PARTIDO COMUNISTA
DO BRASIL (PCdoB)
Partido
político de âmbito nacional criado em fevereiro de 1962 por ex-dirigentes do
Partido Comunista Brasileiro (PCB), afastados dessa organização em 1961 em
decorrência da crise provocada pelo debate em torno das resoluções do XX
Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), realizado em 1956.
Considerando-se o verdadeiro continuador do PCB — fundado em
1922 com o nome de Partido Comunista do Brasil e em 1961 alterado para Partido
Comunista Brasileiro — o PCdoB, como todos os partidos comunistas, foi
constituído com o objetivo de promover a derrubada do sistema capitalista e,
através da revolução proletária, realizar a passagem ao regime socialista.
Distinguiu-se do PCB por seu alinhamento à China (até a morte de Mao Tsé-Tung,
em 1976) e à Albânia, em lugar da União Soviética, o que o levou a adotar uma
estratégia política própria: externamente, defendeu o confronto com os países
capitalistas, enquanto o PCB defendia a coexistência pacífica, e, internamente,
propôs-se a preparar a luta armada, enquanto o PCB defendia o caminho pacífico
para a revolução brasileira.
Origens
No XX Congresso do PCUS, reunido em fevereiro de 1956, o
secretário-geral do partido, Nikita Kruschev, apresentou um relatório
denunciando os “crimes de Stalin”. O debate em torno desse relatório dentro do
PCB só teve início no final do ano, quando o documento foi publicado pelo
jornal O Estado
de S. Paulo, tornando-se de domínio público. As diferentes opiniões eram
externadas através dos jornais comunistas Voz Operária e Imprensa Popular e tratavam não só da orientação a ser seguida pelo PCB, como
da atuação dos dirigentes do partido, acusados de autoritarismo. Nessa época, o
núcleo dirigente do PCB era formado por 30 membros, entre os quais Luís Carlos
Prestes, secretário-geral, Diógenes Arruda Câmara, detentor do controle da
máquina partidária, Maurício Grabois, João Amazonas, Pedro Pomar, Carlos
Marighella, Giocondo Alves Dias de Oliveira, Sérgio Holmos, Mautílio Muraro,
Lindolfo Hill, Domingos Marques, José Francisco de Oliveira, Celso Cabral,
Amarílio Vasconcelos, Lourival Vilar, Pedro Carvalho Braga, José Martins, João Massena, Estoril de Morais, João Sanches Segura e Molsa
Walchenker. Destes, Diógenes Arruda, Maurício Grabois, João Amazonas, Pedro
Pomar e Carlos Marighella eram os mais acusados de autoritarismo e de
stalinismo.
Em
fevereiro de 1957, Áidano do Couto Ferraz, redator do Voz
Operária, foi
afastado do jornal pelo comitê central do PCB, o que levou 27 dos 32
jornalistas da imprensa comunista a abandonar seus postos. No mês de maio,
Agildo Barata, tesoureiro do partido e um dos líderes do movimento em favor da
democratização e da independência do PCB em relação ao PCUS, rompeu com o
comitê central. Este, reunido no mês de agosto, decidiu expulsar Agildo Barata,
mas ao mesmo tempo decidiu afastar das posições que ocupavam na comissão
executiva os líderes identificados com o stalinismo Diógenes Arruda, João
Amazonas e Maurício Grabois, substituindo-os por Giocondo Alves Dias, Mário Alves
e Carlos Marighella. Este último, embora fosse considerado por muitos
comunistas como também ligado ao grupo stalinista, passou a ocupar o lugar do
segundo homem do partido, depois de Prestes.
Em março de 1958, o comitê central divulgou um documento intitulado
Declaração
política, mais conhecido como Declaração de março, que representou o rompimento com a linha política
estabelecida na Declaração de agosto de 1950, reiterada pelo IV Congresso de 1954. A antiga orientação pregava a formação de uma frente democrática de libertação nacional e a
luta pela derrubada do governo constituído. Considerando o latifúndio e o
imperialismo como os principais obstáculos ao desenvolvimento brasileiro,
defendia também o confisco das terras dos latifundiários e sua distribuição
entre os camponeses sem terra. A Declaração de março, ao contrário, veio orientar a ação do PCB para a estratégia
do “caminho pacífico para o socialismo”.
