NAVARRO,
Antenor
*interv. PB 1930-1932.
Antenor de França Navarro
nasceu na cidade da Paraíba, hoje João Pessoa, no dia 31 de agosto de 1899,
filho de Francisco Xavier Navarro e de Maria Espínola de França Navarro. Seu
pai, oriundo de uma família economicamente decadente de Mamanguape, no interior
do estado, era pequeno comerciante na capital.
Enquanto concluía o curso preparatório no Colégio Pio
Americano da Paraíba, Antenor esteve ligado a um grupo de jovens intelectuais
paraibanos, colaborando nos jornais A União e O Combate e na revista Era
Nova.
Em 1919 formou-se engenheiro geógrafo no Rio de Janeiro, para
onde se transferira com o objetivo de cursar a Escola Politécnica. Uma vez
diplomado mudou-se para São Paulo, passando a trabalhar na Prefeitura Municipal
da capital e na Companhia Construtora de Santos, dirigida na época por Roberto
Simonsen. De volta ao Rio de Janeiro, continuou a trabalhar nessa empresa até
fundar a firma de engenharia Vidal, Navarro & Alcanforado, que se empenhou
na urbanização do bairro de Brás de Pina. Graças a isso, existe atualmente
nesse bairro carioca uma avenida com seu nome.
Paralelamente,
retornou à atividade jornalística, escrevendo para O Imparcial, do Rio de
Janeiro, artigos sobre a situação política e social do país. Em um desses
artigos lançou a candidatura de João Pessoa à presidência da Paraíba. Epitácio
Pessoa, tio do candidato, teve sua atenção atraída pelo artigo e encorajou
Antenor Navarro a escrever outros sobre o mesmo tema. Com a eleição de João
Pessoa para a presidência do estado em 1928, foi nomeado diretor da Repartição
de Águas e Saneamento, e retornou à Paraíba, onde ligou-se politicamente a José
Américo de Almeida, então secretário do Interior e Justiça do estado.
No
início de 1930, a cidade de Princesa, no interior paraibano, foi ocupada por
homens armados sob o comando de José Pereira, inimigo político de João Pessoa
apoiado veladamente pelo governo federal. Com o aguçamento da crise, Antenor
Navarro, seguindo a orientação de José Américo, envolveu-se ativamente na
organização da defesa do governo paraibano. Várias vezes emissário de João
Pessoa aos governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, costumava
desempenhar missões secretas. Numa delas, na noite de 16 de abril de 1930,
devia conduzir de Recife para João Pessoa um automóvel carregado de munições. A
pedido de José Américo, transportou na mesma viagem o capitão Juarez Távora,
que chegava clandestinamente à capital paraibana para articular com os tenentes
Agildo Barata, Juraci Magalhães e Jurandir de Bizarria Mamede a preparação do
levante militar no estado.
Durante
a permanência de Juarez em João Pessoa, de abril a outubro de 1930, Antenor
Navarro manteve com ele contatos freqüentes, mantendo-o durante um longo
período escondido na casa de Mirocem Navarro, seu irmão, onde Juarez recebia
apenas os tenentes revolucionários e dois ou três civis de sua confiança. Os
dois irmãos passaram assim a figurar entre os poucos civis, nas palavras de
Juarez “rapazes das melhores famílias de João Pessoa”, que tinham conhecimento
da conspiração dos tenentes na Paraíba. Vestidos com uniformes de tenente,
participaram ambos do ataque ao 22º Batalhão de Caçadores na madrugada do dia 4
de outubro de 1930, sob o comando de Agildo Barata. Antenor liderava o grupo de
combatentes civis. Com a vitória do movimento, foi nomeado secretário-geral do
estado, no governo de José Américo, e seu irmão tornou-se secretário particular
de Juarez Távora, acompanhando-o em sua viagem para o Sul.
No
dia 9 de novembro do mesmo ano, Juarez retornou à Paraíba para convidar José
Américo a assumir a pasta da Viação e Obras Públicas, que ele próprio, Juarez,
recusara. José Américo, após hesitar, aceitou e apontou Antenor Navarro para
substituí-lo na interventoria, nomeando-o naquele mesmo dia. Politicamente, a
escolha de Antenor Navarro representava para José Américo a garantia de manter
intacto seu controle sobre o estado, apesar de sua transferência para a capital
federal. A administração de Antenor Navarro foi empreendedora. Concluiu
diversas obras iniciadas por João Pessoa, principalmente o porto de Cabedelo,
instituiu a gratuidade do ensino secundário no ginásio do estado e construiu
mais de 20 grupos escolares, criou o serviço de Higiene Infantil, a Estação de
Sericicultura e diversos bancos cooperativistas que estimularam a economia
estadual. Preocupou-se ainda em estender benefícios a cidades do sertão
paraibano por meio de obras públicas e iniciativas de cunho social.
Em princípios de 1932 uma grande seca assolou o Nordeste,
fazendo com que José Américo, ainda ministro da Viação e Obras Públicas, se
deslocasse para a região a fim de verificar pessoalmente a extensão dos danos.
Antenor Navarro assessorou-o nessa viagem e regressou com ele ao Rio de
Janeiro. No dia 26 de abril de 1932, durante a viagem de volta, o hidravião que
os transportava caiu na baía de Todos os Santos (BA), causando a morte de
Antenor Navarro, do telegrafista Brás Santos e de Artur Fragoso Lima Santos,
diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), além
de graves ferimentos em José Américo.
Antenor
Navarro foi sepultado em João Pessoa no dia 29 de abril de 1932, e a
interventoria passou a ser ocupada por Gratuliano da Silva Brito, primo e
também aliado de José Américo.
FONTES: ARQ.
GETÚLIO VARGAS; CARNEIRO, G. História; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Grande encic.
Delta; Jornal do Brasil (27/4/32); Jornal do Comércio, Rio (27/4/32); NÓBREGA,
A. Chefes; PEIXOTO, A. Getúlio; PINTO, L. Fundamentos.