RÁDIO
GUAÍBA
Com uma concorrida sessão de arte no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, era inaugurada, oficialmente, no dia 30 de abril de 1957, a Rádio Guaíba. A ZYU-58 entrou no ar naquele dia, às 12 horas, com 10kw, em ondas médias e
dois transmissores de ondas curtas, cada um com sete quilowatts e meio em 25 e 49 metros. Mantendo uma programação apenas musical, com orquestras e intérpretes consagrados, sem
textos gravados, alta fidelidade de som e estilo sóbrio e pausado de leitura
pelos locutores, a maioria do público ouvinte a elegeu imediatamente.
A iniciativa partiu de Breno Caldas, diretor da Cia.
Jornalística Caldas Júnior, proprietária do Correio do Povo e da Folha da Tarde, então os dois jornais de maior circulação no Rio Grande do
Sul, que começava a sentir a concorrência das novas empresas jornalísticas. Na
ocasião, Alberto Pasqualini, nomeado diretor da emissora, disse: “Posso
adiantar em poucas palavras que ela não terá o luxo das grandes montagens. Mas,
mesmo usando a singeleza, jamais cairá na vulgaridade.”
A equipe era formada por Jorge Mendes Ribeiro, como
diretor-geral, Flávio Alcaraz Gomes, na parte comercial, o produtor Luís
Gualdi, o programador Osmar Meletti, o engenheiro Homero Simon e os técnicos
Alcides e José Krebs e Hélio Custódio.
Como locutores foram convidados Aden Rossi, Adroaldo Streck e
Petrônio Correia, este como noticiarista e redator. Logo em seguida ingressaram
Marco Aurelius, Paulo Flores, Ênio Berwanger e Zalmiro Zimmermann. No esporte,
Mendes Ribeiro repartia com Pedro Carneiro Pereira e Mílton Jung as
transmissões domingueiras. Jorge Muccilo foi o primeiro diretor de
rádio-teatro, além de narrador de turfe. Como produtor especial foi contratado
Sérgio Jockymann, revelando-se, ao longo do tempo, um prestigiado autor de peças
infantis, entre outros gêneros.
O Correspondente Renner foi um noticiário radiofônico de dez minutos, apresentado
desde o início da Guaíba, por Ronald Pinto, passando depois a Mílton Jung,
mantendo-se ainda hoje. É, possivelmente, um dos noticiários de maior duração
no rádio brasileiro.
Entre os programas de maior sintonia nesta primeira fase
estavam Você é o
sabichão, programa de auditório apresentado do cinema Cacique. Histórias do mestre Estrela, também de auditório, Marcelino, pão e vinho, Aplausos para este homem, escrito por Oscar Fernando Fontoura, As aventuras de Sherlock Holmes, radiofonizado por Roberto Eduardo Xavier, Lendas de todo o mundo, escrita por Zaíra de Albuquerque Petry, Um amigo às ordens, por Fé Emma, Dê asas à sua imaginação, Teatrinho Cacique e As ruas contam histórias, todos com boa audiência. Tanto assim que, ao completar o
quinto aniversário, a Guaíba destacava-se como uma das melhores emissoras
nacionais.
Em 1958, a Rádio Guaíba transmitiu a Copa do Mundo, sendo a
única emissora brasileira presente na Suécia, país-sede da competição.
Em 1961 o então governador Leonel Brizola, do Rio Grande do
Sul, a requisitava para liderar a chamada rede da legalidade, passando a
irradiar diretamente do palácio Piratini. O motivo foi a renúncia da
presidência da República por Jânio Quadros, a 25 de agosto, sete meses depois
de tomar posse, originando uma das mais graves crises políticas do país.
Durante dez dias, a Rádio Guaíba manteve a resistência pela posse do
vice-presidente, João Goulart, tornando-se, desse modo, a emissora mais ouvida
da América do Sul. Em 1963 a potência foi aumentada para 50kw, ampliando o raio
de ação para as três Américas. Com a tomada do poder pelos militares, em 1964, a Guaíba, em face dos acontecimentos, permaneceu fora do ar por mais de uma semana.
Muitas
foram as coberturas internacionais, como a queda do presidente Arturo Frondisi,
na Argentina, em 1962; a Copa da Mundo no Chile, no mesmo ano; o lançamento da
cápsula Gemini Quatro, de Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, em 1965; a visita do
papa Pio VI a Nova Iorque e a posse do general Charles de Gaulle, na França; a
luta do peso galo Éder Jofre no Japão; a Copa do Mundo na Inglaterra; o
conflito entre árabes e israelenses, no Oriente Médio; a rebelião dos estudantes
em Paris, conflitos no Vietnã e no Uruguai, o campeonato mundial de futebol no
México, em 1970, entre outras. Em fevereiro de 1980, foi lançada a Guaíba FM (101.3 MHz), com uma programação
de música e informação. Ao
ser adquirida pelo empresário Renato Bastos Ribeiro, em 1985, depois da
falência da Cia. Jornalística Caldas Júnior, foi adotado um estilo mais
popular, inclusive com utilização de jingles.
Ao contrário dos jornais, que suspenderam a publicação no período falimentar, a
programação da emissora continuou a funcionar normalmente, embora com atraso de
vencimentos aos funcionários.
Em 1991, a Rádio Guaíba duplicou sua potência, passando a irradiar com 100 quilowatts, tendo finalizado,
em 1997 o processo de implantação de seu sistema digital. A sua programação
passou a ser acompanhada ao vivo pela internet e permitia, também, o acesso às
matérias especiais disponíveis em seu site.
Em março de 2007, a Guaíba passou a ser administrada pelo Grupo Record e a emissora renovou-se com a contratação
de profissionais e a realização de reformas em suas infra-estruturas física e
tecnológica. Dentro dessas inovações destaca-se a valorização do Estúdio
Cristal, localizado na “Esquina da Comunicação”. Neste estúdio, a população
podia acompanhar de perto algumas das principais atrações apresentadas pela
emissora.
Colaboração especial Sérgio
Dillenburg/Lilian
Lustosa (atualização)
FONTES: Agert
em Notícias (1970 a 1978); Cadernos de Jornalismo
(1); Correio do Povo (1958 a 1960 e 1987); DILLENBURG, S. R. Os
anos; HAUSSEN, D.F. Síntese
noticiosas; LEMOS, H. M. Grandeza;
LEONAM, M. O Rádio;
Portal da Rádio Guaíba. Disponível em : <http://www.radioguaiba.com.br>.
Acesso em : 12 out. 2009; TREMA,
R. Muita;
VAMPRÉ, O. A. Raízes.