RAMOS,
Guerreiro
*dep. fed. GB 1963-1964.
Alberto Guerreiro Ramos
nasceu em Santo Amaro (BA) no dia 13 de setembro de 1915, filho de Vítor
Juvenal Ramos e de Romana Guerreiro Ramos.
Cursou o primário e o secundário no Ginásio do Estado, em
Salvador. Em 1942 diplomou-se em ciências pela Faculdade Nacional de Filosofia
do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal, bacharelando-se um ano depois
pela Faculdade de Direito da mesma cidade.
Assessorou o presidente Getúlio Vargas durante seu segundo
governo (1951-1954), atuando em seguida como diretor do departamento de
sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), instituição
cultural criada em julho de 1955 como órgão do Ministério de Educação e
Cultura, durante o governo do presidente João Café Filho (1954-1955). Gozando
de autonomia administrativa e de plena liberdade de pesquisa, de opinião e de
cátedra, o ISEB destinava-se ao estudo, ao ensino e à divulgação das ciências
sociais, cujos dados e categorias seriam aplicados à análise e à compreensão
crítica da realidade brasileira e à elaboração de instrumental teórico que
permitisse o incentivo e a promoção do desenvolvimento nacional. Constituiu um
dos núcleos mais importantes de elaboração da ideologia
“nacional-desenvolvimentista” que impregnou todo o sistema político brasileiro
no período compreendido entre a morte de Vargas, em 1954, e a queda de João
Goulart, em 1964. Essa ideologia foi formulada principalmente por Guerreiro
Ramos, Hélio Jaguaribe, Cândido Mendes de Almeida, Álvaro Vieira Pinto, Roland
Corbisier e Nélson Werneck Sodré.
Ingressou
na política partidária em 1960, quando se filiou ao Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB), a cujo diretório nacional pertenceu. No pleito de outubro de
1962 candidatou-se a deputado federal pelo então estado da Guanabara, na
legenda da Aliança Socialista Trabalhista, formada pelo PTB e o Partido
Socialista Brasileiro (PSB), obtendo apenas a segunda suplência. Em 1963
publicou Mito e verdade da revolução brasileira, onde transcreveu seu manifesto
ao PTB da Guanabara instando a que o partido renunciasse “à ideologia
marxista-leninista”. Ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de agosto desse
ano a abril de 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pelo Ato
Institucional nº 1 (9/4/1964).
Segundo
o Correio Brasiliense, em edição de outubro desse ano, Guerreiro Ramos foi
partidário do intervencionismo econômico, do monopólio estatal do petróleo, da
nacionalização da indústria farmacêutica e dos depósitos bancários,
considerando necessária a reforma constitucional a fim de que, com o pagamento
das desapropriações em títulos da dívida pública, se pudesse promover a reforma
agrária, inicialmente cooperativista, mas sem considerar necessária qualquer
experiência coletivista. Defendeu também as reformas eleitoral — voto para os
analfabetos e soldados e elegibilidade de todos os eleitores —, bancária e
administrativa.
Jornalista, colaborou em O Imparcial, da Bahia, O Diário, de
Belo Horizonte, e Última Hora, O Jornal e Diário de Notícias, do Rio de
Janeiro.
Secretário
do Grupo Executivo de Amparo à Pequena e Média Indústrias do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE), foi ainda assessor da Secretaria de Educação
da Bahia, técnico de administração do Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP) e professor da Escola Brasileira de Administração Pública
(EBAP), da FGV, assim como do Departamento Nacional da Criança e dos cursos de
sociologia e problemas econômicos e sociais do Brasil, promovidos pelo DASP.
Atuou também como delegado do Brasil junto à Organização das Nações Unidas
(ONU), pronunciou conferências na Universidade de Paris e fez viagens de
estudos a diversos países.
Guerreiro
Ramos deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a
lecionar na Universidade do Sul da Califórnia.
Faleceu em Los Angeles, Califórnia, nos EUA, no dia 7 de
abril de 1982.
Foi casado com Clélia Guerreiro Ramos, com quem teve dois
filhos.
Publicou
Sociologia industrial (1951), Cartilha brasileira do aprendiz de sociologia
(1955), Introdução crítica à sociologia brasileira (1957), Condições sociais do
poder nacional (1957), O problema nacional do Brasil (1960), A crise do poder
no Brasil (1961), Mito e realidade da revolução brasileira (1963), A redução
sociológica (1964), A nova ciência das organizações (1981) e Administração e
estratégias do desenvolvimento.
FONTES: ARQ. DEP.
PESQ. JORNAL DO BRASIL; BENEVIDES, M. Governo Kubitschek; CÂM. DEP. Anais; CÂM.
DEP. Deputados; Câm. Dep. seus componentes; CAMPOS, Q. Fichário; Grande encic.
Delta; NÉRI, S. 16; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6).