BRASIL EM MARCHA
BRASIL
EM MARCHA
Jornal
carioca fundado por Michael Krymchantowski, joalheiro polonês. Circulou de 3 de
fevereiro de 1961 a 21 de janeiro de 1967. Com periodicidade inicialmente
semanal, a partir do número 20 (dezembro de 1961) passou a circular mensalmente
e sob a forma de tablóide. O número 20 marcou também a adoção das cores azul e
vermelha e a supressão do subtítulo que aparecia impresso até então: “Seu
jornal, sua defesa, sua liberdade.”
Segundo
Rui Castro, Brasil em Marcha “tinha fumaças de The Spectator londrino ou do Le
Monde e era uma publicação quase clandestina. O creme da inteligência de
esquerda e de direita colaborava”. De fato, nas palavras de seu fundador, o
jornal pretendia “ser uma tribuna livre do jornalismo brasileiro”, convocando
“o que o Brasil tem de mais alto e legítimo na sua inteligência, na sua
cultura, no seu pensamento”. Contava com a participação de várias
personalidades. Otávio Gouveia de Bulhões, Augusto Frederico Schmidt, Nélson
Rodrigues, Austregésilo de Ataíde, Armando Falcão, Oto Lara Resende, Roberto
Campos, Amaral Neto, Oto Maria Carpeaux, Rubem Braga, Carlos Castelo Branco,
Antônio Calado, Danton Jobim, Vasco Leitão da Cunha, Eugênio Gudin, Tristão de
Ataíde, Márcio Moreira Alves e Hélio Fernandes foram alguns dos colaboradores.
A
política de restrições à liberdade de imprensa adotada pelo regime militar se
acentuou em fevereiro de 1967, sob o governo Castelo Branco, com a aprovação da
nova Lei de Imprensa. Um mês antes, no número 81 de seu jornal, Michael
Krymchantowski assinou um artigo intitulado “Esperança”, no qual revia a
trajetória de Brasil em Marcha e manifestava temor quanto ao futuro da imprensa
brasileira: “Se a lei for votada tal como se apresentou em seu primeiro dia de
vida legislativa, não creio que um jornal com as características de Brasil em
Marcha, com a sua independência, a sua altivez, poderá continuar a circular.”
Krymchantowski também denunciava perseguições pessoais, no que chamava de
“tentativa bisonha de desvalorização do brasileiro naturalizado”.
O
ambiente não melhorou em nada para a imprensa nos meses seguintes, o que fez
com que Brasil em Marcha e várias outras publicações deixassem de circular por
essa época.
FONTES: Brasil
em Marcha (3/2 e 10/6/61; 21/1/62 e 1/67); CASTRO, R. O anjo.