FREITAS, Hydekel de
* dep. fed. RJ 1975-1982;
sen. RJ 1990-1995.
Hydekel
Meneses de Freitas Lima nasceu em Porciúncula (RJ) no dia 3
de janeiro de 1939, filho de Francisco Faleiros de Freitas Lima e de Laura
Meneses de Freitas Lima. Viveu toda a infância em Duque de Caxias (RJ), onde
chegou com os pais, comerciantes, com um ano de idade.
Iniciou
sua carreira política em outubro de 1962, quando se elegeu deputado estadual na
legenda do Partido Republicano (PR), ocupando sua cadeira em fevereiro do ano
seguinte. Durante esse legislatura tornou-se líder da bancada de seu partido
na Assembléia e vice-presidente da mesa diretora e das comissões de Transportes
e de Saúde. Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2
(27/10/65) e a posterior instauração do bipartidarismo, participou da fundação
da Aliança Renovadora Nacional (Arena) - partido de sustentação do regime
militar instaurado no país em abril de 1964 - no estado do Rio, tornando--se
presidente de seu diretório em Duque de Caxias. Candidato a prefeito desse
município em outubro de 1966, obteve 17 mil votos, sendo derrotado por seu
oponente do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Moacir do Carmo, que obteve
40 mil votos.
No
pleito de novembro de 1970 reelegeu-se deputado estadual na legenda da Arena.
Cursou a Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Gama Filho (UGF),
bacharelando-se em 1972.
Em novembro de 1974 elegeu-se deputado
federal pelo Rio de Janeiro na legenda da Arena. Deixando a Assembléia
fluminense em ja-neiro de 1975, iniciou seu mandato na Câmara Federal em
fevereiro seguinte. Nessa legislatura foi membro da Comissão de Transportes e
suplente da Comissão de Educação e Cultura. Reeleito em novembro de 1978, com a
extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente
reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS),
agremiação situacionista que sucedeu à Arena. Permaneceu, nessa legislatura, na
Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados, mas em maio de 1982 renunciou
ao mandato por ter sido nomeado pelo presidente João Batista Figueiredo
prefeito de Duque de Caxias, município considerado área de segurança nacional.
Em
1985, depois de liderar um movimento para promover adesões ao Partido da Frente
Liberal (PFL), e já filiado à esta agremiação, desgostou-se com seus
correligionários que no Congresso, em Brasília, tiveram pouco empenho na busca
de uma solução favorável à reeleição dos prefeitos das capitais e cidades
consideradas áreas de segurança nacional. Afinal, por decisão do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), eles se tornaram inelegíveis. Deixou a prefeitura de
Duque de Caxias ao término do mandato, em janeiro de 1986.
Vinculado
à campanha de Wellington Moreira Franco, que disputava o governo do Rio de
Janeiro, no pleito de novembro de 1986 Hydeckel foi um dos três candidatos que
concorreram graças ao recurso da sublegenda a uma vaga no Senado, na legenda do
Partido da Frente Liberal (PFL), obtendo a primeira suplência de Afonso Arinos.
Em
outubro de 1988 elegeu-se prefeito de Duque de Caxias concorrendo numa
coligação do PFL com o PDS. Após a morte de Afonso Arinos, em agosto de 1990,
renunciou à prefeitura que ficou a cargo do seu vice, José Carlos Lacerda, e
assumiu a cadeira no Senado em 13 de setembro. No mesmo ano ingressou no
Partido da Reconstrução Nacional (PRN), que elegera Fernando Collor de Mello
presidente da República.
Como
senador, Hydekel apresentou projetos de lei determinando o pagamento mensal
antecipado, até o dia 15 do mês de vencimento, do salário dos trabalhadores que
recebessem até três salários-mínimos, e obrigando os bancos a abrirem
cadernetas de poupança sem a exigência de limites mínimos de depósito, para
qualquer pessoa que comprovasse estar empregada. Propôs ainda que maiores de 16
anos movimentassem poupanças em bancos oficiais, ‘desde que autorizados pelos
pais’.
Interlocutor
entre Collor e o governador fluminense Leonel Brizola, nas negociações das
dívidas e reivindicações do estado do Rio de Janeiro, esteve ameaçado de perder
o mandato, em agosto de 1991, por excesso de faltas, posto que se ausentara em
62 das 87 sessões ocorridas naquele ano.
