seguinte,
quando lhe foi concedida nova licença para assumir a direção administrativa da
C. Torres. Em fevereiro de 1933, reassumiu a direção do LEM, transformando-o no
maior centro de pesquisas tecnológicas da América do Sul. Em 3 de abril do ano
seguinte, com o apoio do governo do estado, bem como de industriais que
auxiliaram na aquisição de novos aparelhos, o LEM foi transformado em Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e Ari Torres nomeado seu
diretor. Nesse mesmo ano, foi eleito membro correspondente da Academia
Brasileira de Ciências.
Em julho de 1935, licenciou-se mais uma vez para desmontar e
trazer para o Brasil a Tubize Chatillon Co. Hopewell, fábrica localizada na
Virgínia (EUA), que passou a funcionar em São Miguel Paulista, próxima da cidade de São Paulo, sob a denominação de Companhia
Nitro-Química do Brasil. Em abril de 1936, reassumiu o seu antigo cargo no
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Em dezembro do
mesmo ano, foi nomeado presidente da recém-criada Associação Brasileira de
Cimento Portland, com sede no Rio de Janeiro, função que exerceu até novembro
de 1937. Com a implantação do Estado Novo, foi nomeado no mês seguinte, pelo
interventor José Joaquim Cardoso de Melo Neto (1937-1938), secretário de Viação
e Obras Públicas do estado de São Paulo, função que exerceu até o ano seguinte.
Em junho de 1939, deixou a direção do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo e voltou a ocupar o cargo de diretor-geral da
Associação Brasileira de Cimento Portland. Designado, em novembro,
representante do Instituto de Engenharia junto à Federação Brasileira de
Engenheiros, foi eleito primeiro-secretário daquela federação em março do ano
seguinte. Na mesma ocasião, foi designado, pela União Sul-americana de
Engenheiros, membro da Comissão Organizadora do Comitê Sul-americano de Normas
Técnicas, realizado em Santiago do Chile.
Ainda em março de 1940, foi nomeado, pelo presidente Getúlio
Vargas, membro da Comissão Executiva do Plano Siderúrgico Nacional e designado
membro da Comissão Técnica de Estudos de Matérias-Primas, da Comissão de Defesa
da Economia Nacional. Integrou nesse mesmo ano, com Edmundo Macedo Soares e
Guilherme Guinle, a delegação que viajou aos Estados Unidos para negociar com o
Export and Import Bank um empréstimo para a construção da usina siderúrgica de
Volta Redonda (RJ). Em janeiro de 1941, teve aprovado por decreto-lei o projeto
que apresentou ao governo para a construção e exploração da usina em Volta Redonda. Em abril, ao se realizar a assembléia de constituição da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), foi eleito vice-presidente da empresa, cargo que ocupou até o
ano seguinte.
Em junho de 1942, foi nomeado por concurso para exercer o
cargo de professor catedrático de materiais de construção na Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo e, em novembro do mesmo ano, foi designado
assistente responsável pelo setor da produção industrial da Coordenação da
Mobilização Econômica — órgão criado para organizar os recursos econômicos
necessários à intervenção brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) —,
função que exerceria até 1944. Em 1943, tornou-se ainda conselheiro técnico da
Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil (Cexim), chefe da
Comissão de Estudos para o Desenvolvimento da Industrialização de Pós-guerra,
no Rio de Janeiro, conselheiro da União Cultural Brasil-Estados Unidos para o
biênio 1943-1945, bem como presidente da Federação Brasileira de Engenheiros.
Em 1944, deixou a Cexim e assumiu a direção da Companhia Mojiana de Estradas de
Ferro, em São Paulo.
Ainda
em 1944, foi reeleito presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland,
assumiu a direção da Associação Comercial de São Paulo e posteriormente a
vice-presidência, mantendo-se no último cargo até 1946, bem como nomeado membro
do Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial. Tornou-se ainda
diretor da Fábrica de Aços Paulista e da Companhia Brasileira de Materiais
Ferroviários (atual Cobrasma S. A.), cargo esse que exerceria até 1951,
quando assumiu a presidência da companhia por mais um ano.
