ROLIM,
Moésia
*militar; rev. 1922; membro ANL.
Francisco Moésia Rolim nasceu
no Ceará.
Foi aluno da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
então capital federal. Fazia o curso de artilharia quando eclodiu a Revolta de
5 de Julho de 1922, que iniciou o ciclo de revoltas tenentistas da década de
1920. O movimento, do qual participou, irrompeu no Rio de Janeiro e em Mato
Grosso em protesto contra a eleição de Artur Bernardes para a presidência da
República e as punições impostas pelo governo Epitácio Pessoa aos militares,
com o fechamento do Clube Militar e prisão do marechal Hermes da Fonseca. A
revolta foi debelada no mesmo dia, tendo envolvido, em Mato Grosso, o
contingente local do Exército e, no Rio, o forte de Copacabana, a Escola do
Realengo e efetivos da Vila Militar.
Após
a Revolução de 1930 tornou-se primeiro-tenente comissionado. Fez parte, em
outubro de 1934, do grupo organizador da Aliança Nacional Libertadora (ANL),
formado por Amoreti Osório, André Trifino Correia, Aparício Torelli, Manuel
Venâncio Campos da Paz, Francisco Mangabeira, Carlos Lacerda, Benjamim Cabello,
Nemo Canabarro Lucas, Luís Marques Barreto Viana, Trompowski Taulois, Válter
Pompeu, Antônio Rolemberg e, mais tarde, Herculino Cascardo e Carlos da Costa
Leite.
Inicialmente,
as reuniões do grupo eram realizadas no escritório de Moésia Rolim, no
apartamento de Amoreti Osório ou na redação de A Amanhã, de propriedade de Torelli.
Aderiram à ANL o Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido Comunista
Brasileiro (PCB), então Partido Comunista do Brasil, e o Partido Social
Democrático (PSD), além de vários sindicatos de trabalhadores. No início de
1935, já capitão, Moésia Rolim mantinha ligações com o PCB, conforme registrou
Agildo Barata em Vida de um revolucionário ao citar contatos mantidos entre
ambos no Rio Grande do Sul.
Quando foi anunciado o projeto de lei de segurança nacional
em março de 1935, houve forte reação nos meios militares, que se dividiram a
favor e contra o projeto. Moésia participou de reuniões no Clube Naval em que
os descontentes se manifestaram contra o projeto. Junto com outros 31 oficiais,
ele assinou um documento que levantava “dúvidas sobre os termos em que estava
redigido o projeto da Lei de Segurança Nacional eram ou não prejudiciais aos
interesses das classes armadas”.
Em
23 de março de 1935, assinou a ata de fundação da ANL, juntamente com Herculino
Cascardo, Roberto Sisson, Trifino Correia, Abguar Bastos, Henrique Cordeiro
Oeste e João Cabanas, entre outros. Do programa da frente política constavam os
seguintes itens: 1) suspensão definitiva do pagamento das dívidas
“imperialistas” do Brasil; 2) nacionalização imediata de todas as empresas
“imperialistas”; 3) proteção aos pequenos e médios proprietários e lavradores;
4) maiores liberdades populares; 5) constituição de um governo popular.
Participou
em 21 de abril da sessão solene de lançamento da ANL, no Teatro Municipal do
Rio de Janeiro. Na ocasião, fez um discurso, assim como Benjamim Cabello,
Edgard Sussekind de Mendonça, Herculino Cascardo e outros. Proscrita pelo
governo pouco tempo depois, a ANL continuou a atuar na clandestinidade,
dirigida, na prática, pelos comunistas.
A ação da ANL culminou com o Levante Comunista iniciado no
dia 23 de novembro de 1935 em Natal, onde se instalou um governo revolucionário
que durou apenas quatro dias. As notícias do levante de Natal precipitaram o
movimento em Recife, deflagrado no dia seguinte pelo 29º Batalhão de Caçadores.
No dia 25, quando já estava debelado o movimento em Recife, Luís Carlos
Prestes, secretário-geral do PCB, deu ordens para a eclosão da revolta no Rio
de Janeiro, enquanto o presidente Getúlio Vargas pedia ao Congresso que fosse
decretado o estado de sítio em todo o território nacional.
Na
madrugada do dia 27 de novembro, a revolta eclodiu no 3º Regimento de
Infantaria, no Rio de Janeiro, sob a liderança do capitão Agildo Barata. Outro
foco surgiu na Escola de Aviação Militar do Campo dos Afonsos, mas em pouco
tempo os revoltosos foram dominados. O fracasso desses levantes
desencadeou intensa reação por parte do governo. Foram feitas milhares de
prisões, atingindo não só comunistas, mas importantes membros e dirigentes da
ANL, trotskistas, socialistas e anarquistas, bem como setores liberais de
oposição.
A Revolta Comunista de 1935 foi utilizada como justificativa
para uma maior concentração do poder do governo central, que começou a preparar
o golpe que seria deflagrado em novembro de 1937, resultando na implantação do
Estado Novo. Rolim foi preso logo depois, ainda em novembro de 1935, acusado de
envolvimento com o levante, mas não foi possível reunir elementos que provassem
sua responsabilidade direta. Solto, foi afastado das funções militares em áreas
de potencial político.
Faleceu em 2 de julho de 1953, já no posto de major.
FONTES: Almanaque
dos alunos; ARQ. GETÚLIO VARGAS; BARATA, A. Vida; LEVINE, R. Vargas; Movimento
de 5; PORTO, E. Insurreição; SILVA, H. 1935.