SODRÉ,
Benjamim
*militar; comte. V DN 1949-1951; comte. I DN 1954.
Benjamim de Almeida Sodré —
também conhecido pelo pseudônimo de Mimi Sodré, que lhe foi atribuído quando
jogava futebol no Botafogo Futebol e Regatas e na seleção brasileira de futebol
— nasceu em Mecejana (CE) no dia 10 de abril de 1892, filho de Lauro Nina Sodré
e Silva e de Teodora de Almeida Sodré. Seu pai foi político e militar,
abolicionista e republicano histórico, constituinte em 1891, governador do Pará
de 1891 a 1897 e de 1917 a 1921 e senador de 1897 a 1917 e de 1921 a 1930.
Conhecido jogador de futebol no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, ingressou na Escola Naval dessa cidade em março de 1910. Em
1913 presidiu a Fênix Naval, associação dos alunos da Escola Naval. Ainda nesse
mesmo ano, no dia 4 de outubro, encontrava-se a bordo do rebocador Guarani
quando este submergiu após colidir com o navio mercante Borborema, tendo
conseguido sobreviver ao lado de outros colegas. Foi promovido a
segundo-tenente em julho de 1914, a primeiro-tenente em dezembro de 1917, a
capitão-tenente em abril de 1923 e a capitão-de-corveta em outubro de 1933.
No posto de contra-almirante, comandou o V Distrito Naval (V
DN) de 1949 a 1951. No ano seguinte participou da criação da Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), da qual foi o primeiro
presidente, e em 1953 chefiou o departamento de estudos da Escola Superior de
Guerra (ESG). De fevereiro a junho de 1954 comandou o I DN, sediado no Distrito
Federal, em substituição ao contra-almirante Maurício Xavier do Prado. Passou o
cargo ao vice-almirante Jorge Matoso Maia e no ano seguinte, já como almirante,
foi inspetor-geral da Marinha.
Participou do movimento militar de 11 de novembro de 1955,
liderado pelo general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra até a véspera,
que visava, segundo seus promotores, barrar uma conspiração em marcha no
governo e assegurar a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek. Embora
os ministros da Aeronáutica e da Marinha se colocassem contra a atitude de
Lott, dentro da Marinha não existiu consenso e, enquanto representante do
Conselho do Almirantado, Benjamim Sodré manifestou-se disposto a acatar as deliberações
do Congresso Nacional no sentido do retorno às normas constitucionais vigentes.
O movimento provocou o impedimento dos presidentes da República Carlos Luz, em
exercício, e Café Filho, licenciado, empossando na chefia da nação o
vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, que procedeu à sucessão presidencial
dando posse aos eleitos em janeiro do ano seguinte.
Benjamim Sodré presidiu, em 1961, o Cenáculo Fluminense de
História e de Letras. Foi presidente da Frente de Renovação Nacional e do
Centro da Comunidade Luso-Brasileira e ocupou o cargo de vice-presidente da
Campanha Nacional de Educandários da Comunidade (CNEC). Grande incentivador da
prática do escotismo no país, promoveu a criação da União dos Escoteiros do
Brasil. Além disso, organizou a Federação dos Escoteiros Paraenses, criou o
primeiro Grupo de Escoteiros de Belém e foi o iniciador dos Escoteiros do Mar,
além de presidente de sua federação. Foi também grão-mestre de maçonaria da
Loja Grande Oriente do Brasil.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 19 de fevereiro de 1982.
Era casado com Alzira Sodré.
Publicou Guia dos escoteiros, Organização e características
das forças navais, A educação e a segurança nacional, Aspirações e interesses
nacionais, Objetivos permanentes do Brasil, Educação extra-escolar, Organização
extra-escolar, Organização do trabalho intelectual, A Marinha na nossa
história, Tamandaré, Onze de junho, Lauro Sodré — vida, caráter e sentimento a
serviço de um povo, Caderno do escoteiro, O dia da pátria, Quinto centenário do
infante d. Henrique, Segundo centenário de José Bonifácio.
FONTES: CARNEIRO,
G. História; CONSULT. MAGALHÃES, B.; CORRESP. SERV. DOC. GER. MAR.; COSTA, M.
Cronologia; FRAGOSO, A. Escola; GIRÃO, R. Ceará; MIN. GUERRA. Subsídios; MIN.
MAR. Almanaque (1934); ROQUE, C. Grande.