Essa
nova orientação foi reiterada em 1960 pelo V Congresso, que admitiu a atuação
do PCB dentro dos quadros legais do sistema constitucional. Considerando o novo
programa “de orientação abertamente revisionista”, na medida em que renegava a
luta revolucionária e os princípios do marxismo-leninismo e do
internacionalismo proletário, o grupo liderado por Diógenes Arruda, João
Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar rompeu nesse momento com o comitê
central. Além de Amazonas, Grabois e Pomar — Arruda já se encontrava no
ostracismo —, foram afastados do comitê José Duarte, Ângelo Arroio, Válter Martins,
Calil Chade, Carlos Danielli, Lincoln Oeste e mais três dos 23 membros
originais. A justificativa para esse afastamento foram os “ataques sistemáticos
[do grupo] contra a unidade e a disciplina do movimento comunista”.
Por outro lado, como desde o final da década de 1950 o PCB
vinha atuando de forma semilegal, seus dirigentes empreenderam uma campanha
para a obtenção do registro do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Com esse objetivo, na conferência nacional de 1961 foi decidido que o PCB passaria
a se chamar Partido Comunista Brasileiro — nome que atestaria o caráter
nacional da organização —, já que um dos argumentos utilizados para a cassação
de seu registro em 1947 fora o de que o partido era vinculado à União
Soviética, conforme indicava o nome Partido Comunista do Brasil. O grupo que
fora afastado do comitê central durante o V Congresso se opôs a essa decisão,
divulgando uma carta com cem assinaturas, conhecida como a Carta dos cem. Essa atitude determinou sua expulsão das fileiras do partido.
Em fevereiro de 1962, Amazonas, Grabois, Pomar e seu grupo
convocaram uma conferência nacional extraordinária de oposição ao “partido
prestista” e fundaram uma nova organização com o nome de Partido Comunista do
Brasil e a sigla PCdoB, para se distinguir do PCB. Nessa reunião, foi eleito o
comitê central da organização, que incluía oito antigos membros do comitê
central do PCB, e elegeu-se também João Amazonas para o cargo de
secretário-geral. Em seguida, Diógenes Arruda aderiu ao novo partido.
No mês de março ressurgiu A Classe Operária como órgão oficial do PCdoB, dirigido por Maurício Grabois e
Pedro Pomar.
Atuação
A
década de 1960 assistiu ao rompimento entre a União Soviética e a República
Popular da China, precipitada
pela recusa de Kruschev em fornecer a tecnologia da bomba atômica a Mao
Tsé-Tung e, sobretudo, pela retirada de todos os técnicos soviéticos que vinham
participando da modernização da economia chinesa. As conseqüências dessa
ruptura para o movimento comunista mundial foram a perda da hegemonia soviética
na condução e na orientação dos partidos comunistas e o surgimento de novos
partidos sob a égide da China, defensora de uma estratégia política mais
agressiva, que via na luta armada o único caminho para os países capitalistas
atingirem o socialismo.
Alinhando-se
à posição chinesa, o PCdoB foi reconhecido em setembro de 1963 como partido
irmão tanto pelo Partido Comunista Chinês como pelo Partido do Trabalho da
Albânia.
As análises do PCdoB sobre a sociedade brasileira não
diferiam muito das que eram feitas pelo PCB. Apontavam como causas do atraso do
país o domínio imperialista, o monopólio da terra e a ação dos grupos
monopolistas da grande burguesia. Caracterizavam o imperialismo norte-americano
como o principal inimigo do povo brasileiro e defendiam a criação de uma ampla
frente democrática e antiimperialista sob a direção do proletariado. Ao
contrário do PCB, porém, afirmavam ser indispensável a violência revolucionária
“para livrar a nação do atual regime retrógrado e para instaurar um governo
popular revolucionário”, e, finalmente, declaravam que a luta armada, único
meio de o Brasil atingir o socialismo, deveria partir do campo.
