MACEDO, Araripe
*militar;
comte.-em-ch. Esquadra 1964-1965; min. Mar. 1965-1967.
Zilmar Campos de Araripe Macedo nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 15
de fevereiro de 1908, filho do coronel José Araripe Macedo e de Zulmira Campos
de Araripe Macedo. Seu irmão, Joelmir Campos de Araripe Macedo, foi ministro da
Aeronáutica de 1971 a 1979.
Cursou
o secundário no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Em abril de 1925 ingressou
no primeiro ano da Escola Naval, passando a guarda-marinha em dezembro de 1927.
Em novembro do ano seguinte embarcou no cruzador Rio Grande do Sul para
o ensino prático de aplicação. Concluído o curso na Escola Naval, foi promovido
a segundo-tenente em setembro de 1929 e em seguida designado para se apresentar
no encouraçado São Paulo.
Em outubro de 1930 — mês em que irrompeu a revolução que
destituiu o presidente Washington Luís trazendo ao poder Getúlio Vargas — foi
promovido a primeiro-tenente e transferido para a Flotilha de
Contratorpedeiros. A bordo do cruzador Rio Grande do Sul, partiu
em outubro de 1931 para Recife, onde, em apoio ao interventor em Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti, participou da repressão ao 21º Batalhão de Caçadores
que se havia sublevado. Após a rendição dos revoltosos, transportou-os para o
presídio da ilha de Fernando de Noronha. Retornou ao Rio em dezembro do mesmo
ano, ainda a bordo do Rio Grande do Sul, que compunha juntamente
com os contratorpedeiros Paraná e Paraíba a 1ª Divisão Naval.
Em 12 de julho de 1932, logo após a eclosão da Revolução
Constitucionalista de São Paulo, embarcou mais uma vez no Rio Grande do Sul em
direção a Santos a fim de tomar parte no bloqueio ao porto daquela cidade.
Ajudante-de-ordens do comando da 1ª Divisão Naval, foi dispensado do cargo em
setembro e transferido para o contratorpedeiro Mato Grosso, a
bordo do qual voltou a Santos para dar continuidade ao bloqueio. Cessadas as
hostilidades no início de outubro com a derrota dos paulistas, regressou ao
Rio, sendo designado em dezembro ajudante-de-ordens do comandante-em-chefe da
Esquadra brasileira, o contra-almirante Américo dos Reis, e transferido para o
encouraçado São Paulo.
Promovido a capitão-tenente em março de 1933, foi destacado
em agosto do mesmo ano para o tênder Belmonte. Voltou a servir no
Rio Grande do Sul em janeiro de 1934 e em novembro desse ano comandou o
rebocador Aníbal de Mendonça. Regressando ao cruzador Rio
Grande do Sul em novembro de 1935, seguiu para o Rio Grande do Norte. Nessa
viagem participou da repressão à Revolta Comunista que agitou Natal entre os
dias 23 e 27 daquele mês. O levante, promovido pela Aliança Nacional
Libertadora (ANL), organização integrada por comunistas, sociais-democratas,
antifascistas e setores militares descontentes, eclodiu também em Recife, no
dia 24 de novembro, e no Rio de Janeiro, no dia 27.
Retornando ao Rio em janeiro de 1936, iniciou no mês seguinte
o curso de hidrografia e navegação. Concluído o curso, foi desligado da 1ª
Divisão Naval e designado para a Diretoria de Navegação, embarcando, ainda em
fevereiro, no navio hidrográfico Jaceguai, no qual assumiu a
função de imediato. Em abril de 1938, após a instalação do Estado Novo, tendo à
frente Getúlio Vargas (10/11/1937), apresentou-se na Escola Naval, onde serviu
como instrutor de navegação e hidrografia. Em janeiro de 1939 embarcou no vapor
Pedro II como instrutor de aspirantes.
Após a declaração de guerra do Brasil à Alemanha e à Itália
em agosto de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), participou de
operações de patrulhamento da costa brasileira. Promovido a capitão-de-corveta
em dezembro de 1942, voltou a servir na Escola Naval entre janeiro de 1943 e
janeiro de 1945, tendo sido nesse período instrutor de navegação e hidrografia
do quarto ano. Desligado da Escola Naval, foi designado imediato do
contratorpedeiro Mariz e Barros em fevereiro de 1945. Em novembro desse
ano, após a deposição do presidente Getúlio Vargas pelos chefes militares em 29
de outubro, foi nomeado oficial-de-gabinete do ministro da Marinha, o
vice-almirante Jorge Dodsworth Martins. Assumindo o cargo em fevereiro de 1946,
foi designado para representar o Ministério da Marinha junto ao presidente da
Comissão Mista Militar Brasil-Estados Unidos. Em abril passou a desempenhar a
função de assessor técnico do Ministério da Marinha, junto ao representante do
governo brasileiro, para liquidação dos compromissos referentes à lei de
empréstimos e arrendamentos.
