FRANCO, Augusto
*dep. fed. SE
1967-1971; sen. SE 1971-1979; gov. SE 1979-1982; dep. fed. SE 1983-1987.
Augusto do Prado Franco
nasceu em Laranjeiras (SE) em 4 de setembro de 1912, filho de Albano do Prado
Pimentel Franco e de Adélia do Prado Franco, descendente de tradicional família
sergipana cujo poderio econômico baseava-se na indústria do açúcar. Seu irmão, Walter
do Prado Franco, foi constituinte em 1946, senador por Sergipe de 1946 a 1955 e deputado federal de 1955 a 1957.
Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1932, concluindo o curso em 1937. Fez ainda o curso de otorrinolaringologia do Hospital São
Francisco de Assis, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal.
Em 1963 assumiu a presidência do Sindicato dos Produtores de
Açúcar de Sergipe, mantendo-se no cargo até 1969. Dono da maior usina
açucareira do estado e de duas fábricas de tecidos, foi delegado na
Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 1966 a 1968. Em novembro de 1966 elegeu-se deputado federal por Sergipe na legenda da Aliança Renovadora
Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar instalado em abril
de 1964, sendo o candidato mais votado em todo o estado. Assumindo o mandato em
fevereiro do ano seguinte, tornou-se membro da Comissão de Finanças da Câmara.
Em novembro de 1970 elegeu-se senador por seu estado na mesma
legenda, juntamente com Lourival Batista. Deixou a Câmara dos Deputados ao
final da legislatura, em janeiro de 1971, e no mês seguinte assumiu o mandato
no Senado, onde foi membro das comissões de Economia e de Serviço Público,
suplente da Comissão de Relações Exteriores, e ainda segundo-secretário da mesa
em 1973 e 1974.
Neste último ano teve seu nome incluído em duas listas — uma
elaborada pelo ex-governador sergipano Leandro Maciel (1955-1959) e outra por
ele próprio —, ambas enviadas ao presidente Ernesto Geisel (1974-1979), a fim de que indicasse o nome de sua preferência para futuro governador do estado. Foi
preterido por José Rolemberg Leite. Em 1978, porém, foi indicado em abril, e
eleito em setembro, pelo Colégio Eleitoral, governador de Sergipe, com a unanimidade
dos votos da Arena. Na época, era considerado o mais próspero empresário do
estado, tendo interesses na agropecuária, no comércio e nos transportes, além
de ser proprietário um sistema de órgãos de comunicação que incluía duas
emissoras de rádio, uma de televisão e um jornal diário.
Empossado
em março de 1979, em junho seguinte prestou depoimento no Simpósio sobre a
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), promovido pela Câmara, tendo culpado o “discriminatório modelo de desenvolvimento nacional” pelos “problemas do
Nordeste”. Declarou ainda que a “disparidade entre o desenvolvimento do
Nordeste e do Centro-Sul, o progressivo esvaziamento da Sudene, a fragmentação dos incentivos fiscais, a centralização das decisões pelo governo federal e a
falta de uma reforma fundiária têm levado a região a uma asfixia que permitiu, em contraste com o crescimento do país, aflorar o subdesenvolvimento e a maior concentração
demográfica de baixa renda das Américas”. Defendeu a reestruturação da Sudene,
afirmando que a criação de outros organismos, os quais também passaram a
receber incentivos fiscais, enfraquecera aquela entidade.
Com
a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a consequente
reformulação partidária, filiou-se à agremiação governista herdeira política da
Arena, o Partido Democrático Social (PDS). Em 1982 coordenou o processo de
escolha do candidato do PDS à sucessão estadual e indicou o ex-prefeito de
Aracaju João Alves Filho. Deixou o governo de Sergipe em maio, a fim de
desincompatibilizar-se para disputar as eleições parlamentares de novembro
seguinte. Foi substituído pelo vice-governador Djenal Tavares de Queirós. Nesse
pleito, elegeu-se deputado federal na legenda do PDS com mais de 102 mil votos, aproximadamente 31% da votação válida de Sergipe, obtendo assim o maior índice percentual de
votos em todo o país.
Assumiu o mandato na Câmara em fevereiro de 1983, e em 25 de
abril de 1984 esteve ausente da votação da emenda Dante de Oliveira, que
propunha eleições diretas para a presidência da República já naquele ano. Com a
derrota da emenda, o sucessor do presidente João Figueiredo (1979-1985) seria
eleito por via indireta. O veto da executiva nacional do PDS, simpatizante da
candidatura do deputado paulista Paulo Maluf, à realização de uma consulta
prévia às bases para a escolha do candidato oficial levou, em junho de 1984, à
renúncia do presidente do partido, José Sarney. No início de julho, Augusto
Franco foi eleito por aclamação presidente do PDS. Os dissidentes pedessistas
formaram então a Frente Liberal, que no dia 18 daquele mês lançou a candidatura
de Sarney a vice de Tancredo Neves, candidato do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), de oposição. Esse acordo foi oficializado em 7
de agosto com a formação da Aliança Democrática. Enquanto, no dia 11 de agosto,
o PDS realizou sua convenção e escolheu Paulo Maluf como candidato, tendo como
vice o deputado cearense Flávio Marcílio, no dia 12 o PMDB homologou a chapa
Tancredo-Sarney. No dia 13, Sarney filiou-se ao PMDB.
Na reunião do Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, Augusto
Franco votou em Paulo Maluf, que acabou derrotado por Tancredo Neves. No dia 24
do mesmo mês, os dissidentes pedessistas formaram o Partido da Frente Liberal
(PFL). Tancredo não chegou a ser empossado na presidência por motivo de doença,
vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney,
que já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.
Em janeiro de 1986 Augusto Franco transferiu-se para o PFL.
Em janeiro do ano seguinte, ao final da legislatura, encerrou sua carreira
política.
Durante
sua vida pública foi presidente da Usina Central Riachuelo, fundador da Rádio Atalaia e da TV Atalaia, proprietário do Jornal da Cidade, de Aracaju, e diretor da Usina São José do Pinheiro, da Agropecuária São José e da Central
de Acabamento, ligada à área de acabamento e estamparia têxteis. Passados 12
anos de afastamento da política, em 1999, era presidente de honra da Fundação
Augusto Franco, instituída pelas empresas e pela família, como forma de
prestar-lhe homenagem.
Faleceu em Aracaju no dia 16 de dezembro de 2003.
Casado
com Maria Virgínia Leite Franco, teve nove filhos, entre os quais Albano do
Prado Franco, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) entre 1980
e 1994, senador por Sergipe entre 1982 e 1994, governador do estado de 1995 a 2003, e deputado federal a partir de 2007; e Antônio Carlos Franco, deputado federal
constituinte em 1987-1988 e prefeito de Laranjeiras de 1989 a 1992. Sua nora, Leonor Franco, esposa de Albano Franco, foi ministra da Ação Social de 1992 a 1993.
FONTES: CÂM. DEP.
Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1967-1971); Diário do
Congresso Nacional; Estado de S. Paulo (17/11/84); Folha de S. Paulo
(17/11/84); Globo (26/4/84, 15/1/85 e 15/9/86); Jornal do Brasil (26/6/76, 18/4
e 2/9/78, 16/3 e 22/6/79, 17/1/83, 25/1/86); NÉRI, S. 16; Perfil (1980);
SENADO. Dados; SENADO. Dados biográficos; SENADO. Endereços; SENADO. Relação;
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (8 e 9).