VELASCO, Paulo de
*dep.
fed. SP 1995-2003.
Paulo César Marques de Velasco nasceu em Curvelo (MG) no dia 10 de fevereiro de 1937, filho
de Antônio José de Velasco Júnior e de Dora Viana Marques Velasco.
Estabelecido no Rio de Janeiro como profissional da área de
comunicação, durante o ano de 1964 trabalhou em noticiários das rádios
Guanabara e Carioca, bem como no programa Mesa redonda, capitaneado por
Gílson Amado, da TV Continental, passando a integrar, no ano seguinte, a equipe
de telejornalismo da TV Tupi.
Fez
curso de inglês na Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), em 1969,
tendo viajado, neste ano e no seguinte, em missão cultural ao Chile, enviado
pelo Itamarati. No período que se seguiu, deu prosseguimento aos estudos nas
áreas de direito e comunicações.
Funcionário
do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) a partir de 1970, integrado à
diretoria de recursos humanos, em 1976 tornou-se gerente-geral do banco, tendo
coordenado a unificação do Banco do Estado da Guanabara (BEG) com o Banco do
Estado do Rio de Janeiro (Berj).
Foi diretor da Serviços Gerais e Empreendimentos Ltda., de 1979 a 1985, quando assumiu a diretoria da Interplan. No ano seguinte ocupou cumulativamente os
cargos de gerente de treinamento e gerente comercial da Gold Invest, Indústria
e Comércio de Ouro S.A., assumindo em 1987 a função de superintendente comercial da Zurich Trade do Brasil S.A.
Ainda em 1987, tornou-se pastor evangélico da Igreja
Universal do Reino de Deus, da qual seria secretário-geral suplente. No mesmo
ano, além de participações diversas no meio radiofônico, foi debatedor do
programa Canal livre, tendo atuado, já em 1989, no programa Nei
Gonçalves Dias, ambos veiculados pela Rede Bandeirantes de Televisão.
Também
em 1989, filiou-se ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN), agremiação criada
para dar sustentação à candidatura vitoriosa de Fernando Collor de Melo à
presidência da República no pleito de novembro/dezembro daquele ano. Foi
diretor-geral da Rádio Ipanema e do programa Do outro lado da cidade,
veiculado pela Rádio São Paulo, que produziu e apresentou até 1990, ano em
assumiu o cargo de comentarista político do programa Record em
notícias, cumulativamente com o de diretor administrativo e financeiro da
Rede Record de Rádio e Televisão, de propriedade da Igreja Universal do Reino
de Deus.
Eleito
deputado à Assembléia Legislativa de São Paulo em outubro de 1990, logo após
iniciar o mandato, em fevereiro de 1991, desligou-se do PRN para ingressar no
Partido Social Trabalhista (PST), onde permaneceu pouco tempo, filiando-se ao
Partido Social Democrático (PSD). No mesmo ano, já como representante do PSD,
integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou fatos
relacionados à violência física perpetrada contra crianças e adolescentes no
estado, assumiu a vice-liderança do seu partido na Assembléia paulista e
participou dos trabalhos legislativos como membro das comissões de Promoção
Social e de Transporte e Comunicações.
Em 1993, tornou-se primeiro-secretário do Conselho de
Pastores de São Paulo e presidente da Comissão de Ética do Conselho Nacional de
Pastores do Brasil. No ano seguinte, além de participar da CPI instaurada na
Assembléia paulista para apurar a ocorrência de atividades ilícitas ligadas ao
jogo do bicho, tornou-se segundo-vice-presidente da executiva nacional do PSD.
Eleito
deputado federal em outubro de 1994, com a maioria dos votos proveniente de sua
base eleitoral na Grande São Paulo, assumiu o mandato em fevereiro do ano
seguinte, tornando-se membro das comissões de Constituição e Justiça, de
Direitos Humanos, de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados.
Nas
votações das emendas constitucionais enviadas ao Legislativo pelo governo
Fernando Henrique Cardoso, foi favorável à distribuição de gás canalizado, à
abertura da navegação de cabotagem à concorrência internacional, ao fim de
todas as diferenciações legais entre empresas brasileiras e estrangeiras, à
abolição do monopólio estatal nas telecomunicações e à prorrogação do Fundo
Social de Emergência (FSE), rebatizado de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF),
que permitia ao governo gastar 20% da arrecadação de impostos sem vinculação
obrigatória aos setores de saúde e educação. Opôs-se, todavia, à quebra do
monopólio estatal na exploração do petróleo.
