VERAS,
Beni
*sen.
CE 1991-1994; min. Planej. 1994; sen. CE 1995-1999; gov. CE 2002.
Benedito
Claiton Veras de Alcântara nasceu em Crateús (CE), no dia 18 de
agosto de 1935, filho de Osvaldo Farias Alcântara e de Raimunda Veras Farias.
Aos
14 anos de idade transferiu-se para Fortaleza a fim de estudar no Liceu
Cearense. Militante do movimento estudantil, foi diretor do Grêmio José de
Alencar, do Centro Liceal de Educação e Cultura, presidente do Centro
Estudantil Cearense e da União Cearense dos Estudantes Secundários, e
secretário-geral da União Brasileira dos Estudantes Secundários (UBES).
Diplomou-se em administração e marketing pela Escola de Administração do
Ceará em 1967, tendo sido durante o curso presidente do Diretório Acadêmico
Juscelino Kubitschek.
Gerente
de vendas da loja de tecidos Casa Inglesa, vice-presidente da S.A. Roupas do
Nordeste, participou da montagem e, posteriormente, tornou-se executivo da
Saronord, empresa cearense na área de confecção. Após deixar a Saronord,
ingressou na Confecções Guararapes S.A, onde atuou como vice-presidente. No
início dos anos 1970 montou sua própria indústria, a Confex S.A., sediada em Fortaleza. De 1976 a 1977 presidiu o Centro Industrial do Ceará (CIC).
Entre
1984 e 1985 fundou e presidiu o primeiro comitê suprapartidário Pró-Tancredo
Neves. Assessor especial do governo do estado em 1987, nomeado pelo governador
Tasso Jereissati (1987-1991), e vice-presidente da Federação das Indústrias do
Estado do Ceará de 1987 a 1988, no pleito de outubro de 1990 elegeu-se senador
pela legenda do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) com 35,46% dos
votos, derrotando Antônio Pais de Andrade, candidato do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), votado por 26% dos eleitores.
Entre
1991 e 1992 atuou como suplente da mesa diretora e titular das comissões de
Assuntos Sociais, de Economia e de Constituição, Justiça e Cidadania, tendo
sido relator da comissão mista para a modernização do Departamento Nacional de
Obras contra a Seca (DNOCS) e suplente da comissão mista de Planos, Orçamentos
Públicos e Fiscalização. No mesmo período exerceu a presidência regional do
PSDB.
Na
sessão de 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do
processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado
de crime de responsabilidade por ligações com um esquema de corrupção liderado
pelo ex-tesoureiro de sua campanha presidencial Paulo César Farias, o PC.
Afastado da presidência logo após a votação na Câmara, Collor renunciou ao
mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão do processo pelo
Senado Federal. Mas a mesa dessa casa do Congresso não considerou tal renúncia
e, nessa mesma data, com voto favorável do senador Beni Veras, o plenário
aprovou o afastamento definitivo do presidente Fernando Collor que, por
extensão, ficou inelegível por oito anos. Com esse resultado, o vice Itamar
Franco foi efetivado na presidência da República, já que vinha exercendo o
cargo interinamente desde o dia 2 de outubro.
De
1992 a 1993 foi relator da comissão mista que estudou o desequilíbrio
regional, titular da Comissão de Economia e presidente da Comissão de Assuntos
Sociais. Em julho de 1993 relatou o projeto de lei de autoria do deputado Paulo
Paim, do Partido dos Trabalhadores (PT), que previa reajustes salariais mensais
conforme o índice de inflação para quem ganhava até 20 salários mínimos.
Aprovada pela Câmara, a proposta desagradara a equipe econômica do presidente
Itamar Franco, chefiada pelo ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso,
defensora de um aumento que não ultrapassasse 40% da inflação média dos últimos
quatro meses. Veras tentou primeiro alcançar o consenso através de um
substitutivo que consignava o reajuste de 60% da inflação para quem ganhasse
até seis salários mínimos, mas, quando a Câmara o rejeitou, redigiu o texto da
medida provisória que consagrou a política governamental.
Em
novembro de 1993 defendeu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que
investigava irregularidades na elaboração do Orçamento. Atendendo a convite do
presidente Itamar Franco, licenciou-se em dezembro para assumir a pasta da
Indústria e Comércio, em substituição a José Eduardo Andrade Vieira, mas em
março de 1994 acabou tomando posse no Ministério do Planejamento. Sua vaga foi ocupada
por José Reginaldo Duarte.