Em
1945, deixou a presidência da Federação Brasileira de Engenheiros, sendo eleito
nesse mesmo ano membro do conselho consultivo do Instituto de Economia da
Associação Comercial de São Paulo e do conselho fiscal do Banco Mercantil de São
Paulo S.A., cargo que exerceu por vários mandatos consecutivos. No ano
seguinte, foi eleito diretor da Companhia Imobiliária Morumbi, com mandato de
cinco anos, e, em 1947, membro do conselho de administração do Cotonifício
Rodolfo Crespi S.A. Em 1949, fundou e tornou-se diretor-superintendente da
Companhia Brasileira de Material Elétrico, função que exerceu até 1963, quando
foi eleito presidente, permanecendo aí até 1973.
Em 1951, deixou a Companhia Mojiana de Estradas de Ferro,
vindo a presidir a Seção Brasileira da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos
para o Desenvolvimento Econômico.
Com
a criação, pelo presidente Getúlio Vargas, do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE) em julho de 1952, tornou-se o primeiro presidente dessa
instituição governamental, ocupando o cargo até junho do ano seguinte, quando
foi substituído por Válder Sarmanho. Em 1954, tornou-se presidente da
Associação Brasileira de Metais e, dois anos depois, fundou e presidiu a
Brassinter S.A. Indústria e Comércio, cargo que exerceria até 1973. Em 1959,
foi nomeado presidente da Companhia de Ferro e Aço de Vitória, onde
permaneceria até 1961, ocasião em que passou a exercer a função de presidente
do conselho consultivo da companhia e, dois anos depois, foi eleito membro do mesmo
conselho. Ainda em 1959, participou do conselho consultivo da Willys Overland
do Brasil (posteriormente, Ford do Brasil), tendo exercido também o cargo de
conselheiro fiscal até 1967. Foi ainda membro do conselho consultivo da
seguradora Sul América, Marítima, Terrestres e Acidentes entre 1960 e 1967.
Em agosto de 1960, foi indicado, pelo presidente Juscelino
Kubitschek (1956-1961), para uma missão de estudos e planejamento da economia
do Rio Grande do Sul, intermediando o governo federal junto ao governador
daquele estado, Leonel Brizola (1959-1963). Essa missão foi encerrada em
janeiro de 1961. Em seguida, tornou-se membro da Comissão dos Nove, da Aliança
para o Progresso, organismo criado no governo do presidente americano John
Kennedy, dela fazendo parte representantes da Argentina, Colômbia, Guatemala,
Cuba, Estados Unidos, Inglaterra, Chile e México. Exerceu suas atividades na
Comissão dos Nove até 1962. Dois anos depois, fundou e assumiu a
vice-presidência da Associação Nacional de Programação Econômica e Social
(Andes).
Foi ainda presidente da Fruehauf Trailer S.A., diretor
da Companhia Petroquímica Brasileira (Coperbrás) e membro do conselho de
administração da Companhia Fabricadora de Peças (Cofap).
Pertenceu
às seguintes organizações: American Concrete Institute, Detroit, (EUA);
American Society for Testing Materials, Filadélfia (EUA); American Society for
Metals, Cleveland (EUA); Iron and Steel Institute, Londres; American Society of
Civil Engineers (EUA); Associação de Engenheiros, Porto Alegre; Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro; Clube de Engenharia, Rio de
Janeiro; Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e conselho curador da Fundação
Getulio Vargas.
Faleceu em São Paulo no dia 9 de fevereiro de 1973.
Era casado com Maria Aparecida Bittencourt Torres, com quem
teve três filhos.
Publicou Projeto para reorganização do Gabinete de
Resistência dos Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (1926), Unificação de normas técnicas na América do Sul (1937),
Constituição química do cimento Portland (tese, 1941), Dados
estatísticos: notas de aula (1951), Resumo da história dos
aglomerantes, Dosagem dos concretos, Dosagem racional dos
concretos, Determinação dos limites de elasticidade dos metais, Um
método para ensaio mecânico dos cimentos, Estudos de madeiras e
Mecanismos da corrosão do concreto pelas águas naturais agressivas,
além de inúmeros artigos.
FONTES: BULHÕES, O.
Margem; CARONE, E. Terceira; CONSULT. MAGALHÃES B.;
CORRESP. BANCO NAC. DESENVOLV. ECON.; COUTINHO, A. Brasil; CURRIC.
BIOG.; SILVA, H. 1939; SOARES, E. Instituições; SOC. BRAS.
EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; Who’s who in Brazilian.