PARTIDO
DEMOCRATA CRISTÃO (PDC)
Partido político nacional fundado em 1985. Em abril de 1993
fundiu-se com o Partido Democrático Social (PDS), dando origem ao Partido
Progressista Reformador (PPR).
Formação e programa
Recriar
o PDC, um dos principais partidos políticos do período 1945-1965, extinto pelo
Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, foi objetivo de vários
políticos no início da década de 1980. Uma primeira tentativa foi feita em
1981, num projeto que contou com a adesão inicial de personalidades como Sandra
Cavalcanti. Tal iniciativa, contudo, não logrou êxito, uma vez que seus
promotores resolveram aderir ao recém-criado Partido Popular (PP), que seria
extinto ainda antes das eleições de 1982. A própria Sandra Cavalcanti acabaria por se filiar ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Em
junho de 1982 foi feita nova tentativa de recriar o PDC, com o lançamento no
Diário Oficial de um manifesto do partido subscrito por 106 eleitores, em sua
maioria funcionários públicos, estudantes e profissionais liberais do Rio de
Janeiro. O manifesto continha os estatutos e o programa de ação do novo
partido, que prometia “casa”, “terra” e o “fim dos privilégios” a todos os
brasileiros. O presidente do partido em organização seria o bancário Eremir
Pereira, e o secretário-geral, o contador Vital Gonçalves Júnior, ambos do Rio
de Janeiro. O objetivo, no entanto, foi mais uma vez frustrado, e o plano de
recriação do PDC teve que ser adiado, vindo a se concretizar somente em 1985.
O PDC que conseguiu se firmar foi fundado em 1985 e em sua
breve história foi uma força política concentrada majoritariamente nas regiões
Norte e Centro-Oeste. Um dos principais responsáveis por seu ressurgimento foi
Mauro Borges, ex-governador de Goiás destituído pelo presidente Castelo Branco
e posteriormente cassado, e desde 1983 senador por seu estado na legenda do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
O novo partido nasceu defendendo uma “terceira via política”,
situada entre o liberalismo e o marxismo, e pregando ainda a “instauração de
uma nova ordem social sem a destruição da liberdade”. Em seu programa
enunciava-se o resumo da doutrina pedecista: “Respeito à dignidade da pessoa
humana”, “à propriedade privada” e “à mensagem evangélica”, além de “paz e amor
entre os homens, independentemente de diferenças raciais”.
Atuação
Em agosto de 1985 o PDC já estava organizado em 12 estados
brasileiros e no Distrito Federal. No estado do Rio de Janeiro possuía
aproximadamente dez mil filiados e o único deputado federal da legenda, Clemir
Ramos, oriundo do Partido Democrático Trabalhista (PDT). O partido, contudo,
não conseguiu eleger nenhum prefeito na primeira eleição que disputou, em
novembro de 1985.
No
ano seguinte foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte
e para os governos e assembléias legislativas estaduais. O PDC não conseguiu
eleger nenhum governador ou senador, mas fez cinco deputados federais e 11
estaduais em todo o país. Na Constituinte o PDC contou com sete representantes,
uma vez que mais dois parlamentares aderiram ao partido. A bancada era composta
por quatro representantes de Goiás, um do estado do Rio de Janeiro, um de São
Paulo e outro da Paraíba. A atuação do partido na elaboração da nova
Constituição não foi homogênea, exceto em relação a certos temas, como por
exemplo a reforma agrária, rejeitada por seis dos sete membros da bancada. Os
deputados pedecistas deram ainda cinco votos aos cinco anos de mandato para o
presidente José Sarney e se dividiram quanto ao sistema de governo: quatro votos
para o parlamentarismo e três para o presidencialismo. O PDC não chegou a
integrar o governo Sarney (1985-1990), embora tenha manifestado apoio ao seu
programa.
Em
1989, ano de eleições presidenciais, a atuação do partido ficou marcada pela
indecisão entre o lançamento de uma candidatura própria ou o apoio a outro
partido. O grupo ligado ao então senador Mauro Borges, presidente nacional do
PDC, preferia apoiar Leonel Brizola, do PDT, enquanto outras facções
manifestavam preferência por Afif Domingos, do Partido Liberal (PL), ou
Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Havia ainda
a possibilidade da candidatura própria do deputado José Maria Eymael, de São
Paulo. Todas as propostas, entretanto, foram inviabilizadas nas convenções em
virtude das divisões internas do partido, que na ocasião contava com quatro
senadores, 18 deputados federais, três governadores, 515 prefeitos e 2.160
vereadores em todo o país. A força política do PDC faria com que a legenda
tivesse dez minutos no horário eleitoral gratuito se lançasse um candidato
próprio ou fizesse uma coligação. Como não o fez, o partido só voltou a
disputar eleições no ano seguinte.
Nas
eleições de 1990, o PDC conseguiu eleger três senadores, 22 deputados federais
e 52 deputados estaduais em todo o Brasil. Em seu segundo ano de mandato, a
bancada de deputados federais do partido teve que se pronunciar sobre uma
grande questão: o afastamento do presidente Collor, envolvido em denúncias de
corrupção. Na votação para que fosse autorizada a abertura do processo de
impeachment, em 29 setembro de 1992, o partido contou com 19 deputados. Desse
total, 17 votaram favoravelmente e dois, Jonival Lucas e Jairo Azi, ambos da
Bahia, ausentaram-se do plenário.
Nas eleições municipais de 1992, o partido conquistou duas
prefeituras de capitais: Palmas, do estado de Tocantins, e Manaus. A partir do
início de 1993 começaram as discussões dentro do PDC sobre uma possível fusão
com o PDS, liderado por Paulo Maluf, então prefeito de São Paulo. Em março o partido
decidiu, em convenção nacional, fundir-se com o PDS, dando origem ao PPR. Na
ocasião, um dos líderes do PDC, o senador Epitácio Cafeteira, do Maranhão,
afirmou que a fusão visava às eleições de 1994. A idéia era criar um partido com representação em vários estados, de forma a poder apresentar
uma candidatura forte à presidência da República. No comando desse processo
estaria Paulo Maluf. O PPR, ao nascer, contava com 72 deputados e dez
senadores, ou seja, era terceira bancada do Congresso Nacional, e tinha além
disso um governador e 865 prefeitos em todo o país.
Ricardo
Guanabara
FONTES: DIAP. Quem
foi quem; Folha de S. Paulo; Globo; Jornal do Brasil;
KINZO, M. Radiografia; MONTEIRO, B. & OLIVEIRA, C. Partidos;
NICOLAU, J. Multipartidarismo; Veja.