Em fevereiro de 1996, assumiu o cargo de secretário-geral da
Igreja Universal do Reino de Deus, após a divulgação de um vídeo pela Rede
Globo de Televisão, em que membros da igreja apareciam esbanjando recursos
arrecadados de fiéis e o bispo Honorílton Gonçalves, então secretário-geral,
protagonizava cenas de simulação sexual.
Na
atuação parlamentar, votou a favor da criação da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF), taxa de 0,2% sobre as transações bancárias,
estabelecida em junho do mesmo ano como fonte complementar de recursos para a
saúde, e que substituiu o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira
(IPMF). Ainda em 1996, integrou a Comissão de Viação e Transportes da Câmara
dos Deputados.
Em
janeiro/fevereiro de 1997, apoiou a emenda da reeleição para presidente da
República, governadores e prefeitos. Em julho seguinte, desligou-se do PSD e se
filiou ao Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), objetivando
candidatar-se à reeleição por um partido dotado de maior estrutura, que ficaria
com mais um deputado federal, ampliando assim a sustentação política da
candidatura presidencial de Enéias Carneiro no pleito de outubro de 1998. Ainda
em julho, negou que deputados ligados à Igreja Universal tivessem fechado um
acordo com o governo federal para votarem a favor da quebra da estabilidade dos
servidores públicos. Pelo suposto acordo, a Receita Federal não autuaria a
Igreja, em uma grande soma, por sonegação fiscal. Em novembro, Paulo de Velasco
votou a favor da quebra da estabilidade do servidor público, item da reforma
administrativa.
Reeleito
em outubro de 1998, desta vez na legenda do Prona, permaneceu no exercício
parlamentar, tendo votado, no mês de novembro, a favor do teto de 1.200 reais
para aposentadorias no setor público e do estabelecimento de idade mínima e
tempo de contribuição no setor privado, itens que definiram a reforma da
previdência. Logo após tomar posse no novo mandato, em fevereiro de 1999,
desligou-se do Prona para ingressar no Partido Social Trabalhista (PST) e
tornou-se líder do partido até 2000. Ainda em 1999 realizou um curso de
especialização em Políticas Públicas na Escola de Políticas Públicas e Governo na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2000 filiou-se ao Partido
Social Liberal (PSL), e foi vice-líder do partido de 2000 a 2002. Em outubro desse último ano, disputou o mandato de deputado estadual na legenda do PSL,
mas não obteve êxito. Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 2003.
Em maio de 2006, após investigação
conduzida junto com o Ministério Público, a Polícia Federal
deflagrou a chamada Operação Sanguessuga, para desarticular um esquema de
fraudes em licitações para a compra, com dinheiro público, de ambulâncias
superfaturadas, possibilitado pela apresentação de emendas ao Orçamento por
parlamentares. Entre os acusados figurou o nome de Velasco. Devido a essa
investigação, em agosto, o Ministério Público do Mato Grosso apresentou
denúncia contra Velasco à Justiça.
Além das mais diversas participações em congressos e
seminários, foi diretor do Lions Club do Brasil, no Rio de Janeiro, e
vice-presidente da Sociedade Pestalozzi de São Paulo. Foi também conferencista
em vários fóruns de teologia, bem como no Encontro de Prefeitos do Paraná e de
Santa Catarina, em Curitiba, e na Marcha para Jesus, em Brasília.
Casou-se com Leni Reis Marques de Velasco, com quem teve
quatro filhas.
Cristiano Sanches/Marcelo
Costa
FONTES: CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1995-1999); Folha de S. Paulo (1 e 11/7/97,
29/9, 31/8/06 e Especial 6/11/98, 3/2/99); Globo (5/2/96 e 10/10/98);
Jornal do Brasil (15/6/97); Olho no Congresso/Folha de S. Paulo (31/1/95
e 14/1/96); Portal da Fundação SEADE; TRIB. REG. ELEIT. SP. Relação
(1998).