PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO (PCBR)
PARTIDO
COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO (PCBR)
Partido político revolucionário criado em 1968 por Mário
Alves, Manuel Jover Teles e Apolônio de Carvalho, dissidentes do Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Defendendo a luta armada como o único caminho para
derrubar o regime militar instalado no Brasil em 1964 e implantar um governo
popular revolucionário, foi uma das principais organizações que entre as
décadas de 1960 e 1970 se dedicaram à guerrilha no país.
Origem
A orientação política emanada do V Congresso do PCB realizado
em 1960 — ou seja, a defesa da via pacífica na passagem do regime capitalista
ao socialismo e da coexistência pacífica entre os blocos liderados pelos EUA e
a URSS — em pouco tempo passou a ser contestada por dirigentes do próprio
partido. As divergências se acentuaram a partir do movimento político-militar
de março de 1964, que derrubou o governo constitucional de João Goulart e
iniciou um processo de restrição das liberdades democráticas. Prevista ainda
para esse ano, a realização do VI Congresso do PCB foi adiada em virtude da
repressão policial desencadeada contra os opositores do regime.
Em
maio de 1965, o comitê central do PCB se reuniu em São Paulo, manifestando-se durante o encontro duas posições distintas: enquanto a facção
majoritária do partido defendia a participação dos comunistas numa frente
antiditadura, o grupo liderado por Mário Alves, Manuel Jover Teles, Jacó
Gorender e Neri Reis de Almeida defendia a luta armada como estratégia
política. Mário Alves e Jover Teles foram afastados da comissão executiva do
partido, permanecendo contudo no comitê central.
Em setembro de 1967, o comitê central do PCB decidiu expulsar
de seus quadros o grupo contestador, no qual se incluíam, além de Mário Alves,
Jacó Gorender e Apolônio de Carvalho, Carlos Marighella, Joaquim Câmara
Ferreira e Miguel Batista. Essas expulsões foram ratificadas durante o VI
Congresso do partido, realizado em dezembro seguinte, o que provocou o
acirramento das lutas internas e aumentou o número de defecções, principalmente
de jovens. Em 1968, os dissidentes liderados por Mário Alves, Jover Teles e
Apolônio de Carvalho fundaram o PCBR, enquanto o grupo de Carlos Marighella
organizava a Ação de Libertação Nacional (ALN).
Atuação
Defendendo a formação de núcleos guerrilheiros no campo — de
onde deveria partir a insurreição —, o PCBR considerava também necessária a
manutenção de uma estrutura partidária de apoio na cidade. Assim, organizou-se
enquanto partido, conservando a mesma estrutura do PCB.
Suas
primeiras ações, ainda em 1968, foram assaltos a bancos para obtenção de
fundos. Entretanto, com a intensificação da repressão policial-militar aos
movimentos de oposição e sobretudo aos grupos guerrilheiros, e com a prisão e a
morte de Mário Alves em 1970, a organização praticamente se desarticulou.
Também preso, Apolônio de Carvalho ainda nesse ano foi solto
e enviado para o exterior, em troca da libertação do embaixador alemão
Ehrenfried von Holleben, que havia sido seqüestrado pelos guerrilheiros da ANL
e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Alzira
Alves de Abreu
FONTE: Tempo (16 a 22/8/79).