NOLASCO,
Ângelo
*militar; min. Mar. 1961-1962.
Ângelo Nolasco de Almeida
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 13 de dezembro de
1905, filho de Teófilo Nolasco de Almeida, oficial de Marinha e engenheiro
civil, e de Zulmira Mascarenhas de Almeida.
Após cursar o Ateneu Bôscoli e a Escola de Humanidades,
sentou praça em março de 1923 ingressando na Escola Naval, da qual saiu
guarda-marinha em janeiro de 1927. Em março e abril serviu no cruzador Bahia
e em setembro foi promovido a segundo-tenente, embarcando no mês seguinte
no encouraçado Minas Gerais. Em outubro de 1929 foi promovido a
primeiro-tenente e designado para o contratorpedeiro Pará, no
qual permaneceu até fevereiro de 1930.
Após
a Revolução de 1930, que conduziu Getúlio Vargas ao poder, serviu nos
contratorpedeiros Pará e Paraíba, de fevereiro a março de
1931, e no cruzador Rio Grande do Sul, de março a abril
seguintes. Neste último mês foi designado para o encouraçado São Paulo,
no qual ficou até dezembro, quando foi nomeado ajudante-de-ordens do
diretor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Em 1932 participou das operações
navais de repressão à Revolução Constitucionalista, movimento armado de
oposição ao governo Vargas, deflagrado em São Paulo em julho e sufocado no início de outubro pelas forças legalistas.
Promovido
a capitão-tenente em novembro de 1932, ainda nesse mês deixou o Arsenal de
Marinha, voltando a servir no cruzador Rio Grande do Sul, de janeiro de 1933 a maio de 1934, e no encouraçado São Paulo, entre julho e setembro deste último ano. Em
março de 1937 foi designado chefe de máquinas do contratorpedeiro Piauí,
no qual exerceu também as funções de imediato, de abril a junho de 1938. De
janeiro de 1939 a fevereiro de 1943 foi ajudante-de-ordens do presidente
Getúlio Vargas e depois subchefe interino do Gabinete Militar da Presidência da
República, tendo passado a capitão-de-corveta no exercício deste último cargo.
Em março de 1943 foi nomeado adido naval junto às embaixadas
do Brasil na Argentina e no Uruguai, função que desempenhou por pouco mais de
um ano. De volta ao Brasil, foi designado em junho imediato do navio tênder Belmonte,
no qual serviu até março de 1946. Do mês seguinte a janeiro de 1947
comandou o contratorpedeiro Beberibe, tendo ocupado
simultaneamente, de setembro a outubro de 1946, o comando interino da 2ª
Flotilha de Contratorpedeiros. Em março de 1947 tornou-se secretário da chefia
do Departamento Administrativo da Escola de Guerra Naval, em dezembro do mesmo
ano foi promovido a capitão-de-fragata e, de maio a junho de 1948, ocupou a
chefia daquele departamento.
De
janeiro de 1949 a abril de 1951, foi chefe da Divisão Militar do Arsenal
de Marinha do Rio de Janeiro. Nesse período, ainda em fevereiro de 1951, foi
designado subchefe do gabinete do ministro da Marinha, almirante Renato
Guillobel, cargo que ocupou até maio de 1952, quando passou a chefe de
gabinete. Em março de 1953 foi promovido a capitão-de-mar-e-guerra e em junho
de 1954 deixou suas funções para servir como adido naval da embaixada do Brasil
na Espanha. Em novembro de 1955 retornou ao Rio de Janeiro e foi nomeado chefe
do estado-maior do I Distrito Naval (DN), sediado no Rio de Janeiro, onde
permaneceu até abril de 1956. Em maio seguinte foi nomeado capitão-dos-portos
do estado de São Paulo, cargo que deixou em agosto de 1957, um mês antes de
assumir o comando do navio-transporte Barroso Pereira.
Em
janeiro de 1959 foi promovido a contra-almirante e designado subchefe para
informações e operações do Estado-Maior da Armada (EMA). Posteriormente, ocupou
a presidência da Comissão de Marinha Mercante, retornando em abril de 1961 às
suas funções no EMA, que exercia no dia 25 de agosto, quando o presidente Jânio
Quadros renunciou.
Aprovada a Emenda Constitucional nº 4 e empossado João
Goulart na presidência da República no dia 7 de setembro de 1961, ainda nesse
mês Ângelo Nolasco foi nomeado ministro da Marinha do primeiro gabinete
parlamentarista, chefiado por Tancredo Neves. Em abril de 1962, no exercício do
cargo, foi promovido a vice-almirante, tendo permanecido no ministério até 26
de junho seguinte, quando todo o gabinete renunciou em virtude da radicalização
da crise política no país.
Após
sair do Ministério da Marinha, onde foi substituído pelo almirante da reserva
Heitor Doyle Maia, Ângelo Nolasco integrou o Conselho do Almirantado, como
membro conselheiro, e foi nomeado delegado da Marinha na Junta Interamericana
de Defesa, em Washington, e assessor do embaixador brasileiro junto à
Organização dos Estados Americanos (OEA), Ilmar Pena Marinho. Em dezembro de
1965, já após o movimento político-militar de 1964 e durante o governo do
marechal Humberto Castelo Branco, ao ser preterido na promoção a almirante,
pediu transferência para a reserva, sendo promovido, concomitantemente, a
almirante-de-esquadra e a almirante.
Em 1986, concedeu entrevista ao setor de história oral do
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc)
da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.
Durante sua carreira militar, fez ainda os cursos de
especialização em máquinas para oficiais, preliminar de comando e superior da
Escola de Guerra Naval.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 8 de julho de 1996.
Era casado com Neusa Saya Nolasco de Almeida. Não teve
filhos.
FONTES: CORRESP.
SERV. DOC. GER. MAR.; CURRIC. BIOG.; Encic. Mirador; ENTREV.
BIOG.; Grande encic. Delta; MIN. MAR. Almanaque (1965);
PEIXOTO, A. Getúlio; SERV. DOC. GER. MARINHA.