Com uma estrutura organizacional calcada no modelo do PCB, em
seus primeiros anos de atuação o PCdoB teve um reduzido número de adeptos,
concentrados sobretudo em São Paulo. A partir de 1964, contudo, após o
movimento político-militar que derrubou o governo constitucional de João
Goulart e instaurou um regime que veio limitar as liberdades democráticas, o prestígio
da organização aumentou rapidamente, sobretudo junto aos jovens, partidários da
luta armada.
Em
junho de 1966, o PCdoB realizou a sua VI Conferência Nacional (para
contrapor-se ao VI Congresso do PCB), aprovando novos estatutos e uma resolução
que conclamava “a união dos brasileiros para libertar a nação da ditadura e da
ameaça neocolonialista”. A VI Conferência aprovou ainda como estratégia de ação
a organização de núcleos no campo para o início do movimento revolucionário.
Partindo do princípio de que o Brasil, “embora uma nação única, contém em si
dois brasis: o do interior e o das grandes cidades”, as teses apresentadas viam
no interior um imenso potencial a ser mobilizado.
Após
a VI Conferência, ocorreu uma cisão no PCdoB. À direção do partido contrapôs-se
um grupo que defendia a tática do foco, preconizada pelo francês Régis Debray.
Tal tática consistia em formar pequenos núcleos revolucionários, os focos
guerrilheiros da zona rural, os quais não só centralizariam a iniciativa
militar contra os exércitos regulares, como deteriam a direção política do
processo. Considerando que a idéia do foco rompia com a visão clássica de
partido de vanguarda e implicava uma visão pequeno-burguesa da revolução tanto
na esfera política como na esfera militar e organizativa, o comitê central do
PCdoB criticou duramente a negação do partido como força dirigente do movimento
revolucionário e a atribuição desse papel aos núcleos guerrilheiros. Outra
crítica do comitê central era que uma tática baseada em pequenos grupos levaria
ao desligamento do movimento de massas. Finalmente, a direção do PCdoB
declarou-se contrária à concepção de uma revolução continental única que não
levasse em conta as características e as etapas vividas por cada país. O grupo
“foquista” foi então expulso do PCdoB, vindo a constituir a Ala Vermelha, que
influiria na formação de outras organizações baseadas na mesma estratégia.
Entre 1966 e 1967 o PCdoB passou a organizar núcleos de
guerrilha no interior do país, deslocando seus melhores quadros, constituídos
de estudantes e operários do Rio de Janeiro e de São Paulo, para a região do
Araguaia, no sul do Pará. A idéia era transferir todo o comitê central para
esse núcleo, que chegou a contar com 70 participantes.
Em 1968, Diógenes Arruda foi preso. Ao sair da prisão, viajou
para o exterior, o mesmo fazendo João Amazonas.
Ainda em 1968, o PCdoB recebeu a adesão de um grupo de
dissidentes do PCB do então estado da Guanabara. Com a edição do Ato
Institucional nº 5 em dezembro desse ano, foram abolidos praticamente todos os
direitos e liberdades democráticas e teve início a guerrilha urbana e rural. O
PCdoB criticou as ações desenvolvidas pelos grupos de guerrilha urbana —
seqüestros, assaltos a bancos, a supermercados e a quartéis —, tachando-as de inconseqüentes.
No documento intitulado Guerra popular — caminho da luta armada no Brasil, afirmou que, para ser vitoriosa no Brasil, a revolução
deveria assumir o aspecto de guerra prolongada, travada fundamentalmente no
interior a partir de pequenos núcleos guerrilheiros, que formariam bases de
apoio no campo e pouco a pouco incorporariam as massas populares.
