COSTA,
Romero Cabral da
*min. Agric. 1961.
Romero
Cabral da Costa nasceu em Recife no dia 11 de agosto de
1911, filho de Manuel José da Costa Filho e de Maria das Mercês Cabral da
Costa. Seu pai, embora de origem humilde, dedicou-se ao comércio do açúcar e
adquiriu a usina Pumati, na Zona da Mata pernambucana; sua mãe era filha de um
senhor de engenho.
Alfabetizado
em Recife por uma professora particular, freqüentou depois os colégios
Americano Batista, Marista e São Luís, e os ginásios de Recife e Pernambucano,
todos em sua cidade natal. Em 1930, ingressou na Faculdade de Direito de
Recife, pela qual se formou em 1933 após cursar o terceiro ano, em 1932, na
Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro então Distrito Federal.
Após
exercer a advocacia por algum tempo na capital pernambucana, seguiu para o Rio
de Janeiro, onde abriu um escritório especializado em direito civil. Abandonou
anos mais tarde a profissão para dedicar-se à gerência dos negócios de seu pai
na usina Pumati. Instalou na usina um pequeno núcleo experimental de irrigação
de terras, despertando com isso o interesse do governador pernambucano Cid
Sampaio em fins de 1960. O governador solicitou-lhe então um estudo completo
sobre sua experiência, o qual pretendia mostrar a Jânio Quadros, eleito
presidente da República em outubro daquele ano, e aos banqueiros do Sul, tendo
em vista a obtenção de recursos para financiar a implantação desse sistema de
irrigação em toda a Zona da Mata pernambucana.
Dias após ter entregue a Cid Sampaio o estudo pedido, recebeu
deste um telefonema do Rio de Janeiro, informando-lhe que Jânio Quadros o havia
escolhido ministro da Agricultura de uma lista de cinco indicações. Atribuindo
essa escolha ao fato de ser completamente apolítico, aceitou o convite, vindo a
tomar posse no dia 31 de janeiro de 1961, junto com todo o governo de Jânio
Quadros.
Na
condição de empresário agroindustrial, Romero Cabral da Costa não possuía, até
então, conhecimentos generalizados sobre os problemas da agricultura
brasileira. Passou a inteirar-se desses problemas somente após assumir a pasta,
iniciando o estudo de soluções para eles. Ao longo do ano de 1961, porém sua
tarefa estaria limitada à administração das verbas orçamentárias votadas e
aprovadas pelo governo anterior, com aplicações específicas que não poderia
modificar.
Embora na época coubessem ao Ministério da Agricultura apenas
3% das verbas do orçamento da União, Romero Cabral da Costa não julgava ser
esse o principal fator de restrição à ação do órgão. Considerava fundamental a
ausência de uma ciência agronômica aplicada capaz de garantir o aumento da
produtividade, e enfatizava, em relação à questão da reforma agrária, que não
bastava a simples transferência da posse da terra, que, desacompanhada de
medidas que dotassem os novos proprietários de técnicas modernas de produção,
consistiria em uma medida ineficaz.
Preocupado
em assegurar a venda da produção agrícola, conseguiu que o presidente Jânio
Quadros autorizasse todas as agências do Banco do Brasil a comprarem qualquer
quantidade colhida pelos agricultores. Instituiu ainda no ministério uma série
de comissões para estudar as principais questões ligadas à ação do órgão e
apurar eventuais irregularidades em gestões anteriores. Participou também de
uma comissão criada por Jânio Quadros para elaborar um estatuto da terra, a
qual se reuniu poucas vezes, não chegando a apresentar resultados concretos.
No
dia 25 de agosto de 1961, foi surpreendido pela notícia da renúncia do
presidente. Algumas horas antes, havia sido um dos ministros condecorados por
Jânio durante a solenidade de comemoração do Dia do Soldado. Abandonou a pasta
no mesmo dia, sendo substituído quatro dias depois, interinamente, por Ricardo
Greenhalg Barreto Filho e, no dia 8 de setembro, já no governo de João Goulart
(1961-1964), por Armando Monteiro.
Abandonando a vida pública, Romero Cabral da Costa passou a
dedicar-se a seus negócios particulares.
Faleceu em Recife no dia 28 de dezembro de 1998.
Era casado com Isabel Guerra Costa, com quem teve dois
filhos.
Publicou um volume de poemas e um livro sobre problemas
agrícolas.
FONTES: ALMEIDA, A.
Dic.; BASTOS, P. Galeria; BEHAR, E. Vultos; BLAKE,
A. Dic.; CÂM. DEP. Deputados; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Efemérides
paulistas; Encic. Barsa; Encic. Mirador; Grande
encic. Delta; Grande encic. portuguesa; INF. FAM.; Jornal
do Comércio, Rio (25/5/26, 7, 8 e 9/6/34); LEVINE, R. Vargas; MENESES,
R. Dic.; NEVES, F. Academia; RIBEIRO FILHO, J. Dic.