FRANCO,
Renato
*sen. PA 1971-1979.
João Renato Franco nasceu
em Belém no dia 22 de junho de 1895, filho de João Vi-cente Franco Júnior e de
Deolinda Noronha Franco.
Estudou em sua cidade natal, tendo cursado o Seminário do
Carmo, o Seminário Nossa Senhora do Rosário e o Ginásio Pais de Carvalho.
Diplomou-se pela Faculdade de Odontologia e Farmácia em Belém, e pela Escola de
Química Industrial do Pará. Enquanto estudante, fundou a União Acadêmica, órgão
que se tornaria um divulgador dos principais movimentos políticos e estudantis
ocorridos entre 1912 e 1935.
Em março de 1912 iniciou-se no magistério como preparador de
física, química e história natural em seu antigo colégio, o Ginásio Pais de
Carvalho. Em 1915 tornou-se professor interino e catedrático auxiliar de
prática dessas disciplinas no mesmo colégio e professor de química mineral,
orgânica e metalúrgica na Faculdade de Odontologia de Belém. Aí, de 1927 a 1930, lecionou também higiene. Após a vitória da Revolução de 1930, tornou-se diretor do
Ginásio Pais de Carvalho, cargo que exerceu até 1932.
Foi
presidente do Partido Constitucionalista do Pará, agremiação política de âmbito
regional fundada em maio de 1932 para lutar pela imediata constitucionalização
do país, pela autonomia política e administrativa do estado e para concorrer às
eleições para a Assembléia Nacional Constituinte (ANC), previstas para maio de
1933. Como chefe do partido, apoiou a Revolução Constitucionalista deflagrada em São Paulo em julho de 1932, cujos reflexos no Pará foram duramente reprimidos pelo
interventor federal no estado, major Joaquim Cardoso de Magalhães Barata
(1930-1935). Com a derrota da revolução paulista em outubro, o Partido
Constitucionalista do Pará não chegou a apresentar candidatos à ANC, no pleito
de maio de 1933, extinguindo-se nesse mesmo ano. Renato Franco transferiu-se
então para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde fundou a Escola
Acadêmica, tornou-se diretor do Colégio Paulo Freire, criando uma sucursal no
bairro de Copacabana, e fez o curso superior de direito.
De
volta ao Pará, foi um dos fundadores da Frente Única Paraense, constituída em
1934 por elementos de oposição ao governo do interventor Magalhães Barata.
Este, à frente do Partido Popular do Pará, detinha o poder político no estado e
só veio a ser afastado ao fim dos acontecimentos que em 1935 envolveram a
eleição, pela Assembléia Estadual, do novo governador José da Gama Malcher,
também integrante do Partido Popular. Em 1936, Renato Franco representou o
governo do Pará no Instituto de Estatística, no Rio de Janeiro, e, em junho do
ano seguinte, foi delegado de seu estado ao II Congresso Brasileiro de Química.
Após a implantação do Estado Novo em novembro de 1937,
tornou-se professor catedrático de física no Ginásio Pais de Carvalho. Em 1942
integrou a comissão encarregada de elaborar um plano nacional de educação e em
1944 foi designado por Magalhães Barata — novamente interventor no Pará desde o
ano anterior — para o cargo de subdiretor do Departamento de Educação e Cultura
do estado, cuja diretoria assumiu no ano seguinte. Com o fim do Estado Novo em
outubro de 1945, foi nomeado no mês seguinte pelo presidente José Linhares
(1945-1946) diretor e presidente da Caixa Econômica Federal do Pará, cargo que
exerceria por três mandatos qüinqüenais consecutivos.
A
convite do coronel Jarbas Passarinho, nomeado governador do Pará logo após o
movimento político-militar de 31 de março de 1964, integrou, como candidato a
vice-governador, a chapa ao governo do estado encabeçada pelo coronel Alacid
Nunes. Apoiada por uma coligação constituída pela União Democrática Nacional
(UDN), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Trabalhista Nacional
(PTN), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Republicano (PR), essa
chapa foi vitoriosa no pleito de outubro de 1965. Por dispositivo constitucional,
Renato Franco tornou-se presidente da Assembléia Legislativa do Pará.
Após a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional
nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, recusou convite
do partido oposicionista, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), para
concorrer em sua legenda à prefeitura de Belém. No pleito de novembro de 1970,
elegeu-se senador pelo Pará na legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena),
partido de apoio ao regime militar. Assumiu o mandato em fevereiro de 1971 e no
mesmo mês foi eleito suplente de secretário da mesa do Senado, cargo a que foi
reconduzido em abril do ano seguinte. Nessa legislatura, integrou as comissões
do Distrito Federal e de Legislação Social, foi suplente das comissões de
Agricultura, de Assuntos Regionais e de Justiça e vice-presidente das comissões
de Economia e de Redação. Ao fim de seu mandato, em janeiro de 1979, deixou o
Senado.
Foi secretário-geral do extinto Museu Comercial do Pará e um
dos fundadores das faculdades de Medicina e de Odontologia do estado. Foi ainda
professor e diretor da Escola de Química Industrial do Pará. Jornalista, foi
fundador, proprietário e diretor do semanário e depois vespertino A Vitória,
e colaborador nos jornais Folha do Norte, O Correio de Belém, O
Estado do Pará e Jornal do Brasil, este último do Rio de Janeiro.
Pertenceu ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Pará
e ao dos Jornalistas Profissionais da Guanabara. Foi membro do Instituto
Histórico e Geográfico do Pará, sócio-fundador da Associação dos Funcionários
Públicos Federais do Pará, vice-presidente do Clube Político Beneficente 24 de
Outubro, presidente de honra e patrono do Centro Odontológico e presidente da
Associação Dentária. Aposentou-se pelo Serviço de Assistência e Seguro Social
dos Economiários (SASSE).
Faleceu em Belém no dia 6 de março de 1982.
Era casado com Olga da Rocha Franco, com quem teve dois
filhos.
FONTES: CRUZ, E. História
do Pará; Diário do Congresso Nacional; INF. João Alberto Franco;
NÉRI, S. 16; Perfil (1972); Personalidades; ROQUE, C. Grande;
SENADO. Dados; SENADO. Dados biográficos; SENADO. Endereços;
SENADO. Relação; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (9).