A
partir de 1970, o PCdoB absorveu grande parte dos dissidentes da Ação Popular
(AP), principalmente na Bahia, firmando assim suas bases nesse estado, além do
Rio e de São Paulo.
Em 1972, o Exército descobriu o núcleo do PCdoB no Araguaia e
iniciou os preparativos para erradicá-lo da região. As tropas enviadas — o que
chegou a implicar a abertura de estradas — eliminaram 50 guerrilheiros, entre
os quais Maurício Grabois, tendo, ao final de 1973, praticamente dizimado o
grupo.
Em 1976, com a morte de Mao Tsé-Tung e a mudança na política
interna e externa da China, o PCdoB passou a acusar os chineses de caminharem
para o capitalismo, rompendo com o Partido Comunista Chinês e estreitando suas
relações com a Albânia.
Por outro lado, ainda em dezembro de 1976, ao final de uma
reunião do comitê central em São Paulo, todos os participantes foram presos e
alguns foram mortos pela polícia. Foram presos Elza Monerat, José Novais, Aldo Arantes, Vladimir Pomar, Haroldo Lima e Jover Teles, e mortos Pedro Pomar,
Ângelo Arroio e João Batista Drumond.
Com a decretação da anistia em agosto de 1979, voltaram ao
país Diógenes Arruda e João Amazonas, morrendo o primeiro pouco tempo depois de
chegar, no dia 25 de novembro.
O PCdoB continuou a defender uma ação política voltada para a
preparação da luta armada no Brasil, a ser deflagrada “no momento oportuno, com
o objetivo imediato de liquidar o regime militar e de implantar um governo de
unidade popular”.
Em
1980, uma crise interna levou à destituição dos dirigentes estaduais do PCdoB
de São Paulo e da Bahia e à expulsão de cinco membros do comitê central. O
motivo imediato da crise teria sido a indicação de seis nomes pelo secretário-geral,
João Amazonas, para ocupar lugares vagos no comitê central. O grupo dissidente
teria exigido que se realizassem eleições para o preenchimento dos cargos, pois
não havia eleições no partido desde 1962, e reclamado a realização de um
congresso para avaliar os resultados da guerrilha do Araguaia.
Com a abertura política do final dos anos 1970, o PCdoB se
aliou a outras forças que defendiam a democratização do país, participando da
campanha pela anistia. Em 1984 apoiou a campanha das Diretas Já, campanha em
prol do restabelecimento de eleições diretas para a presidência da República,
desencadeada no final de 1983 quando se aproximavam as eleições para a sucessão
do presidente João Figueiredo. Grandes comícios impulsionaram a campanha, que
culminou com gigantescas manifestações em abril de 1984. Em 25 de abril desse
ano, contudo, a Câmara dos Deputados rejeitou a implantação das eleições
diretas, proposta na chamada emenda Dante de Oliveira. Tancredo Neves e José
Sarney se apresentaram como candidatos à eleição indireta à presidência e
vice-presidência, respectivamente, tendo recebido o apoio do PCdoB. Logo após a
eleição, antes mesmo de sua posse, Tancredo Neves morreu, tendo assumido o
cargo o vice José Sarney, em abril de 1985. O PCdoB apoiou o primeiro
presidente civil eleito desde a tomada do poder pelos militares em 1964.
Nesse período o partido tinha 50 mil filiados, espalhados por
quase mil municípios.
No dia 10 de maio de 1985 o presidente José Sarney sancionou
leis aprovadas pelo Congresso que, entre outras medidas, legalizaram os
partidos comunistas, PCB e PCdoB.
Durante a 8ª Conferência Nacional do partido, realizada em
Brasília, durante os dias 27 e 28 de agosto de 1985, foi aprovado um novo
programa que rompeu com alguns dos dogmas do comunismo: foi admitida a
participação do capital privado na economia, a pluralidade partidária e a
liberdade de culto religioso. Durante a conferência os comunistas anunciaram a
busca de um socialismo “genuinamente brasileiro”. Renegaram o seu apoio aos métodos
e à política utilizada por Stalin e o vice-presidente do partido e líder na
Câmara, Aldo Rebelo (São Paulo), afirmou: “Nunca fomos stalinistas”. João
Amazonas continuou à frente da direção do PCdoB.
