OFENSIVA, A
OFENSIVA,
A
Jornal carioca inicialmente semanal, mais tarde diário e
matutino, fundado em 17 de maio de 1934 por Plínio Salgado e extinto em março
de 1938.
Órgão divulgador da doutrina integralista, A Ofensiva era
editado graças a “coletas especiais de dinheiro” efetuadas em firmas alemãs,
italianas e japonesas. Era dirigido por seu fundador, Plínio Salgado, e contava
com Madeira de Freitas na chefia de redação, Thiers Martins Moreira na
secretaria e Santos Maia na gerência. Entre seus colaboradores destacavam-se
Miguel Reale, Hélio Viana, Luís da Câmara Cascudo, Ernâni Silva Bueno, Gustavo
Barroso, Mário Pagano, Orlando Ribeiro de Castro e Oliveira Viana.
Em seu primeiro número, o jornal publicou um editorial
assinado por Plínio Salgado, em que o integralismo era apresentado como uma
“doutrina sã”, portadora de um “ideal elevado”, capaz de sustentar “um regime
de verdade em lugar de um regime de mentira, uma nação para o povo, e não uma
nação para políticos, protegidos e magnatas”. O integralismo desencadearia a
“revolução com sentido lógico”, oposta à “grande alusão” da Revolução de 1930.
A revolução não deveria se restringir à transformação do regime, mas significar
também a mudança de mentalidade e a formação de uma nova consciência. Nas
palavras de Plínio Salgado, “revolução é movimento de cultura e espírito.
Transforma-se uma cultura, assume-se nova atitude espiritual, como conseqüência
abala-se até aos alicerces um regime, destruindo tudo para construir de novo,
porque destruir apenas não é revolução... Não se trata de uma ofensiva contra
um governo, contra uma classe: trata-se de uma ofensiva contra uma
civilização”.
A Ofensiva declarava contar com o apoio de 150 mil
integralistas, “disseminados por todo o território da pátria”. Os principais
inimigos desta seriam o capitalismo internacional e o agitador comunista e
anarquista. O jornal criticava também a imagem externa do Brasil, “país de oito
milhões de quilômetros quadrados e quase 50 milhões de habitantes sem
prestígio, sem crédito, corroído pela politicagem dos partidos”.
Durante todo o tempo em que foi editado, A Ofensiva alternou
artigos informativos das campanhas e das atividades dos “camisas-verdes” com
matérias de conteúdo mais teórico, que procuravam divulgar os princípios
integralistas ou adequá-los à realidade política, social e econômica do país. O
liberalismo era visto como uma “anarquia criadora de cesarismos democráticos”.
O comunismo era a escravidão “pela absorção do indivíduo”. A estrela vermelha
dos sovietes seria uma conseqüência do “judaísmo talmúdico”. O integralismo,
por fim, representaria “a moral, o espírito de sacrifício, a fé, repostos nos
seus pedestais que estavam ocupados pelos ídolos do materialismo semita”.
Dentro do movimento integralista, A Ofensiva apoiava a
corrente que pretendia obter o poder por meios legais, através do processo
eleitoral. Opunha-se à ala de tendência golpista, que pregava a “técnica
violenta” de tomada do poder e em dado momento chegou a contestar a
legitimidade da própria liderança de Plínio Salgado. Este, amedrontado,
publicou um editorial no Natal de 1935 preconizando “a revolução contínua e não
violenta”. Em sua opinião, os integralistas radicais, “na sua exaltação
revolucionária, [poderiam] perder aquilo que mais procuramos: a consciência de
si mesmos”.
A Ofensiva atacava essencialmente os comunistas e os judeus e
promovia também ampla cobertura da ascensão do fascismo na Europa. Hitler era
visto como “o reformador da economia germânica, cuja autoridade permanece
intangível, mesmo diante das investidas mais graves das intrigas
internacionais”. Mussolini, por sua vez, seria o responsável por um governo
forte numa Itália organizada, que se havia tornado o centro da política
internacional européia.
Carlos Eduardo Leal
FONTE: Ofensiva.