De
volta ao PFL, na sessão da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de 1992,
votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente
Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade por ligações com
um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha
presidencial Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a votação na
Câmara, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da
conclusão do processo pelo Senado Federal, sendo efetivado na presidência da
República o vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente
desde o dia 2 de outubro.
Filiado
ao Partido Progressista Reformador (PPR), em novembro de 1993 o nome de Hydekel
voltou a ser mencionado na imprensa pelo fato de ter apresentado ao orçamento
da União mais emendas para a cidade mineira de São Lourenço do que para o
estado que o elegera, o Rio de Janeiro. Segundo o senador, ele só pretendeu
atender a um pedido do filho, Natalício de Freitas, prefeito de São Lourenço e
membro do Partido Liberal (PL).
Em
janeiro de 1994 prestou depoimento perante a comissão parlamentar de inquérito
da Câmara que investigava fraudes na Previdência, para esclarecer uma acusação
feita contra ele pelo advogado Gilberto Anchieta e pelo juiz Nestor do
Nascimento - ambos envolvidos nos delitos - de ter apadrinhado a nomeação de
Marcílio Gomes da Silva, ex-procurador do Instituto Nacional de Serviço Social
(INSS) em Caxias, condenado pela justiça. Absolvido das acusações pela relatora
da CPI, Cidinha Campos, em março de 1994 Hydekel falou à imprensa sobre a
possibilidade de candidatar-se ao governo do estado do Rio de janeiro, mesmo
tendo ficado entre os últimos colocados numa pesquisa de opinião feita pelo
Ibope no mês anterior.
Afirmando
que seu plano de governo daria prioridade à segurança, defendeu a participação
das forças armadas no combate ao tráfico de drogas. Além disso, criticou a postulação
de empresários a cargos do poder Executivo e, em especial, a tentativa do
pré-candidato do PFL ao governo do estado, Roberto Procópio Lima Neto,
ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de fazer aliança com o
PPR.
Ainda em março, teve seu nome citado numa lista de pessoas que
supostamente teriam recebido dinheiro proveniente do jogo do bicho, atividade
ilegal no país. Descoberta pelo procurador-geral de Justiça Antônio Carlos
Biscaia após uma diligência ao escritório do bicheiro Castor de Andrade, a
lista incluía, além de políticos, vários membros do poder judiciário e nomes da
alta cúpula da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O caso, que ficou conhecido
como ‘operação mãos limpas tupiniquim’, numa alusão às investigações levadas a
cabo pela justiça italiana contra a máfia daquele país, teve como resultado a
condenação de dezenas de pessoas, entre elas o próprio Castor de Andrade, mas
não incriminou nenhum político.
Em
agosto de 1994 Hydekel anunciou seu apoio a Fernando Henrique Cardoso, candidato
à presidência da República na legenda do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), recusando-se assim a apoiar o candidato de seu partido,
Esperidião Amin. Em setembro, aderiu à candidatura do ‘tucano’ Marcelo Alencar
ao governo do estado do Rio, renunciando definitivamente à pretensão de
disputar o cargo.
Em
outubro candidatou-se afinal e sem sucesso à Câmara Federal. Suspeitas de
fraude devido ao número excessivo de votos em branco motivaram o Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) a anular as eleições. Marcado um novo pleito para
novembro, Hydekel decidiu não participar e deixou o Senado ao término do
mandato, em janeiro de 1995.
Voltou
a disputar a prefeitura de Duque de Caxias, pelo PPR nas eleições de outubro de
1996, tendo sido derrotado no segundo turno, em novembro, pelo candidato do
PSDB, José Camilo Zito dos Santos.
Casou-se
com Natália Sandra Cavalcanti de Freitas Lima, filha de Tenório Cavalcanti,
político influente em Duque de Caxias, e fundador do jornal Luta Democrática.
/Alexandra Toste
Fontes:
CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP., Deputados brasileiros.
Repertório (1975-1979); Dia (3/4/90); Folha de S. Paulo
(21/8/91 e 16/11/93); Globo (13/9, 24/9 e 9/11/90; 11/2/93; 21/1/94;
28/3/94 e 29/3 e 26/8/94; 20/3/96); Jornal do Brasil (20/11/78;
2/6/79; 6, 12 e 14/5/82 ;10/6 e 1/7/85; 29/8 e 14/9/90; 23/6/91; 11/2/93; 13/4
e 28/9/94); Néri, S. 16; Perfil parlamentar; TSE, Dados (6
e 9); .