Em
1986 foi eleita a Assembléia federal com poderes legislativos ordinários e,
temporariamente, para a elaboração da nova constituição. O PCdoB elegeu em
coligação com o PMDB seis deputados federais (Haroldo Lima e Lídice da Mata, da
Bahia; Eduardo Bonfim, de Alagoas; Aldo Arantes, de Goiás; Célio de Castro, de
Minas Gerais; e Edmilson dos Santos, do Rio de Janeiro), quatro deputados
estaduais (Luís Nova e Vandilson Costa, da Bahia; Jandira Feghali, do Rio de
Janeiro; e João Martins, do Espírito Santo). Além dessa representação
parlamentar, o PCdoB obteve um cargo executivo: a prefeitura de Camaçari (BA),
o pólo petroquímico a 40 quilômetros do norte de Salvador.
Sua atuação política se concentrou no estímulo às invasões de
terrenos urbanos, nos chamados “movimentos por moradia”, principalmente na zona
leste de São Paulo, e de defesa e invasão de terras nos conflitos agrários, em
especial, no sul do Pará, norte de Goiás e sudeste do Maranhão.
Entre os dias 11 e 14 de maio de 1988, em São Paulo, teve lugar o 7º Congresso do partido, o primeiro após a sua legalização. As
orientações básicas foram reafirmadas.
Em 1989 foi realizada a primeira eleição direta para o cargo
de presidente da República. O PCdoB apoiou o candidato do Partido dos
Trabalhadores (PT), Luís Inácio da Silva -— Lula. Foi eleito Fernando
Collor de Melo para presidente e como vice, Itamar Franco.
A queda do Muro de Berlim em 1989 e a queda do regime
comunista nos países do Leste Europeu obrigaram o PCdoB a rever os princípios
que orientavam a sua atuação. A partir de 1991 teve início a discussão sobre a
sua linha política e o abandono do stalinismo como referência política e a
Albânia como modelo de socialismo. Sua visão da URSS de Gorbatchev e da Perestroika, era qualificada pejorativamente de “rápida transição para o
capitalismo do tipo ocidental”.
Em 1992 foi desencadeado o processo de impeachment do presidente Collor quando o partido participou e apoiou o
seu afastamento do poder por envolvimento em esquema de corrupção e tráfico de
influência. Em 1994 novamente apoiou o candidato do PT, Luís Inácio Lula da
Silva para presidente da República, quando foi eleito Fernando Henrique
Cardoso, do PSDB.
Nas eleições de 1998 o PCdoB voltou a integrar a coligação de
siglas de esquerda que mais uma vez apresentou Lula como seu candidato a
presidente. O petista foi novamente derrotado por Fernando Henrique, que se
reelegeu. Esta frente foi mais bem-sucedida na disputa pelo governo do estado
do Rio de Janeiro, conseguindo eleger seu candidato, Anthony Garotinho, do
Partido Democrático Trabalhista, PDT. Em São Paulo, a coligação não obteve o mesmo sucesso: sua candidata, Marta Suplicy, do PT, ficou em terceiro lugar e não
conseguiu chegar ao segundo turno da disputa pelo governo estadual. Em todo o
país o PCdoB elegeu sete deputados federais.
Entre 1996 e 1998 o jornal O Globo fez uma série de reportagens sobre a guerrilha do Araguaia,
movimento que teve a liderança do PCdoB. As reportagens trouxeram a público
testemunhos documentais e relatórios que ajudaram a desconstruir versões que
eram até então aceitas sobre as mortes ocorridas durante o confronto entre os
guerrilheiros e as forças armadas. Essas reportagens ajudaram a investigação
sobre o destino dos guerrilheiros desaparecidos e permitiu que o governo
brasileiro iniciasse o processo de indenização das famílias das vítimas.
