JOHNSSON,
Renato
*dep.
fed. PR 1983-1999;
const. 1987-1988.
Renato Antônio Johnsson nasceu em Curitiba no dia 22 de março de 1938, filho de
Valdemar Johnsson e de Iracema Weigert Johnsson.
Formou-se em direito pela Universidade Federal do Paraná em 1961. Três anos depois, começou a trabalhar como advogado na Companhia Paranaense de Energia (Copel). Em
1972 transferiu-se para a Companhia de Telecomunicações do Paraná (Telepar) e exerceu, até o ano seguinte, a função de diretor-financeiro, sendo
então nomeado seu presidente. Em 1974 integrou o grupo Telepar-Companhia de
Urbanização de Curitiba, (Urbs)-Banco de Desenvolvimento do Paraná (Badep), para discutir a implantação de fábricas no município. Participou do grupo de trabalho que esteve em Washington, fazendo contatos com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e com o Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD) para a elaboração de projetos financiáveis.
Filiado desde 1975 à Aliança Renovadora Nacional (Arena),
agremiação política de sustentação ao regime militar instaurado no país em
abril de 1964, em 1979 foi convidado pelo governador Ney Braga (1979-1982) para assumir a Secretaria do Interior do
Paraná, deixando a presidência da Telepar. Com a aprovação da lei orgânica dos
partidos, que extinguiu o bipartidarismo em novembro de 1979, filiou-se, no ano
seguinte, ao Partido Democrático Social (PDS). Exerceu o cargo de secretário do
Interior até 1982 e concorreu, em novembro, a uma vaga na Câmara dos Deputados na legenda do PDS do
Paraná.
Eleito, tomou posse em fevereiro do ano seguinte e participou dos trabalhos legislativos como membro das Comissões de
Finanças e de Economia, Indústria e Comércio e da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Banco Nacional da Habitação (BNH).
Na sessão da Câmara de 25 de abril de 1984, foi um dos três
parlamentares que se abstiveram na votação da emenda Dante de Oliveira, que
restabeleceria as eleições diretas para presidente da República em novembro
seguinte. Como a proposta não foi aprovada, a sucessão de Figueiredo ficou para ser decidida por um
Colégio Eleitoral. Em agosto de 1984, a convenção nacional do PDS aprovou a
candidatura do ex-governador de São Paulo e deputado federal Paulo Maluf, que
derrotou a pré-candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza. No mesmo
período, a oposição reunida na Aliança Democrática — coligação do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS, batizada de Frente Liberal — lançou o nome do ex-governador
de Minas Gerais Tancredo Neves, tendo como vice o senador José Sarney.
No Colégio Eleitoral reunido em 15 de janeiro de 1985, Renato
Johnsson votou em Maluf, que saiu derrotado por Tancredo Neves. Gravemente
doente, Tancredo não chegou a ser empossado e faleceu em 21 de abril de 1985. Foi substituído na presidência por
seu vice, José Sarney.
Elegeu-se
deputado federal constituinte em novembro de 1986, desta vez na legenda do
PMDB, ao qual se filiara neste mesmo ano. Iniciou novo mandato em 1º de
fevereiro de 1987, quando foram inaugurados os trabalhos da Assembleia
Nacional Constituinte, onde participou como titular da subcomissão
de Princípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime de Propriedade do Subsolo e
da Atividade Econômica e
da Comissão da Ordem Econômica. Foi também suplente da subcomissão
da Ciência e Tecnologia e da Comunicação, da Comissão da Família, da Educação,
Cultura e Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Comunicação.
Nas
principais votações da Constituinte, pronunciou-se a favor do mandado de
segurança coletivo, da jornada semanal de quarenta
horas, da pluralidade sindical, da soberania popular, do voto aos 16 anos, do
presidencialismo, do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney e da
anistia aos micro e pequenos empresários. Foi contra o rompimento de relações
diplomáticas com países
que adotavam uma
política de discriminação racial, a pena de morte, a legalização do aborto, a
limitação do direito de propriedade privada, a estatização do sistema
financeiro, a limitação dos encargos da dívida externa e a desapropriação da
propriedade produtiva. Com a promulgação da nova Constituição em 5 de outubro
de 1988, a Câmara dos Deputados voltou a funcionar de forma ordinária.
No ano seguinte, Renato Johnsson transferiu-se para o Partido
da Reconstrução Nacional (PRN), agremiação que elegera, em dezembro de 1989,
Fernando Collor de Melo presidente da República. Em 1990, foi membro da Comissão Mista de Orçamento e da CPI que analisou a concessão do controle
acionário da Nippon Electronics Company (NEC).
Reelegeu-se
em outubro de 1990, agora na legenda do PRN.
