COUTINHO, Júlio
*militar; pref. Rio de Janeiro 1980-1983.
Júlio Alberto de Morais Coutinho nasceu em Recife em 20 de
agosto de 1929, filho do industrial e usineiro Luís Fernando Coutinho e da
professora Júlia Saraiva Morais Coutinho.
Em
1937 a família transferiu-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal,
onde Júlio Coutinho completou seus primeiros estudos, cursando o primário na
Escola Pereira Passos (1937-1940) e o secundário no Colégio Militar
(1941-1944). Em 1945 ingressou na Escola de Aeronáutica de Campo dos Afonsos,
no Rio de Janeiro, de onde saiu em 1948 como oficial aviador. De 1953 a 1958 cursou o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), formando-se, com menção honrosa
magna com “laude”, em engenharia aeronáutica. Em seguida, ingressou no
Departamento de Eletrônica do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) em São José dos Campos (SP). Em 1960, realizou um estágio técnico-industrial na fábrica de
mísseis Contraves Italiano em Roma, Itália. Completou sua formação com o
doutorado em engenharia, realizado em Berkeley, Califórnia (EUA), entre 1962 e
1965.
Retornando dos Estados Unidos, exerceu uma série de funções
técnicas. Foi diretor do IPD em 1965, assistente técnico da Empresa Brasileira
de Telecomunicações (Embratel) em 1966 e chefe da Divisão de Atualização
Técnica da Diretoria das Rotas Aéreas na Comissão Coordenadora Principal do
Aeroporto Internacional do Galeão e na Comissão de Tarifas Portuárias do
Ministério da Aeronáutica, em 1967. Conjugou essas atividades com a de
instrutor da Divisão de Eletrônica do ITA.
Em 1967, um ano antes de reformar-se como tenente-coronel,
ingressou na Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), na qual ministrou cursos
de engenharia elétrica como professor titular, função que exerceria até 1977,
conciliando-a com sua entrada na vida pública.
Já reformado, ligou-se a Antônio de Pádua Chagas Freitas, um
dos principais nomes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de
oposição ao regime militar instaurado no país em abril de 1964, e que exerceu o
governo do estado da Guanabara de 1971 a 1975. Devido à sua experiência nos campos técnico e acadêmico, Júlio Coutinho foi escolhido por Chagas Freitas
para ocupar a pasta de Ciência e Tecnologia. À frente desta secretaria,
voltou-se para o desenvolvimento de projetos de conservação da natureza. Findo
o governo, passou a exercer somente atividades acadêmicas, dirigindo de 1975 a 1979 a Escola de Engenharia da UFRJ.
Em
março de 1979, Chagas Freitas assumiu o governo do novo estado do Rio de
Janeiro, criado em 1975 como resultado da fusão do antigo Estado do Rio com a
Guanabara. Nesta ocasião, o nome de Júlio Coutinho foi cogitado para a
prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, mas o governador preferiu indicá-lo
para a Secretaria de Indústria e Comércio (SEIC), cabendo a prefeitura ao
empresário Israel Klabin.
Nesta
pasta, Júlio Coutinho foi responsável por uma série de ações visando a captar
recursos para dinamizar a economia fluminense. Em 1980, foi duplamente
homenageado: recebeu a Comenda do Mérito da Aeronáutica e a medalha La Ville de
Paris, que lhe foi entregue pelo prefeito da capital francesa, Jacques Chirac.
Permaneceu à frente da Seic por pouco mais de um ano, pois em
junho de 1980 foi nomeado prefeito da cidade do Rio de Janeiro, em substituição
a Israel Klabin, que assumira a presidência do Banco do Estado do Rio de
Janeiro (Banerj). Segundo a imprensa, a escolha de Júlio Coutinho para a
prefeitura do Rio de Janeiro deveu-se ao fato de ser o único, entre os nomes
cogitados, capaz de não fazer concorrência à futura candidatura de Miro
Teixeira, a quem Chagas Freitas pretendia fazer seu sucessor na primeira
eleição direta para os governos estaduais do regime militar, prevista para
novembro de 1982.
A
gestão de Júlio Coutinho a princípio não foi tranqüila. Em meados de 1981,
pouco mais de um ano após ser empossado prefeito, enviou ao governador uma
carta de demissão, uma vez que entrara em conflito com a “alta política” do
chaguismo, formada por vereadores e deputados do Partido Popular (PP), para
onde migrara Chagas Freitas, após o fim do bipartidarismo (29/11/1979) e a
conseqüente reorganização partidária. Estes políticos procuravam influenciar a
nomeação de seus correligionários para as empresas públicas municipais, fato
que desagradava ao prefeito. Depois de um curto período de incertezas, no
entanto, o governador conseguiu contornar a situação e Júlio Coutinho
permaneceu no cargo.
A
sua passagem pela prefeitura do Rio de Janeiro foi marcada por uma série de
obras, algumas de vulto, merecendo destaque a duplicação da avenida Meneses
Cortes (estrada Grajaú-Jacarepaguá), a duplicação da avenida Suburbana, a
duplicação da avenida Cesário de Melo (entre Campo Grande e Santa Cruz), a
duplicação de trecho da avenida Sernambetiba, a construção do viaduto Moura
Brasil em Laranjeiras, a construção de um novo terminal de ônibus em frente à
estação da Estrada de Ferro Central do Brasil na avenida Presidente Vargas, a
reforma do autódromo de Jacarepaguá e a ampliação da marina da Glória. Na sua
gestão também foram inaugurados mais de 50 parques e praças públicas,
reformadas escolas, ampliadas unidades de saúde — entre os quais os hospitais
Sousa Aguiar, Jesus, Barata Ribeiro e Oscar Clark —, além de terem sido
inauguradas novas unidades de cuidados primários de saúde. Foi ainda construído
o Centro Administrativo São Sebastião e implantado o Centro de Processamento de
Dados da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Júlio Coutinho deixou o cargo em março de 1983, sendo
substituído por Jamil Haddad, indicado pelo governador recém-empossado, Leonel
Brizola. Afastado da vida pública, voltou às atividades acadêmicas em 1983 e
1984 e, posteriormente, passou a dedicar-se à prestação de consultorias em
assuntos tecnológicos para o setor privado.
Faleceu no Rio de Janeiro em agosto de 2009.
Casado com Rosa Maria de Aquino Coutinho, teve três
filhos.
Publicou Elementos de análise de sistemas lineares
(1966), O problema da comunicação por satélite e Limitações de
potência e de freqüência de um repetidor estacionário.
Elizabeth
Dezouzart
FONTES:
Dia (15/3/71, 20, 21, 24, 28, 30, 31/10 e 14/11/82); Folha de S.
Paulo (3/9/81); Globo (4/6/81, 26 e 28/10/82, 15/3/83); INF. FAM.; Jornal
do Brasil (15, 18/5 e 3/6/80, 2/9/81, 9/12/82).
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3914420-EI7896,00.html
acesso em 13/10/09.