Alzira Alves de
Abreu
O PCdoB NA PRIMEIRA DÉCADA DO NOVO SÉCULO
Nas eleições de 2000, o PCdoB apresentou candidatos em 28
municípios, mas não conseguiu eleger nenhum prefeito. Seu melhor desempenho se
deu em Fortaleza e em Olinda (PE), onde seus candidatos, Inácio Arruda e
Luciana Barbosa de Oliveira Santos, respectivamente, classificaram-se para o 2º
turno, sendo derrotados, porém.
Para as eleições gerais de 2002, o PCdoB manteve sua
estratégia conjunta com o PT e apoiou a candidatura, desta vez vitoriosa, de
Lula para a presidência. Pela primeira vez o Partido Comunista do Brasil iria
participar oficialmente da sustentação de um governo eleito.
O partido novamente não apresentou candidatos próprios aos
governos estaduais em 2002, preferindo apoiar os candidatos petistas. A
estratégia então foi bem sucedida em três unidades da federação: Acre, Mato
Grosso do Sul e Piauí.
Para o Congresso Nacional, o PCdoB elegeu onze representantes
para a Câmara, não elegendo nenhum quadro, porém, para o Senado.
Nas eleições municipais de 2004, o PCdoB conseguiu eleger dez
prefeitos próprios, em sua grande maioria, no Nordeste. E novamente apoiou
candidatos petistas que tiveram sucesso, inclusive em capitais.
No ano de 2006 o PCdoB manteve seu apoio ao PT, coligando-se
com esta agremiação e com o Partido Republicano Brasileiro (PRB), para reeleger
Lula presidente. Nos estados, repetiu-se mais uma vez a aliança, com o apoio
dos comunistas aos candidatos petistas vitoriosos em Sergipe, Bahia, Piauí,
Acre e Pará. Nas eleições legislativas federais, o PCdoB manteve, na média, o
tamanho de sua bancada anterior, elegendo doze deputados. E sua bancada no
Senado ganhou um representante: o cearense Inácio Arruda.
Nas eleições de 2008, foram eleitos 41 prefeitos na legenda
do PCdoB, crescimento significativo, se comparado ao resultado de 2004. Destes,
um era de capital: Edvaldo Nogueira, que se reelegeu em Aracajú.
Com a eleição de Dilma Roussef pelo PT, em 2010, para a Presidência da República, o PCdoB continuou a fazer parte da base de sustentação do governo, tal como vinha fazendo já no Governo Lula (2003-2011). Desde 2003, o Ministro do Ministério dos Esportes vem sendo chefiado por um membro do partido.
Com as eleições de 2010, o partido tem estado presente em cerca de treze governos estaduais, ocupando a direção de secretarias, entre eles o Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. Neste pleito elegeu quinze deputados federais e dezoito deputados estaduais.
Nas eleições municipais de 2012 o PCdoB elegeu 57 prefeitos, 976 vereadores em um total de 56.810 em todo o Brasil.
Tem estado presente também na direção da União Nacional de Estudantes (UNE).
Em 2013, o jornal A Classe Operária seguia como órgão oficial do partido. E em 2014, seu presidente nacional era José Renato Rabelo.
Em 2009, o jornal A Classe Operária seguia como órgão oficial do partido.
FONTES:
CHILCOTE, R. Brazilian;
Folha de S. Paulo
(24/4/86, 30/1, 30/4 e 28/6/87, 2/12/89, 13/3/91, 28 e 30/8/95); Globo
(28/8/95); Jornal do Brasil
(15/4/88, 8/9/95); LEVY, N. PC
do B; MAKLOUF, L. Pedro
Pomar; PARTIDO COMUNISTA DO BRA- SIL.
Cinqüenta; PARTIDO
COMUNISTA DO BRASIL. Guerra;
Portal do TSE. Disponível em : <http://www.tse.gov.br>.
Acesso em : 01 dez. 2009;
Tempo (16 a 22/8 e 18 a 25/10/79).