PARTIDO
REPUBLICANO FLUMINENSE (PRF)
Partido político fluminense fundado nos primeiros anos da
República por Quintino Bocaiúva, Silva Jardim e Deodoro da Fonseca. Dominou a
política do estado do Rio de Janeiro durante toda a Primeira República e foi
extinto junto com os demais partidos do país pelo Decreto nº 37, de 2 de
dezembro de 1937, logo após a instalação do Estado Novo.
A Primeira República
Em 1896 o PRF sofreu uma reorganização e passou a ser
chefiado por José Tomás da Porciúncula. A partir de 1905, seu mais destacado
líder foi Nilo Peçanha, vice-presidente da República de 1906 a 1909 e
presidente da República de 1909 a 1910.
Em
1921, lançando a candidatura de Nilo Peçanha à presidência da República, o PRF
promoveu a campanha da Reação Republicana contra o candidato situacionista
Artur Bernardes. A derrota de Nilo nas urnas em março de 1922 aliada à revolta
tenentista deflagrada em julho seguinte permitiu que Bernardes, empossado em
novembro, decretasse a intervenção federal no estado do Rio. Essa situação de
crise provocou uma cisão no PRF, com o afastamento do grupo “nilista”, que
constituiu o Partido Republicano do Rio de Janeiro. Com a morte de Nilo Peçanha
em 1924, o desprestígio político desse grupo se acentuou ainda mais.
O pós-1930
Ao
eclodir a Revolução de 1930, a comissão executiva do PRF era integrada pelo
senador Júlio Veríssimo da Silva Santos (presidente), o deputado José de Morais
(vice-presidente) e Horácio Magalhães (secretário). A vitória do movimento
revolucionário contribuiu para a desestruturação do partido, marcando o início
de nova série de dissidências.
Em 1932, tentando reorganizar-se, o PRF apoiou a campanha
pela reconstitucionalização do país liderada pela Frente Única Paulista (FUP).
Já no mês de junho, entretanto, uma facção chefiada por Alfredo Backer
desligou-se do partido para fundar uma nova organização, o Partido Liberal
Social Fluminense.
Convocadas as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte
em maio de 1933, o PRF apresentou uma chapa encabeçada por Manuel Duarte, mas
elegeu um único representante, Acúrcio Torres.
Em
1934, novas divergências surgiram dentro do PRF, motivadas pela disputa do
poder na direção do partido. A comissão executiva deveria ter sido substituída
em junho de 1932, mas, em vista da instabilidade que se seguiu à Revolução de
1930, considerara seu mandato automaticamente prorrogado. Apoiados entre outros
por Francisco de Oliveira Botelho, Thiers Cardoso e Norival de Freitas, os
dirigentes do PRF foram contestados por um grupo, do qual faziam parte Manuel
Duarte, Acúrcio Torres, Galdino do Vale Filho e Miguel de Carvalho, que
desejava a total reformulação do partido e a elaboração de um novo programa
adequado às condições do país. Sem conseguir chegar a um acordo, o grupo de
Manuel Duarte desligou-se do PRF e fundou no mês de maio o Partido
Evolucionista do Rio de Janeiro.
Por
essa época, os dirigentes republicanos fizeram um apelo a Feliciano Sodré,
antigo líder do partido afastado da política, para que retornasse à vida
partidária, assumindo a direção do PRF. No mês de agosto foi eleita uma nova
comissão executiva, da qual faziam parte Feliciano Sodré, Oliveira Botelho,
José de Morais, Thiers Cardoso, Horácio Magalhães, Arnaldo Tavares, Sílvio
Rangel, Jaime de Barros, Godofredo Pinto, Mendes Anta e Norival de Freitas.
Nas eleições de outubro de 1934 para a Câmara Federal e a
Assembléia Constituinte estadual o PRF não conseguiu eleger nenhum deputado
federal e apenas um deputado estadual, Arnaldo Tavares.
Na escolha do candidato ao governo do estado — a Assembléia
estadual, além de preparar a Constituição, deveria eleger o governador e dois
senadores — o representante do PRF apoiou inicialmente o nome de Raul
Fernandes, apresentado pelo Partido Popular Radical (PPR). Essa atitude gerou
novos atritos, pois a comissão executiva do PRF declarou que não a havia
autorizado. De toda forma, dentro do próprio PPR o nome de José Eduardo de
Macedo Soares veio disputar a indicação com Raul Fernandes. Como o PPR
precisava do apoio do Partido Socialista Fluminense — que não aceitava Raul
Fernandes — um terceiro nome acabou por ser lançado; o do almirante, Protógenes
Guimarães, que recebeu o apoio do PRF.
Instalada a Constituinte fluminense em setembro de 1935,
Arnaldo Tavares foi eleito presidente da Assembléia. Numa eleição tumultuada, o
almirante Protógenes foi escolhido governador.
Assim como os demais partidos, o PRF foi extinto com a
instauração do Estado Novo.
Alzira Alves de Abreu
FONTES: Diário de
Notícias (1930-1937); Estado, Rio (1930-1937).