Deixou
a pasta em 31 de dezembro de 1994, ao final do governo de Itamar Franco,
transferindo-a a José Serra no dia seguinte, quando teve início o primeiro
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1999). Reassumindo a cadeira no Senado,
presidiu a Comissão de Assuntos Sociais, além de integrar a Comissão de
Assuntos Econômicos. Nas votações das emendas constitucionais propostas pelo
Executivo federal em 1995 votou pela mudança do conceito de empresa nacional e
a favor da quebra do monopólio estatal nos setores de telecomunicações,
exploração de petróleo, distribuição de gás canalizado e navegação de
cabotagem.
Em
1998 apoiou a emenda que previa a reeleição de presidente da República,
governadores e prefeitos, e as propostas relativas à reforma administrativa. No
pleito de outubro desse ano elegeu-se vice-governador do Ceará na chapa
encabeçada por Tasso Jereissatti, que disputava a reeleição. Empossado em 1º de
janeiro de 1999, deixou a vaga no Senado mais uma vez para José Reginaldo
Duarte e tomou posse como vice-governador cearense.
Em
abril de 2002 tornou-se governador do estado, em virtude da renúncia de
Jereissati, que se afastou do cargo para concorrer às eleições ao Senado
Federal. Nesse mesmo mês precisou ser operado às pressas, para a retirada de
um tumor na próstata. Em setembro, numa entrevista ao jornal Diário do
Nordeste, apontou a agricultura irrigada como o tema principal de sua
gestão, justificando que a produção agrícola cearense se mostrava limitada
pelos problemas climáticos. Segundo o político, outra “prioridade básica” de
seu mandato era o investimento na educação.
Em
janeiro de 2003 transmitiu o governo do Ceará para Lúcio Alcântara, eleito em
outubro de 2002. Nessa ocasião, ressaltando ter continuado a política
empreendida por Tasso Jereissati, divulgou dados sobre o avanço do Ceará no
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) e
afirmou que as bases de desenvolvimento do estado haviam sido firmemente
lançadas, a partir de projetos estruturantes e de políticas de infraestrutura
política e cultural.
Após
o término de seu mandato frente ao governo estadual, não mais assumiu cargo
eletivo. Durante palestra realizada em julho de 2009, o ex-presidente da
República Fernando Henrique Cardoso destacou a importância do trabalho de Beni
Veras para a realização de mudanças empreendidas pela presidência do país no
decorrer de sua gestão.
Em
setembro de 2009 o ex-senador e ex-governador cearense encontrava-se afastado
da política por questões de saúde. Mesmo distante da vida pública, porém, continuava
sendo um dos líderes mais consultados pelos tucanos, segundo informações
publicadas pela imprensa cearense.
Ao
longo de sua trajetória profissional, Beni Veras também obteve um diploma em
problemas de desenvolvimento econômico, pela Universidade de Harvard. Além
disso, atuou como diretor da Associação das Indústrias de Confecções do Ceará
e do Instituto Euvaldo Lodi.
Publicou
Em defesa do desenvolvimento sustentável da Amazônia (1991), Ceará
resiste a intimidações (1991), Boa gestão dá voto (1991), Em
defesa da empresa pública (1992), Sudene — Um novo papel, Previdência:
desequilíbrio ou reforma (1998), Projeto São Francisco: a integração das
águas do semi-árido (1998) e Atuação parlamentar (1999).
Casou-se
com Vanda de Sousa Alcântara, com quem teve três filhos.
Eduardo
Junqueira
Luciana
Pinheiro (atualização)
FONTES:
Portal do Jornal Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/;
acessado em 19/9/09); Portal da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (http://www.sfiec.org.br/;
acessado em 19/9/09); Portal do governo do estado do Ceará (http://www.ceara.gov.br/;
acessado em 19/2/09); Portal do jornal O Povo (http://opovo.com.br/;
acessado em 19/9/09); Portal do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (http://www.tre-ce.gov.br/;
acessado em 19/9/09).
FONTES: CURRIC. BIOG.; Estado de S. Paulo
(1, 4 e 8/7, 5 e 9/8/93); Folha de S. Paulo (2/7 e 8/8/93, 19/4 e
23/7/96); Globo (5/8 e 3/12/93); Jornal do Brasil (5 e 7/7 e
21/11/93); Olho no Congresso/Folha de S. Paulo (14/1/96 e 30/1/97); Olho
no voto/Folha de S. Paulo (29/9/98); Perfil parlamentar/IstoÉ;
SENADO. Senadores (1991-1995).