COMITÊ POPULAR REVOLUCIONÁRIO
COMITÊ
POPULAR REVOLUCIONÁRIO
Junta governativa, também conhecida como Comitê
Revolucionário do Nordeste ou Governo Revolucionário Popular, instalada
em Natal em nome da Aliança Nacional Libertadora (ANL) a 25 de novembro de
1935, dois dias após a eclosão da Revolta Comunista. Foi extinto no dia 27 de
novembro, dois dias após ter sido criado.
A revolta em Natal foi iniciada por sargentos, cabos e
soldados sob a liderança dos sargentos Elisiel Diniz Henriques e Quintino
Clemente de Barros. Após a tomada do quartel do 21º Batalhão de Caçadores, o
grupo revoltoso ocupou o quartel-general da Polícia Militar, que permaneceu
cercado por 19 horas, até que todos se rendessem. Os líderes rebeldes passaram
em seguida a controlar a cidade, prendendo o chefe de polícia João Medeiros
Filho. O governador e outras autoridades locais refugiaram-se inicialmente na
casa do cônsul chileno, e em seguida numa embarcação da companhia Latecoère,
ancorada no porto sob a bandeira francesa.
Nas ruas, os rebeldes saquearam as lojas e invadiram as
agências do Banco do Brasil e do Banco do Rio Grande do Norte. Os quartéis também
foram invadidos, e seus estoques de munições e uniformes, roubados.
Com
o controle da cidade de Natal e de algumas cidades vizinhas, os rebeldes
anunciaram no dia 25 de novembro a formação do Comitê Popular Revolucionário, e
a conseqüente deposição do governo do estado em nome da Aliança Nacional
Libertadora. A composição do Comitê foi divulgada pelo jornal A Liberdade, que
era dirigido pelo poeta Otoniel Meneses, e teve um primeiro e único número, datado
de 27 de novembro.
Lauro Cortês Lago, oficial de polícia, ex-diretor da prisão,
assumiu o cargo de secretário do Interior; Quintino Clementino de Barros,
sargento, músico do 21º BC, e líder dos revoltosos, assumiu a Secretaria de
Defesa; João Batista Galvão, estivador, ficou responsável pela Secretaria de
Viação; José Praxedes, sapateiro, assumiu a Secretaria de Abastecimento; José
Macedo, ex-tesoureiro dos Correios e Telégrafos e comerciante, assumiu a
Secretaria de Finanças.
As primeiras medidas adotadas pelo Governo Revolucionário
Popular foram a redução do preço dos bondes, a redução e o tabelamento do preço
do pão e o fechamento dos núcleos da Ação Integralista Brasileira.
No dia 27 de novembro, quando chegou a informação de que o
governo federal desencadearia um ataque aéreo a Natal, parte dos integrantes do
Comitê Popular Revolucionário abandonou a cidade a bordo do navio mercante Santos,
sendo alcançados por dois cruzadores da Marinha. Lauro Lago, José Macedo e
João Galvão se refugiaram no interior, mas foram presos uma semana depois.
O poder foi retomado pelas tropas do Exército e pelas
polícias dos estados vizinhos no mesmo dia 27 de novembro, reassumindo o posto
o governador Rafael Fernandes Gurjão.
Iniciou-se então a prisão dos revoltosos e de todos os
suspeitos de haverem participado do movimento. Foram presos igualmente
numerosos opositores do governador, entre os quais os chefes políticos João
Café Filho e Kerginaldo Cavalcanti.
Alzira
Alves de Abreu
FONTES:
CHILCOTE, R. Brazilian; Jornal do Brasil (26/11/61); LEVINE, R. Vargas.