VALENÇA,
Alfeu
*pres.
Petrobrás 1991.
Alfeu
de Melo Valença nasceu em Garanhuns (PE) no dia 7 de maio
de 1944, filho de Alfeu Valença e Maria Giselda de Melo Valença. É primo do
cantor e compositor Alceu Valença.
Fez
os cursos primário e ginasial em sua cidade natal, transferindo-se em seguida
para Recife, onde realizou o segundo grau no Colégio Salesiano, entre 1960 e
1961. Em 1963 ingressou na Escola de Engenharia da Universidade Federal de
Pernambuco, diplomando-se engenheiro de minas no ano de 1967. Ao longo de seus
estudos, realizou estágios na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), em junho de 1966; na empresa Estanífera do Brasil, no Amapá, em
janeiro de 1967; e no Departamento Nacional de Produtos Minerais (DNPM), de
julho a dezembro do mesmo ano.
Em
janeiro de 1968 foi admitido, através de concurso público, na Petrobrás,
atuando como engenheiro de completação, restauração e estimulação de poços nas
áreas de Sergipe e Alagoas. Durante o ano de 1975, foi membro da Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Região de Produção do Nordeste (Rpne),
assumindo dois anos depois a superintendência do distrito de produção do
sudeste (Disud) do Departamento de Exploração e Produção, onde permaneceu até
janeiro de 1982. Ainda neste período, entre 1980 e 1981, participou como
coordenador da Comissão de coordenação regional do sudeste para as atividades
de exploração, produção e perfuração. Ocupou a superintendência da região de
produção do Sudeste (Rpse), entre janeiro de 1982 e junho de 1986, em seguida,
a do Departamento de Produção (Depro), de 1986 a janeiro de 1990.
Neste
último ano, de janeiro a abril, tornou-se diretor de engenharia da
estatal além de conselheiro da Petrobrás e da subsidiária Petrobrás Química S/A
(Petroquisa) e presidente da Petromisa. Na gestão de Luís Otávio da Mota Veiga,
exerceu a função de assessor especial da presidência durante setembro e outubro
de 1990. Neste último mês, foi nomeado pelo novo presidente, Eduardo
Teixeira, para a diretoria de Engenharia da empresa, permanecendo no cargo até
abril do ano seguinte. Nesta ocasião, recebeu o convite de Eduardo Teixeira,
que passara a ocupar a pasta da Infra-Estrutura, para substituí-lo na
presidência da estatal.
Empossado
em abril de 1991, foi o terceiro presidente da empresa durante o governo
Fernando Collor, sendo bem relacionado com o corpo técnico, embora com pouca
expressão política. Na solenidade de posse, comprometeu-se a dar continuidade
às metas estabelecidas na administração de seu antecessor, ou seja, a
formalização do programa de competitividade e qualidade da empresa; prioridade
a projetos para aumentar a produção interna com uma previsão de um milhão e
meio de barris diários em 1999, na busca da auto-suficiência; e a assinatura do
“contrato de gestão” com o Ministério da Infra-Estrutura. Ao considerar a
estrutura da companhia obsoleta, defendeu a realização da reforma
administrativa sem necessidade de demissões, já que teria o número ideal de
funcionários. Quanto aos problemas advindos da greve dos petroleiros, que se
estendia por mais de 20 dias, reinvindicando aumento salarial, propôs um
“diálogo aberto e franco com os funcionários”. Foi receptivo, também, à
conversação para resolver as questões relativas às dívidas das estatais do
setor elétrico para com a Petrobrás; e anunciou o projeto de incrementar a
produção e aproveitamento do gás natural para fins industriais e automotivos,
aumentando sua participação na matriz energética.
Em
junho, indispôs-se com um grupo de deputados ligados aos interesses de
usineiros, ao defender a transferência das operações com álcool carburante da
Petrobrás para as distribuidoras de combustíveis e usinas produtoras, sob
supervisão do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC). Alegou como motivo
para isto, os prejuízos de milhões de dólares que o Programa do Álcool
(Proálcool) vinha causando à empresa, desde 1984.
Em agosto de 1991, pediu
demissão do cargo por discordar do reajuste salarial dos petroleiros, proposto
pelo ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira com o apoio do presidente
Fernando Collor, que ficou em torno dos 35%. Ao ser contrariado por apresentar
um reajuste bem maior, por volta dos 117%, considerou insustentável a defasagem
salarial na empresa e a situação embaraçosa que teria que lidar diante da greve
planejada pelos funcionários.
Durante sua gestão,
acumulou com o cargo da presidência o de presidente da Petrobrás Internacional
S/A (Braspetro), além de ter presidido os conselhos de administração das
subsisdiárias da estatal, tais como o da BR, Braspetro, Petrobrás Fertilizantes
S/A (Petrofértil) e da Petroquisa. Foi substituído por Ernesto Teixeira Weber
na presidência da estatal, tornando-se seu consultor a partir de 23 de agosto
de 1991. Nesse mesmo ano, criou a empresa Compet Consultoria e Engenharia de
Petróleo Ltda., especializada na representação de equipamentos para a indústria
de petróleo, onde desde então passou a trabalhar.
Casou-se
com Lucélia Calado Valença, com quem teve dois filhos.
Pronunciou
palestras e publicou vários artigos no Brasil e no exterior, destacando-se Tomada
de decisões: um enfoque operacional (1988) e Verdes sim, mas não tanto!
(1990) na revista Petro & Gas; The Technology of Brazilian
Offshore Operations, no Seminário Brazil et Volsend Offshore Market em Oslo,
Noruega (1987).
Verônica Veloso
FONTES:
CURRIC. BIOG.; Estado de São Paulo (26/6/91); Folha de São Paulo (22/8/91);
Globo (29 e 30/3; 2/4 e 22 e 23/8/91); INF. BIOG.; Jornal do Brasil
(29/3; ¾ e 23/8/91).