Com a substituição de Dodsworth Martins pelo
almirante-de-esquadra Sílvio de Noronha, foi desligado do gabinete do ministro
da Marinha em setembro de 1946 e nomeado comandante do contratorpedeiro Bracuí,
função que exerceu até janeiro de 1948. Em junho desse ano matriculou-se no
curso fundamental da Escola de Guerra Naval (EGN).
Capitão-de-fragata em dezembro de 1948, concluiu o curso
fundamental da EGN em outubro de 1949, sendo designado em seguida auxiliar de
ensino da mesma escola. Desligado da EGN em janeiro em 1951, viajou logo depois
para os EUA, integrando a Comissão de Cruzadores. No mês seguinte foi desligado
da comissão para assumir o Departamento de Operações do cruzador Barroso,
no qual voltou ao Rio em dezembro de 1951, já no segundo governo de Getúlio
Vargas.
Promovido a capitão-de-mar-e-guerra em março de 1953, em
abril tornou-se superintendente de ensino da Escola Naval. Em 1954 — ano do
suicídio de Getúlio Vargas, ocorrido a 24 de agosto —, fez dois cursos de
treinamento nos EUA. Dispensado das funções de superintendente da Escola Naval
em março de 1955, foi designado chefe do estado-maior do comando da Força de
Contratorpedeiros.
Nomeado
diretor do Colégio Naval em fevereiro de 1956, foi transferido em janeiro de
1957 para o Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG), assumindo em
fevereiro as funções de adjunto da Divisão de Assuntos Psicossociais e em
seguida a chefia dessa mesma divisão. Em março foi designado presidente da
comissão encarregada de elaborar o anteprojeto de lei dispondo sobre o
exercício do magistério da Marinha, em todos os graus de ensino.
Em junho de 1958, assumiu o comando do cruzador Barroso,
nele permanecendo até janeiro de 1959, quando foi promovido a
contra-almirante. Em fevereiro seguinte assumiu o comando da Flotilha de
Contratorpedeiros, no qual se manteve até abril de 1960. Entre maio e agosto foi
subchefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA).
Em dezembro de 1960, assumiu a subchefia do Estado-Maior da
Armada (EMA) e em fevereiro de 1961, já no governo de Jânio Quadros, foi
nomeado diretor-geral de Pessoal da Marinha, sendo então desligado do EMA.
Nomeado em abril de 1961 membro da Junta Administrativa do
Fundo Naval, em outubro — após a renúncia de Jânio Quadros (25/8/1961) e a
posse do vice-presidente João Goulart (7/9/1961) na presidência da República —,
assumiu a direção da Escola Naval. Em novembro seguinte foi designado para
integrar o Conselho de Promoções da Marinha, na qualidade de membro efetivo.
Em agosto de 1962, após ser exonerado da direção da Escola
Naval, foi promovido a vice-almirante. No mês seguinte, foi nomeado para a
chefia do núcleo de comando da Zona de Defesa do Atlântico, deixando essa
função em agosto de 1963. Em outubro desse ano, assumiu o cargo de
diretor-geral de Eletrônica da Marinha, pedindo exoneração em fevereiro de 1964
para se apresentar como adido no Departamento de Pessoal da Marinha.
Após
o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que destituiu João Goulart
da presidência da República, tomou posse em 2 de abril no cargo de
comandante-em-chefe da Esquadra, em substituição ao vice-almirante Norton Demaria
Boiteux. Manteve-se nesse cargo até outubro de 1965, quando foi substituído
pelo almirante-de-esquadra Sílvio Monteiro Moutinho. Em seguida foi nomeado
diretor-geral de Hidrografia e Navegação. Essa nomeação foi porém tornada sem
efeito em novembro porque Araripe Macedo foi nomeado secretário-geral da
Marinha.
Em
dezembro de 1965, em virtude do pedido de exoneração do ministro Paulo Bosísio,
Araripe Macedo foi escolhido pelo presidente da República, marechal Humberto de
Alencar Castelo Branco, para assumir a pasta da Marinha. Na ocasião foi
promovido a almirante-de-esquadra e passou para a reserva remunerada.
Em novembro de 1966, Araripe Macedo assinou um decreto
presidencial pelo qual seriam aumentados os limites do mar territorial
brasileiro de três para seis milhas. Manteve-se como ministro da Marinha até o
final do governo Castelo Branco, em março de 1967, tendo sido substituído pelo
almirante Augusto Hamann Rademaker, nomeado já sob o governo Costa e Silva.
Faleceu no Rio de Janeiro
Publicou dois livros: Neutralização magnética dos navios e
seus efeitos sobre a agulha (1944) e A batalha de Midway (1950).
Além disso, traduziu duas obras clássicas da literatura militar: Filosofia
militar, de André Roujon (1939) e A arte de comandar, de
André Gavet (1940).
FONTES: ARQ. MIN. MAR.;
CACHAPUZ, P. Cronologia; CORRESP. SERV. DOC. GER. MAR.; COUTINHO, A. Brasil;
Encic. Mirador; FIECHTER, G. Regime; Grande encic. Delta; MIN. MAR. Almanaque
(1965); Rev. Arq. Públ. Mineiro; SERV. DOC. GER. MARINHA; TEIXEIRA,
F. História; VIANA FILHO, L. Governo.