WANDERLEY,
Alberto Lavenère
*militar; comte. 7ª RM 1929-1930.
Alberto Lavenère Wanderley
nasceu em Maceió no dia 21 de novembro de 1870, filho de Estanislau Wanderley,
funcionário da Alfândega e alferes da Guarda Nacional, e de Amélie Lavenère.
Assentou praça em Alagoas em fevereiro de 1889,
matriculando-se no mesmo ano no curso preparatório da Escola Militar da Corte,
no Rio de Janeiro. Por ocasião dos acontecimentos que resultaram na Proclamação
da República em 15 de novembro do mesmo ano, os alunos da escola, entre eles
Lavenère, enviaram ao líder republicano Benjamim Constant, ex-professor do
estabelecimento, um documento no qual lhe prometiam total apoio.
Em dezembro de 1889, após a Proclamação da República,
Lavenère fazia parte do corpo de alunos da escola que seguiu para São
Cristóvão, aquartelando-se no 2º Regimento de Artilharia de Campanha.
Em 1890, regressou à escola, concluindo o curso preparatório
em fevereiro do ano seguinte. Em março, foi transferido para a Escola Militar
de Porto Alegre. Retornou ao Rio, então Distrito Federal, em fevereiro de 1892,
tornando a ingressar na Escola Militar, onde concluiu o segundo ano do curso
geral.
Em janeiro de 1893, foi promovido a alferes-aluno e em abril
foi classificado no forte de São Bento, no Rio de Janeiro. Com a eclosão da
Revolta da Armada contra o governo de Floriano Peixoto em setembro do mesmo
ano, participou dos combates que se travaram entre a guarnição do forte de São
Bento e belonaves da esquadra revoltosa.
Em 1894, foi promovido a segundo-tenente e, em abril do ano
seguinte, foi incluído no 3º Regimento de Artilharia de Campanha, sediado
em São Paulo. Retornou ao Rio de Janeiro no início de 1896 e retomou o curso geral
da Escola Militar, que concluiu em 1896, recebendo também o grau de bacharel em
ciências e completando o curso das três armas.
Promovido
a primeiro-tenente de artilharia em outubro de 1898, matriculou-se no curso
especial, que veio a concluir no início de 1900. Ainda no mesmo ano,
classificado no 5º Regimento de Artilharia de Campanha (RAC), no Rio de
Janeiro, foi designado para praticar na Fábrica de Cartuchos e Artefatos de
Guerra.
Nomeado
instrutor da Escola Militar em 1902, desligou-se da Fábrica de Cartuchos. Em
1903, pediu dispensa do cargo de instrutor da escola e reintegrou-se ao 5º RAC.
Ainda no mesmo ano, foi nomeado auxiliar da Delegacia da Direção Geral de
Engenharia do comando do 3º Distrito Militar, em Salvador, ficando incluído no
5º Batalhão de Artilharia de Posição na capital baiana. Ainda em 1903, casou-se
no Rio de Janeiro com Laurentina Freire Wanderley.
Em
1904, foi nomeado ajudante da comissão construtora do Sanatório de Campos do
Jordão (SP), permanecendo no cargo até o início de 1908. Promovido a capitão em
1908 e transferido para a arma de engenharia, seguiu para Mato Grosso em
fevereiro de 1909, classificado no 5º Batalhão de Engenharia e nomeado ajudante
da Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso e do Amazonas.
Elevado em junho desse ano ao comando do batalhão e à chefia da comissão, em
julho de 1910 foi nomeado chefe de grupo da Fábrica de Pólvora sem Fumaça, no
Rio de Janeiro.
Em 1912, foi nomeado assistente do general comandante da
Brigada Mista Provisória, sendo promovido a major em dezembro do mesmo ano. No
início do ano seguinte, seguiu para o Rio Grande do Sul, onde assumiu o cargo
de primeiro-engenheiro, e depois o de chefe da construção da Estrada de Ferro
Cruz Alta-Ijuí. De 1916 a 1918, exerceu o cargo de fiscal do Colégio Militar,
no Rio de Janeiro. Em 1919 foi promovido a tenente-coronel e participou de uma
missão mista Brasil-Uruguai como primeiro-engenheiro. Em 1921, foi nomeado
chefe do serviço de engenharia e comunicações da 2ª Região Militar, em São
Paulo. No ano seguinte, assumiu o comando do 1º Batalhão Ferroviário, em Cruz
Alta (RS), assumindo ao mesmo tempo a chefia da Estrada de Ferro Cruz
Alta-Porto Lucena.
Promovido a coronel em 1923, foi nomeado nesse mesmo ano
chefe de gabinete da Diretoria de Engenharia do Exército, posto em que
permaneceu até 1928. Em outubro desse ano foi promovido a general-de-brigada,
sendo nomeado comandante da 7ª Região Militar, em Recife, em janeiro de 1929.
Com o assassínio de João Pessoa em fins de julho de 1930 e o
conseqüente agravamento da situação na Paraíba, o comando da 7ª RM foi
transferido para o 22º Batalhão de Caçadores, na capital paraibana, para
manter-se mais próximo dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, Juarez Távora também
havia escolhido a Paraíba para centralizar, no Nordeste, a revolução que se
preparava no país.
No
dia 3 de outubro de 1930, data da eclosão do movimento, as ações militares
deveriam ser iniciadas à tarde. Juarez Távora, porém, decidiu retardar de
algumas horas o início do levante na Paraíba. Desse modo, houve tempo para que
chegassem ao 22º BC telegramas comunicando a insurreição de outras guarnições
federais, ocorrida na hora aprazada. O tenente Agildo Barata, revolucionário
que servia no 22º BC, interceptou os telegramas, mas o último destes chegou à
noite ao coronel Maurício Cardoso, comandante da unidade, e ao general Lavenère
Wanderley, trazendo a notícia da revolução em Porto Alegre.
Os dois oficiais estavam reunidos para debater a situação
quando, nas primeiras horas da madrugada no dia 4 de outubro, os revoltosos,
militares e civis, atacaram o 22º BC com o apoio do tenente Juraci Magalhães,
que se encontrava na unidade. Após alguns combates, os rebeldes conseguiram
controlar a situação. Na troca de tiros, o general Lavenère foi atingido no
ventre, sendo encaminhado ao Hospital Santa Isabel, onde foi operado
imediatamente mas veio a falecer ainda na noite do dia 4 de outubro de 1930.
Segundo Ademar Vidal, duas horas antes de morrer ainda disse:
“Coisas da política...”
Foi promovido post mortem a general-de-divisão no dia 15 de
outubro de 1930.
Alberto Lavenère Wanderley era pai de Nélson Lavenère
Wanderley, também militar, ministro da Aeronáutica em 1964 e chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas de 1966 a 1968.
Robert Pechman
FONTES:
ARQ. MIN. EXÉRC.; CARNEIRO, G. História; SILVA, H. 1930.