Iniciou novo mandato em janeiro
do ano seguinte e integrou a
Comissão de Economia, Indústria e Comércio até 1992. No mesmo ano, participou das
comissões especiais sobre projeto de lei relativo à regulamentação do sistema
financeiro nacional, sobre o sistema previdenciário brasileiro e sobre a
desregulamentação da economia. Ainda em 1992, foi terceiro-vice-presidente da
Comissão de Seguridade Social e Família e participou da CPMI
sobre o sistema financeiro de habitação.
Em
29 de setembro de 1992, foi um dos 441 deputados que votaram a favor da
abertura do
processo de impeachment
contra Collor, acusado de crime de
responsabilidade durante o funcionamento da CPI instaurada no Congresso
Nacional para investigar denúncias de corrupção contra Paulo César Farias,
ex-tesoureiro de sua campanha presidencial. Afastado da presidência após a
votação na Câmara, Collor acabou renunciando ao mandato em 29 de dezembro
seguinte, antes mesmo da aprovação de sua cassação pelo Senado Federal. Foi substituído
na chefia do Executivo pelo vice Itamar Franco, que exercia a
função interinamente desde a sessão da Câmara. No ano seguinte, deixou o PRN
para ingressar no Partido Progressista (PP).
Prevista
para esta legislatura, a revisão da Constituição de 1988 acabou não acontecendo
e poucas alterações foram aprovadas. Entre outras votações, Johnsson foi
contrário ao fim do voto obrigatório e à criação do Imposto Provisório sobre
Movimentação Financeira (IPMF), pronunciando-se favoravelmente ao Fundo Social de
Emergência (FSE). Concebidos como fonte de financiamento para o plano de
estabilização econômica do governo, batizado de Plano Real, o IPMF e o FSE
seriam sucessivamente prorrogados nas
legislaturas
seguintes.
Em outubro de 1994, concorreu ao quarto mandato consecutivo
de deputado federal. Eleito com a maioria dos votos proveniente de suas bases
eleitorais na capital e na região metropolitana, assumiu em fevereiro seguinte.
Ainda em 1995, ingressou no Partido Progressista Brasileiro (PPB),
agremiação surgida em agosto do mesmo ano, a partir da fusão do PP com o
Partido Progressista Renovador (PPR). Participou dos trabalhos legislativos
como membro titular da Comissão de Economia, Indústria e Comércio.
Durante
o processo de reforma constitucional de 1995, acompanhou
as orientações governistas,
votando a favor da abertura da navegação de cabotagem às embarcações
estrangeiras, da revisão do conceito de empresa nacional, da abolição do
monopólio estatal nas telecomunicações, da
exploração do petróleo e distribuição do gás canalizado pelos governos
estaduais, e da prorrogação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) — antigo
FSE. Em julho do ano seguinte, declarou-se contrário à instituição da
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), criada no lugar
do IPMF.
Em
fevereiro de 1997,
manifestou-se a favor da emenda que instituiu a possibilidade de reeleição para
prefeitos, governadores de estado e presidente da República e, em novembro
seguinte, foi também favorável ao projeto de reforma administrativa do governo,
que instituiu a possibilidade de demissão no serviço público por insuficiência
de desempenho, ou por excesso de gastos com pessoal.
Em novembro de 1998, votou favoravelmente aos destaques da
reforma da Previdência, cuja proposta era o estabelecimento de um teto para as aposentadorias dos
funcionários públicos e a adoção dos critérios de idade mínima e de tempo de
contribuição para a concessão de aposentadorias no setor privado. Ainda em
1998, integrou a Comissão de Minas e Energia da Câmara.
Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 1999, não tendo
concorrido à reeleição em outubro do ano anterior. Após o término de seu mandato, dedicou-se à advocacia e às atividades empresariais no Paraná e não se candidatou mais a cargos eletivos.
Casou-se com Lélia della Bianca Johnsson, com quem teve duas
filhas.
Publicou
As telecomunicações no
Paraná (1973), Monocanal:
uma solução simples e lucrativa
(1976), Experiências resultantes
de um plano de telecomunicações e
Modelo de planejamento e
avaliação de incertezas
(1977), Telefonia rural: sua
importância para a telefonia brasileira
(1978) e Importância das
telecomunicações no desenvolvimento econômico: o exemplo do Paraná
(1980).
Márcia
Cristina Sousa
FONTES:
ASSEMB. NAC. CONST. Repertório
(1987-1988); CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório
(1991-1995, 1995-1999); COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova; Folha
de S. Paulo
(6/11/98); Globo
(26/4/84, 16/1/85 e 30/9/92); Olho
no Congresso/Folha de S. Paulo (31/1/95,
14/1/96, 30/1/97 e 5/2/98); Olho
no voto/Folha de S. Paulo
(18/9/94 e 29/9/98); Perfil
parlamentar/IstoÉ
(1991).