FREIRE,
Paulo
*religioso; dep. fed. MG 1956-1958, 1959-1969.
Paulo Freire de Araújo nasceu
em Riachão do Dantas (SE) no dia 11 de agosto de 1911, filho de Artur Fontes de
Araújo e de Tercília Freire de Araújo.
Fez o curso secundário na Bahia, bacharelando-se, em 1935, em
teologia pela Faculdade de Teologia da Liga Presbiteriana do Brasil, em
Campinas (SP). No ano seguinte, transferiu-se para Minas Gerais e ordenou-se em
Nepomuceno, tendo também trabalhado na Igreja Presbiteriana de Itajubá. De
volta ao estado de São Paulo, radicou-se em Marília, onde lecionou no Ginásio
Estadual e na Escola Presbiteriana. Retornando posteriormente a Minas Gerais,
tornou-se, em 1950, professor do Colégio Batista, em Belo Horizonte.
No pleito de outubro de 1954, candidatou-se a deputado
federal por Minas Gerais pela legenda do Partido Republicano (PR), mas obteve
apenas uma suplência, tendo ocupado uma cadeira na Câmara entre novembro de
1956 e julho de 1958. Em outubro desse ano, conseguiu eleger-se deputado
federal por seu estado pela mesma legenda, assumindo o mandato em fevereiro do ano
seguinte. Ainda nesta legislatura, transferiu-se para o Partido Social
Democrático (PSD), integrando-se depois aos quadros do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB). Com a crise política advinda da renúncia do presidente Jânio
Quadros (25/8/1961), votou a favor da Emenda Constitucional nº 4, que,
instituindo o regime parlamentarista, permitiu a posse em 7 de setembro do
vice-presidente João Goulart, cuja investidura na presidência fora vetada pelos
ministros militares. Em novembro de 1961, manifestou-se favorável ao reatamento
das relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética.
No pleito de outubro de 1962, reelegeu-se deputado federal
pela legenda petebista. Ao longo de sua passagem pela Câmara, defendeu o
monopólio estatal do petróleo e sua extensão aos serviços de eletricidade,
telecomunicações e transportes, bem como à exploração dos minérios atômicos.
Apoiou a utilização da cédula única em todos os pleitos, o direito de voto para
os analfabetos e a adoção de medidas que visassem deter a influência do poder
econômico nas eleições. Partidário da reforma agrária, através da
desapropriação dos latifúndios improdutivos mediante indenização em títulos da
dívida pública, foi também favorável a uma reforma urbana que garantisse a cada
casal uma residência inalienável como bem de família. Como parlamentar,
integrou as comissões de Legislação Social e de Serviço Público da Câmara dos
Deputados, participando também da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, da qual foi relator.
Com a extinção dos partidos políticos e a posterior
instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena),
partido de apoio ao regime militar instalado no país após a deposição, em 31 de
março de 1964, do presidente João Goulart. Reeleito deputado federal por Minas
Gerais pela legenda arenista em novembro de 1966, teve seu mandato cassado em 7
de fevereiro de 1969 por força do Ato Institucional nº 5 (13/12/1968), baixado
pelo presidente da República, marechal Artur da Costa e Silva.
Após a sua cassação, deixou definitivamente a carreira
política, desfiliando-se da Arena. Dando prosseguimento às suas atividades
religiosas, continuou atuando como pastor da Igreja Presbiteriana.
Faleceu em Brasília no dia 5 de fevereiro de 1983.
Era
casado com Cira Nogueira de Araújo, com quem teve três filhos. Sua filha Lídia
Quinan também seguiu a carreira política, elegendo-se deputada federal por
Goiás em 1994 e reelegendo-se quatro anos depois. Seu genro Onofre Quinan foi
vice-governador (1983-1986) e governador (1986-1987) de Goiás e senador pelo
mesmo estado (1991-1998).
Publicou o opúsculo Jesus perante a morte (1940).
FONTES: ARQ. DEP.
PESQ. JORNAL DO BRASIL; ASSEMB. LEGISL. MG. Dicionário biográfico; CÂM.
DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório
(1963-1967 e 1967-1971); CAMPOS, Q. Fichário; Grande encic.
portuguesa; Rev. Arq. Públ. Mineiro (12/76); TRIB. SUP. ELEIT. Dados
(3, 4, 6 e 8).